Avaliação econômica de programas e políticas para a juventude é debatida em Seminário Internacional

Por: GIFE| Notícias| 01/11/2013

Cerca de 8 milhões de jovens brasileiros estão matriculados no Ensino Médio segundo o Censo Escolar, mas apenas 40% o concluem. Diante desse cenário, organizações se sentem estimuladas a ampliar o repertório sociocultural para gerar oportunidade de emprego e formação para essa população. Mas quais são as metodologias que podem auxiliar no aprimoramento desses programas e de políticas públicas para a juventude? Visando debater as boas práticas, a Fundação Itaú Social realizou na última terça-feira (29) o 10º Seminário Internacional de avaliação econômica de projetos sociais.

Existem avaliações de impacto de programas de qualificação profissional de jovens em vulnerabilidade em alguns países que apresentam resultados interessantes. É o caso do estudo apresentado pelo Orazio Attanasio, da University College London (UCL), sobre um programa de formação profissional para jovens da Colômbia. A partir de um trabalho de avaliação concluiu-se que a iniciativa, que oferecia formação profissional a 80 mil jovens, provocou efeitos positivos em termos de geração de emprego e renda, e relação custo-benefício positiva por jovem atendido. “Se fosse fácil gerar impacto, os problemas nem existiriam mais. Por isso, é muito importante quando se investem recursos na tentativa de solucionar esses problemas, que exista uma verificação e avaliação rigorosa. É importante manter esse foco”, refletiu Attanasio.

O Seminário apresentou também a avaliação de dois programas brasileiros: Programa Jovens Urbanos, da Fundação Itaú Social, e Programa Jovem de Futuro, do Instituto Unibanco. O primeiro busca desenvolver competências e habilidades básicas para a vida pública e pessoal, ampliar o repertório cultural e social, promovendo o acesso dos jovens ao mercado de trabalho. Para a avaliação deste programa, explicou a superintendente da Fundação Itaú Social, Isabel Santana, foram realizadas dois tipos de avaliação: aleatorizada e não aleatorizada, com análises de curto e médio prazo que permitiram que os gestores tivessem uma avaliação geral do programa ao comparar as diferentes metodologias e efeitos.

“Reflexões durante o percurso foram feitas para a reestruturação do projeto. Na terceira edição já estávamos com um projeto melhor desenhado e acompanhado, não só com aquilo que não saiu como planejado, mas conseguimos olhar para aquilo que gerou um impacto positivo e potencializamos, como por exemplo, a parceria com o ensino técnico formal, que está dando muito certo”, explica Isabel.

O Programa Jovem de Futuro teve como metodologia de avaliação de impacto um grupo de controle e um grupo de tratamento durante 3 anos. Segundo o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, o efeito nas escolas com o Programa foi de 12 pontos a mais do que outras escolas em matemática e 10 pontos em português. “O resultado da avaliação de impacto nos permitiu dar escala ao projeto com uma parceria público-privada em mais 5 estados, atuando agora com cerca de 2 milhões de estudantes”, completa Henriques.

Além da experiência do investimento social privado, o Seminário também trouxe a avaliação de dois programas específicos de capacitação para o mercado de trabalho: Programa Jovem Aprendiz, do Governo Federal e a avaliação do Ensino Médio Técnico. Dentre as dificuldades das avaliações apresentadas está a descontinuidade dos jovens nesses programas. “Como o jovem pode não ser um bom contra factual devido à desistência de muitos deles nos programas, deve-se ter um emparelhamento ajustado para os grupos de controle durante a avaliação e utilizar-se de metodologias econométricas e estatísticas”, explicou Naercio Menezes Filho, do Instituto de Pesquisa e Ensino (Insper).

Três desafios estão presentes em todos os projetos apresentados no tema avaliação: se o programa gera resultados; se o custo-benefício é positivo no que se refere à avaliação econômica; e a identificação dos mecanismos pelos quais o programa atua. Reynaldo Fernandes, da Universidade de São Paulo (USP), defende que conhecer os mecanismos e seus impactos é fundamental para a escala de projetos-piloto e para o redesenho de politicas públicas.

“Há dificuldade em tirar o jovem que está em uma situação de informalidade e de desemprego e por isso projetos de juventude demandam uma articulação em rede entre Estado, sociedade, comunidade e empresas em favor da formação social, pessoal e produtiva do jovem. Só a avaliação de impacto isolada feita no final do projeto não traz elementos necessários para o seu uso. É preciso pensar na avaliação desde o inicio a fim de executar modificações, se necessário, e alcançar os objetivos propostos”, conclui Isabel.

Confira aqui todas as apresentações do 10º Seminário Internacional de avaliação econômica de projetos sociais.

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