Associados GIFE se unem pela educação

Por: GIFE| Notícias| 08/05/2006

Em agosto de 2004, o Instituto Arcor Brasiluniu-se ao Instituto C&A para criar o fundo Juntos pela Educação, uma de reserva financeira com US$ 1,5 milhão para aplicação em quatro anos. Sob a responsabilidade do Instituto Arcor, o objetivo da iniciativa é promover uma educação de qualidade, em tempo integral, para crianças e adolescentes provenientes de famílias de baixa renda, matriculados em escolas públicas e que vivam em condições de alto risco.

Dessa forma, o fundo apóia com recursos financeiros, humanos e materiais, projetos de educação complementar executados por associações da sociedade civil, escolas públicas e outros ativos da c””Doutora em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, Claudia Costin não tem dúvidas que o problema da educação pública no Brasil é a gestão de seus recursos e projetos. Como secretária de Cultura do Estado de São Paulo, a especialista em políticas públicas viu de perto como a equação orçamento e demanda não chega a um saldo positivo e que se deve pensar também na qualidade do gasto.

Frente à Fundação Victor Civita, como vice-presidente, cargo que assumiu no ano passado, Claudia acredita que o investimento social privado pode ser um diferencial ao empreender ações que complementam as do setor público, principalmente no que se fala em políticas sociais.

Em entrevista ao redeGIFE, ela comenta também os resultados da pesquisa realizada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que calcula um investimento médio anual de R$1700 por aluno dos ensinos fundamental e médio e R$4.140 para cada criança em creche. Segundo dados do Ministério da Educação, esses valores, atualmente, não ultrapassam R$600.

redeGIFE: A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lançou recentemente um estudo apontando que o Brasil deve triplicar o gasto com a educação básica. Como equilibrar a exigência e o orçamento educativo?

Clarudia Costin: O Custo Aluno Qualidade é uma medida de quanto efetivamente é gasto com cada estudante do Ensino Básico e este valor vem crescendo nos últimos anos. Mas há algumas ponderações a serem feitas. Poderíamos gastar mais, como recomenda o estudo, especialmente trazendo mais crianças para a educação infantil, equipando melhor as escolas e melhorando a remuneração de professores, mas é muito importante avaliar a qualidade do gasto feito hoje.

Observe-se que gastamos 4% do PIB em Educação, contra 4,9% dos países da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos). Apesar de gastarmos um pouco menos, deixamos uma fatia bem maior de alunos fora das escolas, e os que estão dentro recebem uma educação pior. Gastamos o mesmo que Argentina e Chile, e mais do que o Japão, em relação ao PIB.

redeGIFE: Mas estamos em pior colocação que a Argentina e o Chile em todos as pesquisas internacionais, como a Unesco divulgou na semana passada.

Costin: O mais importante é pensar em formas de gerenciar melhor este gasto, atraindo e formando melhores professores, especialmente os alfabetizadores, avaliando continuamente a qualidade da educação oferecida para poder corrigir erros antes que se consolidem.

redeGIFE: O problema brasileiro, então, está na má administração dos gastos?

Costin:Com certeza, o problema da Educação Brasileira é um problema de gestão de recursos. Como já disse o gasto público em Educação, em relação ao PIB, não é baixo. Há problemas graves na gestão deste dinheiro, relacionados ao excessivo corporativismo, à pouca ênfase em resultados educacionais e a uma capacitação de diretores e professores apenas incipiente.

A transparência pode ser um caminho importante para propiciar controle social. Se os pais souberem como seu município ou a escola de seus filhos se sai em testes como o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), talvez se constituam em elemento de pressão para melhorar a gestão da educação.

redeGIFE: Qual é o papel do setor privado nesse contexto?

Costin: O investimento social privado pode ser um diferencial ao empreender ações que complementam as do setor público. Fala-se muito de parcerias público-privado para a área de infra-estrutura, mas esquece-se, em geral, que em políticas sociais, elas existem há muito tempo e precisam ser consolidadas.

Há empresas que adotam escolas, apoiando sua gestão e trazendo condições melhores de ensino-aprendizagem. Outras equipam instalações escolares, reconstroem prédios ou apóiam ações comunitárias no entorno das escolas.

redeGIFE: Como a Fundação Victor Civita se insere nessa preocupação?

Costin: A Fundação Victor Civita vem desenvolvendo há 21 anos atividades voltadas a capacitar o professor a ensinar melhor, especialmente por meio da revista Nova Escola, lida mensalmente por 1,5 milhão de professores. Na revista e no sítio na Internet, planos de aula dos mais diferentes temas são disponibilizados e temas relevantes para a prática em sala-de-aula abordados de forma atraente .

Em pesquisa recente com mais de 20.000 professores, 89,7% afirmaram que a Nova Escola tem sido a leitura que mais contribui para sua prática em sala de aula e 88,1 % dão nota de 8 a 10 à utilidade dos conteúdos da revista para sua atuação como educadores.

Claudia Costin é um dos destaques da programação do 4º Congresso GIFE sobre Investimento Social Privado quando debaterá na mesa A Educação como Mecanismo de Transformação Social: O Papel do Investimento Social Privado, na tarde de quinta-feira, 25 de maio. Veja a programação completa do evento.

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