Avaliação de negócios sociais é tema de publicação do ICE e MOVE
Por: GIFE| Notícias| 09/12/2013De autoria de Daniel Brandão e Anna Livia Arida, da MOVE, junto à diretora executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Celia Cruz, a publicação “”Métricas em negócios de impacto social”” aborda as referências de avaliação presentes no emergente campo dos negócios sociais, considerado uma alternativa para o financiamento de soluções de problemas públicos.
Com ênfase na avaliação de impacto, na descrição dos principais desenhos metodológicos e na exploração das ferramentas já existentes, o material – em formato de artigo – também apresenta um conjunto de recomendações para fortalecer a avaliação entre os negócios sociais.
Tendo surgido do debate entre diferentes atores que compõem o emergente ecossistema de finanças sociais e negócios sociais no Brasil, participantes do Grupo de Estudos sobre Métricas de Impacto Social (GEMNS), a publicação foi articulada pelo Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), associado GIFE, em parceria com a MOVE Social, entre 2012 e 2013.
Confira, abaixo, entrevista com Celia Cruz, diretora executiva do ICE:
Em primeiro lugar, qual a importância de se produzir conhecimento acerca dos negócios sociais, nos dias de hoje?
Os negócios sociais surgem como aliados no tema da filantropia, pois os problemas sociais são tão grandes, que não é possível responder a eles apenas com a filantropia ou com o capital público. A possibilidade de se conseguir capital privado passa a ser uma importante estratégia para resolver os problemas do Brasil e do mundo. Mesmo sendo um campo recente que, no país, existe há cerca de cinco anos e, no âmbito global, desde o final da década de 1990, os negócios sociais tem apresentado força e já se afirma a existência de cerca de R$ 500 milhões a ser investidos nessa área. Os negócios sociais nos apresentam uma saída bastante relevante para aqueles que se incomodam com a injustiça social no mundo.
Qual o papel do ICE nesta empreitada?
O ICE, desde julho desse ano, passou a ter como foco as temáticas de finanças sociais e de negócios sociais, propostas que serão mantidas por nós durante os próximos cinco anos. No ICE, executamos o papel de articuladores, entre atores sociais e empresários ou stakeholders do campo de negócios sociais. Além disso, atuamos como disseminadores de conhecimento, além de investirmos em atores estratégicos no campo, a fim de gerar conhecimento para o mesmo.
De que maneira se deu a parceria entre o ICE e a MOVE para a produção do artigo “”Métricas em negócios de impacto social””?
Logo que entramos nesse campo, percebemos que um dos gargalos era compreender melhor o que, de fato, era negócio social, pois, até hoje, ainda não se tem uma noção clara a respeito disso e sequer existiam métricas claras neste campo. Por isso, identificamos a importância de nos articularmos em torno das métricas. Foi assim que trouxemos o Daniel Brandão, da MOVE, pelo fato desta organização ser referência no investimento privado e de ONGs – o que configura, no caso do Daniel, o fato dele ser um ator relevante que nos ajudou a conduzir um grupo de estudos a respeito do tema. Foi assim que organizamos oito encontros com 15 organizações tendo, entre elas, fundações, empresas, aceleradores de crescimento e empresas de investimento de impacto, todas interessadas na construção de melhores definições em torno dos negócios sociais. Neste sentido, realizamos um estudo colaborativo sobre o que seria a avaliação de negócios sociais, a fim de que pudéssemos chegar a indicadores, sob o ponto de vista brasileiro. No entanto, tivemos a preocupação em acompanhar o movimento global e também levar em conta o que já existia em torno do investimento social privado no Brasil.
Quais os principais conteúdos do material que lançam luz à área de negócios sociais no Brasil?
No artigo que produzimos, reforçamos a importância de se fazer avaliação em ações sociais tendo, inclusive, a possibilidade de criar abordagens próprias para cada organização. Para isso, pode-se ter em mente que já existem 20 instrumentos prontos que esperam ao menos servir de inspiração para quem irá avaliar seu negócio social. Acrescentando, a chamada “”teoria de mudança”” ainda é pouco difundida no Brasil, entretanto é fundamental entender qual o impacto social que se quer causar para que se construam indicadores relevantes; é necessário criar métricas para as ações sociais das organizações. Ademais, é interessante salientar que também acreditamos na importante parceria entre empresas e a academia, já que, para investir no campo de negócios sociais, as empresas precisam saber como fazê-lo da melhor forma, tendo indicadores adequados para avaliar o impacto de suas atividades. Ter reflexões fundamentadas em pesquisas acadêmicas a respeito do campo pode ser uma estratégia favorável na tomada de decisões da empresa, inclusive relacionando os investimentos na área social à missão da própria companhia.
Para finalizar, como será feita a disseminação do material daqui em diante?
Atualmente, o ICE está criando uma força tarefa para disseminar recomendações relativas aos entraves da área de finanças sociais e também já firmou parcerias com universidades para disseminar os materiais que vêm sendo produzidos em torno do tema de negócios sociais.
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