Brasil tem maior Índice de Participação Cidadã entre oito países da América Latina

Por: GIFE| Notícias| 05/12/2005

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

A Rede Interamericana para a Democracia – que reúne mais de 350 organizações da sociedade civil, em 24 países, promovendo a participação cidadã nas Américas por meio de cooperação, capacitação e divulgação de informação – apresentou recentemente o Índice de Participação Cidadã 2005. Entre os oito países latino-americanos analisados, o Brasil é o líder em atuação da sociedade civil em questões coletivas, com 5.1 pontos (numa escala de 1 a 10), seguido por República Dominicana (4.7) e México (4.8).

De acordo com o documento, o Brasil lidera basicamente por apresentar valores altos no conjunto dos indicadores selecionados, com forte proeminência em alguns deles, como no quesito “”protagonismo direto””. Nele estão incluídos os participantes de projetos coletivos, seguindo conceitos como compromisso, militância, voluntariado, solidariedade e responsabilidade social. (leia entrevista sobre o IPC nesta edição)

O voluntariado, como participação cidadã, para a coordenadora do Núcleo de Voluntariado Empresarial da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Marisa Seoane Rio Resende, é hoje a forma mais reconhecida pela sociedade para provocar transformações permanentes. A responsabilidade social de uma organização, por sua vez, só é verdadeira se for assumida por todos os indivíduos que a representam. “”O engajamento voluntário é, portanto, fator determinante da responsabilidade social””, defende Marisa.

Bruno Ayres, coordenador geral do Portal do Voluntário e consultor do módulo “”Desenvolvimento e gestão de programas de voluntariado”” do Curso Ferramentas de Gestão, afirma que um dos principais motivos pelos quais as empresas se engajam em ações de responsabilidade e investimento social é a pressão feita pela sociedade, tanto externa quanto internamente. Ao mesmo tempo, o engajamento das pessoas é um dos geradores dessa pressão. “”Portanto, é uma via de duas mãos: tanto as pessoas estimulam as empresas a se engajarem, quanto as empresas estimulam a participação das pessoas””, afirma.

A criação de espaços para o debate de temas relacionados à responsabilidade social proporcionou a possibilidade de se ampliar a visão de cada setor com relação a seu papel no desenvolvimento social. É o que diz Mônica Mac Dowell, diretora presidente da ONG Natal Voluntários. Ela concorda que o maior engajamento das pessoas na área social contribui para uma postura mais socialmente responsável por parte das empresas. “”Porém, também podemos dizer o inverso: programas de voluntariado empresarial contribuem para um maior engajamento do cidadão em ações sociais, não somente entre os funcionários, mas na comunidade em geral.””

Neide Rocha, gerente de responsabilidade social do Carrefour, acredita que por agrupar em torno de si, em sua rede de relacionamento, um grande número de colaboradores, seus familiares e fornecedores, as empresas têm um papel fundamental nas questões sociais e no desenvolvimento da sociedade. “”Uma postura voltada ao apoio e à contribuição para o voluntariado empresarial tem forte repercussão nessa rede de relacionamento””, explica.

O despertar de consciência do real papel de cidadão, defende Claudia Calais, gerente de projetos sociais da Fundação Bunge, é fruto de um amadurecimento da sociedade e maior consciência sobre os direitos e deveres dentro da comunidade. “”Estamos realmente abrindo mão da cultura do ′ser assistido′ para arregaçar as mangas e, juntos, construir a nossa história e fazê-la ser respeitada. E neste processo, todo o investimento feito pelas empresas em responsabilidade social, as discussões trazidas à tona pelas ONGs e institutos sobre o que entendemos de ação social têm sido fundamentais.””

Para Sérgio Mindlin, diretor-presidente da Fundação Telefônica, à medida que as empresas estão cada vez mais atuando como investidoras sociais – e muitas fazem esse investimento em parceria com ONGs – influenciam positivamente esse engajamento. Segundo ele, boa vontade certamente é importante, mas é também fundamental que haja organização e capacitação para as pessoas saberem como atuar. “”É necessário saber escolher o foco de atuação e pensar em ações que não sejam só assistenciais, mas que tenham foco no médio e longo prazo, que visem promover transformações sociais””, alerta.

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