Assistencialismo predomina em ação social privada
Por: GIFE| Notícias| 10/06/2002Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que, das 462 mil empresas brasileiras que possuem ações sociais para a comunidade, 54% realizam ou apóiam atividades assistenciais e 41% atendem à população por meio de ajuda alimentar, o que também pode ser caracterizado como assistencialismo.
Os números fazem parte da pesquisa A Iniciativa Privada e o Espírito Público – A Ação Social das Empresas Privadas no Brasil, cujos resultados nacionais foram divulgados na última semana. Os dados por regiões já vinham sendo lançados desde 2000.
No país, 59% das empresas com um ou mais empregados declaram realizar, em caráter voluntário, algum tipo de ação social para a comunidade – desde doações eventuais a pessoas carentes ou a instituições até a promoção de grandes projetos mais estruturados. Além disso, para a maioria das empresas, cerca de dois terços, essa é uma prática habitual.
Conceito – Segundo Anna Maria Peliano, coordenadora-geral da pesquisa, o conceito de ação social usado no levantamento é deliberadamente amplo e engloba as atividades não-obrigatórias realizadas para atender às comunidades em geral, sem levar em conta as contribuições compulsórias, por exemplo. Outro dado relevante é o peso das micro e pequenas empresas na pesquisa, o que pode explicar o alto índice de atividades assistenciais.
“”A padaria da esquina não vai se estruturar para fazer um projeto social. O pequeno empresário atende a demanda imediata, como a creche que liga pedindo doações. Isso não significa que ele não possa, mais tarde, visitar a creche para saber como foi aplicado aquele recurso””, diz Anna Maria.
A coordenadora-geral da pesquisa também apontou o que considera os pecados da ação social das empresas, como a descoordenação, o desconhecimento do problema social e o baixo grau de profissionalização. “”Não basta ficar nesta ação assistencial. É preciso fazer mais, mas também não podemos desmerecer o que já está sendo feito””, afirma Anna Maria.
Para Rebecca Raposo, diretora executiva do GIFE, esse caráter assistencialista está relacionado ao desenvolvimento da ação social feito pela iniciativa privada brasileira. “”Entretanto, as empresas, especialmente as de médio e grande porte, podem também realizar um investimento planejado, monitorado e avaliado. Os dados do Ipea mostram a necessidade de as organizações do terceiro setor fornecerem informações para o planejamento dessas ações.””
Volume – Ainda de acordo com o instituto, as empresas que dizem ter praticado ações sociais investiram, em 2000, aproximadamente R$ 4,7 bilhões – o equivale a 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) daquele ano. Para ter uma idéia da dimensão desse valor, no mesmo ano, foram aplicados pelo Fundo Nacional de Assistência Social, segundo o Ipea, cerca de R$ 2,8 bilhões – 60% do que foi investido pelo setor privado. Esse montante pode crescer, já que 39% das companhias declararam que pretendem ampliar sua atuação social no futuro próximo.
Esses recursos são essencialmente privados visto que apenas 6% das empresas no país recorreram às isenções fiscais, permitidas pela legislação federal do Imposto de Renda, para realizar ações sociais.
Veja a íntegra da pesquisa no site www.ipea.gov.br/asocial.
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