Aliança pela Água lança campanha para mobilizar sociedade sobre a crise hídrica

Por: GIFE| Notícias| 11/09/2015

Diversas cidades da Região Sudeste estão passando por uma grave crise hídrica, uma situação complexa e de grandes proporções que exige ações urgentes. Com a proposta de chamar a atenção da sociedade para o problema e mobilizar esforços a fim de enfrentá-lo, a Aliança pela Água – coalização que reúne mais de 60 entidades entre ONGs, especialistas e movimentos sociais, entre elas o GIFE – acaba de lançar a Campanha “#TáFaltandoÁgua”, em São Paulo.

Marussia Whately, coordenadora da Aliança pela Água, destaca que a campanha faz parte dos esforços da rede em colaborar com o enfrentamento da crise, por meio da divulgação de informações, proposições de alternativas para lidar com o problema, articulações de organizações e prestação de serviço à população para saber como lidar com a falta de água.

“A crise de estiagem é resultado da combinação de quatro fatores: sérios problemas de gestão da água; auto grau de devastação das áreas com fontes e nascentes; evento climático extremo, com déficit de chuva há cinco anos; e falta de transparência e controle social para o problema. Por isso, desde a sua criação em outubro de 2014, a Aliança tem trabalhado tanto no sentido de diagnosticar os fatores da crise quanto na proposição de ações”, explica.

Desta forma, para dar luz ao problema, a primeira iniciativa da campanha é colocar à disposição da população o aplicativo “Tá Faltando Água”, uma rede social de mobilização e conscientização que vai mapear a falta de água na região metropolitana de São Paulo.

Usando os sistemas de geolocalização do próprio celular ou o CEP do imóvel atingido, o aplicativo permite que às pessoas registrem a falta d’agua em sua casa, no trabalho, na escola etc. Assim como no aplicativo de trânsito “Waze”, será possível ver a incidência de falta d’agua em tempo real em toda a cidade, com avatares dos usuários indicando a localização.

O aplicativo está disponível em duas versões. Na internet, ele foi desenvolvido pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pode ser acessado pelo site Sala de Crise. Há também uma versão para celulares com sistema operacional Android e iOS, desenvolvido por voluntários da empresa Autbank. Para isso, basta procurar no Google Play “sala de crise”. A versão para IOS estará disponível em breve.

Marussia destaca que, mais do que apenas chamar atenção para o tamanho da crise dentro da casa das pessoas, o aplicativo permite que as pessoas percebam a dimensão da falta d’agua em seus bairros e possam se conscientizar e se mobilizar em torno de soluções conjuntas.

Além disso, a ideia é que, por meio dos dados do aplicativo, a Aliança possa mapear as áreas da região metropolitana de São Paulo que mais estão sofrendo com falta d’agua e, por meio dessa ferramenta, estabeleça ações de mitigação dos problemas nas comunidades mais atingidas.

Todos os resultados desse grande mapa serão sistematizados e divulgados periodicamente no site Sala de Crise em formato de relatório e base de dados aberta para análises independentes.

“As informações geradas serão importantes para que as autoridades possam tomar decisões. Queremos dar visibilidade ao problema e também criar um canal de diálogo com as autoridades para que possam avançar em medidas e minimizar os impactos sobre as populações”, destaca a coordenadora.

Além de divulgar o aplicativo, todas as entidades que fazem parte da Aliança e estão participando da campanha irão mobilizar suas redes para realizar ações para o enfrentamento da crise. Entre as propostas está a organização de atividades em escolas, assim como aulas públicas em diferentes regiões sobre o tema. Alguns encontros já foram realizados na zona Leste e Sul da cidade de São Paulo e outros estão programados para os próximos meses.

Materiais

No site Sala de Crise, os internautas podem conferir também outros materiais elaborados pela Aliança pela Água, como o “Manual de Sobrevivência para a Crise”, que reforça o fato de que o acesso à água potável e ao saneamento básico é um direito humano reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A publicação traz uma série de dicas a fim de ajudar as pessoas a atravessar da melhor forma possível situações difíceis que podem ocorrer devido à falta de água nas cidades. A ideia é mostrar a importância da mudança de hábitos: aprender e aplicar novas práticas e sobretudo adotar um estilo de vida realmente sustentável em casa, no emprego, na escola e na comunidade, individual e coletivamente.

No material há orientações, por exemplo, sobre como empregar diferentes tipos de água da forma mais eficiente possível, e até uma fórmula de desinfetante caseiro que, por ser bastante líquido, pode substituir a lavagem com água em algumas situações. O manual traz também algumas orientações de saúde, tendo em vista que talvez o maior risco da crise hídrica seja o de epidemias e piora geral na saúde pública.

Informação

Conheça alguns dados sobre a questão da crise hídrica apresentados no Manual:

  • Nas últimas décadas as cidades cresceram muito e o consumo por pessoa também. Hoje, cada brasileiro consome em média 165 litros de água por dia, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que um volume de 50 a 100 litros por dia é suficiente.
  • Mais de 30% da água distribuída no Brasil é perdida em vazamentos ou desvios, fraudes e irregularidades.
  • A maior parte da água disponível no país se localiza na Região Norte enquanto a maioria da população se concentra na Região Sudeste, onde há reservas hídricas bem mais modestas.
  • O desmatamento avançou e as regiões em volta dos mananciais foram degradadas e invadidas, o que impede que a água penetre no solo para abastecer lençóis freáticos, rios e represas.

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional