Os Povos Indígenas e Comunidades Locais são responsáveis pela conservação de aproximadamente 32% das terras do mundo, que contêm grandes quantidades de biodiversidade essencial para cumprir as metas climáticas globais. No entanto, também enfrentaram injustiças históricas, incluindo racismo sistêmico, expropriação, deslocação e extrativismo nos seus territórios. Apesar do seu papel e impacto diretos na conservação da biodiversidade e na mitigação do clima, menos de 2,9% do financiamento filantrópico chega diretamente às comunidades indígenas e locais.

A filantropia enfrentou a sua parte das críticas, com questões importantes a serem levantadas sobre a riqueza filantrópica e sobre como as estruturas de tomada de decisão estão muito distantes das comunidades que pretende financiar. Em linha com isto, tem havido uma mudança em direção a abordagens capturadas por termos e frases como “decolonização”, “democratização”, “liderança comunitária”, “justiça social”, “#ShiftThePower”, “financiamento baseado em confiança” e “ financiamento feminista”, entre muitos outros que procuram ser mais responsáveis perante os chamados beneficiários do financiamento filantrópico. Muitas destas abordagens reconhecem a organização social autogerida e os movimentos sociais como fatores chave nos processos de mudança social.

Um desenvolvimento emergente liderado pelo movimento dos Povos Indígenas é o dos fundos liderados pelos indígenas – isto é, fundos geridos e liderados pelos próprios movimentos dos Povos Indígenas. Ao contrário dos esforços anteriores para “transferir o poder”, incluindo os Povos Indígenas na tomada de decisões, através de estruturas como conselhos consultivos, os fundos liderados por indígenas representam um exemplo ainda mais profundo de transferência da tomada de decisões diretamente para as mãos dos movimentos sociais.

Quais são os desafios e oportunidades deste método de transferência de poder?

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