Como gerar valor para o negócio e para a sociedade por meio do investimento social privado? Esta foi a pergunta que guiou o evento do dia 13 de novembro, em São Paulo. Realizado pelo GIFE, Gerdau e GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), o encontro apresentou os resultados da Aliança Gerdau-GIZ que, ao longo de três anos, buscou integrar o setor informal na cadeia de valor do aço no Brasil, Chile, Peru e Uruguai, usando para tanto o modelo de valor compartilhado*. As ações foram fomentadas pelo Instituto Gerdau e a execução se deu por meio de organizações intermediárias como ONGs e entidades governamentais.

O investimento social privado e a responsabilidade social sempre caminharam em paralelo, tendo sua origem e conceitos próximos. Atualmente, estas linhas de atuação estão cada vez mais interligadas, com um repensar do investimento social, e o aprofundamento da responsabilidade social empresarial. Buscando explorar e problematizar esta relação, o evento trouxe uma situação concreta em que o instituto trabalhou com as áreas de negócio da empresa, especialmente as áreas comerciais, fortalecendo seus fornecedores e a comunidade.

Por meio da aliança estabelecida com a GIZ, a Gerdau desenvolveu ações de capacitação em gestão e desenvolvimento técnico e formalização de empreendimentos de fornecedores de sucata baseada em aço, como parte da cadeia de valor da Gerdau. A execução foi feita em conjunto: as áreas de negócio da empresa e o Instituto Gerdau – em parceira com a GIZ – trabalharam juntos na capacitação dos atores do setor informal, no fortalecimento das organizações intermediárias e na criação de uma rede regional, bem como no desenvolvimento e na implementação de um sistema de monitoramento para toda cadeia de valor e também na alavancagem das políticas relevantes dos países participantes a nível local e nacional.

Cláudio Boechat, da Fundação Dom Cabral, refletiu sobre a experiência apresentada a partir do conceito de inclusão pelos mercados, uma visão modelar que envolve as dimensões de mercado, política, cadeia de valor e valor compartilhado. O grande desafio colocado é o de alcançar inclusão social com rebaixamento da pegada ecológica.

Um dos caminhos propostos por Boechat, nesse sentido, foi a governança social integrada. Em um trabalho que envolve atores distintos, como governo, empresa privada e sociedade civil organizada, relações de naturezas diferentes podem ser estabelecidas, tais como monitoramento, controle e influência. As relações são mais bem estabelecidas quando cada um destes atores sabe qual o seu papel no desenvolver do projeto.

A Gerdau considerou os resultados alcançados como promissores para uma mudança de cultura de gestão, gerando mais inclusão econômica e social. Parte dos bons resultados poderia ser atribuída à parceria bem estabelecida.

*Creating Shared Value – de autoria de Michael E. Porter e Mark R. Kramer.