Ayrton Senna articula proposta de política pública para a juventude

Por: GIFE| Notícias| 01/07/2002

Articulado pelo Instituto Ayrton Senna (IAS), com o apoio do GIFE, o documento Por uma política de juventude para o Brasil quer apresentar para os candidatos à Presidência da República um leque comum de preocupações da sociedade civil sobre o tema.

Em entrevista ao redeGIFE, Viviane Senna, presidente da organização, fala sobre a proposta.

redeGIFE – Qual o papel que as organizações da sociedade civil devem desempenhar neste momento de eleições gerais no Brasil?
Viviane Senna – As organizações da sociedade civil, como todos os outros setores organizados, têm o dever de serem propositivas e não passivas diante dos candidatos, simplesmente esperando que apresentem seus programas. É seu dever informar e defender as causas pelas quais acreditam e trabalham. E é um momento oportuno, pois a população está ainda mais disposta a participar e os governantes – enquanto candidatos – mais dispostos a ouvir e a debater o assunto. Não podemos nos omitir. Afinal, mais do que nunca, é preciso ficar claro que o que é público não é governamental. O que é público é de todos nós, setores organizados e cidadãos.

redeGIFE – O governo atual possui uma política para a juventude brasileira? Quais os principais acertos e erros desta política?
Viviane – As políticas públicas existentes não estão sendo capazes de possibilitar o crescimento econômico com equidade social. A maioria de nossa população está excluída do processo de desenvolvimento do país. A juventude também. Ela está imersa em circunstâncias e ambientes nos quais sobram os riscos e faltam as oportunidades mais básicas. E uma das conseqüências mais imediatas é a violência de que são vítimas. Em 2000, quase 40% das mortes de jovens (15 a 24 anos) foram de homicídios.

redeGIFE – Qual o objetivo do documento Por uma política de juventude para o Brasil?
Viviane – O documento traça diretrizes básicas para a discussão e a elaboração de uma proposta de política de juventude para o Brasil. Com mais de 30 milhões de brasileiros na faixa dos 15 aos 24 anos, temos uma oportunidade rara nas mãos. Daqui a 5 a 10 anos, todos esses jovens serão adultos e estarão comandando o Brasil. Garantir a eles uma oportunidade para realmente desenvolverem seus potenciais agora é garantir ao nosso país um futuro. Por isso queremos alimentar o debate público em relação à elaboração de uma política concreta para o próximo governo, uma política de conjunto, que possa garantir o desenvolvimento pessoal, social e produtivo de nossa juventude. Não mais uma política setorial e fragmentada.

redeGIFE – Quais os principais pontos e reivindicações abordados no documento que vocês irão apresentar aos candidatos à Presidência da República?
Viviane – Propomos um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais nos níveis da União, dos estados e dos municípios voltadas para a viabilização da juventude em todo o país. Queremos uma política de desenvolvimento humano, que tenha como seu eixo estruturador a educação básica e profissional do jovem; uma política de saúde de corte altamente educativo e preventivo; uma estratégia de tempo livre, que incentive adolescentes e jovens ao uso criativo, construtivo e solidário de seu tempo; uma política de geração de oportunidades de emprego, trabalho e renda e a difusão de uma cultura da paz entre os jovens, voltada para a promoção dos Direitos Humanos, da ética, da participação solidária e dos valores.

redeGIFE – Como vocês pretendem encaminhar estas propostas aos candidatos?
Viviane – Enviamos uma proposta de documento a várias organizações da sociedade civil e a pessoas dentro e fora do terceiro setor para que contribuíssem na construção de um documento final e aderissem à causa e à discussão. Todas essas sugestões, comentários e contribuições serão incorporados ao documento-base, o que gerará um novo texto. É esse documento final que será referendado por todas as organizações participantes. Então, ele será enviado aos candidatos como uma contribuição da sociedade civil ao debate e à construção de uma política de juventude para opaís. O mesmo documento será apresentado à imprensa, para que essas idéias, discussões e conclusões sejam compartilhadas com toda a população. Esse debate pertence a todos, e não podemos excluir ninguém.

redeGIFE – O IAS está confiante na aceitação e na execução destas propostas pelo próximo presidente do Brasil? Que cobrança será feita para que o documento seja posto em prática?
Viviane – Esse documento servirá para aprofundarmos o debate e para inspirarmos os novos governantes a elaborarem um plano de ação que consiga realmente cuidar da questão da juventude como um todo. A cobrança quem faz é a realidade do próprio país. Se não dermos uma chance aos nossos jovens, é o futuro mais próximo que estamos descartando, ao qual não damos nem crédito nem oportunidade de se realizar. A adesão à proposta mostra que a sociedade como um todo está preocupada. Portanto, a cobrança será de todos. Primeiro, quando depositarmos na urna o nosso voto ao candidato que tem claro essa escolha pelo país. Depois, na nossa vigilância continuada, na pressão que podemos sempre exercer como cidadãos e como setores organizados da sociedade civil.

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