Campanha levanta US$ 120 bi para o campo social

Por: GIFE| Notícias| 09/08/2010

Na última semana, quarenta bilionários americanos decidiram aderir à campanha Giving Pledge (algo como ‘a promessa de doar’), dos abastados e filantropos de Bill Gates e Warren Buffett, e se comprometeram – pelo menos verbalmente – a doar metade de suas fortunas para o setor social. Se cumprirem o prometido, vão investir cerca de 120 bilhões de dólares (praticamente o PIB do Peru) em ações voltadas ao bem comum.

A campanha não aceita dinheiro nem diz às pessoas como doá-lo, apenas estimula os endinheirados a assumir um compromisso moral de doar suas fortunas para instituições filantrópicas. Muitos bilionários que aderiram à idéia já faziam investimentos em áreas como pesquisa genética sobre o câncer, educação, controle de armas, bibliotecas e artes.
“Além das pessoas que já disseram sim, ainda há outras que nos agradeceram pelo convite e pensarão mais no assunto. Nós possivelmente anunciaremos um aumento de recursos nos próximos meses”, afirmou o homem mais rico dos EUA e mentor da campanha Bill Gates ao jornal The Cronicle of Philanthropy.
O plano do bilionário, no entanto, não é apenas fomentar as doações. De acordo com Jeff Raikes, diretor-executivo da Bill and Melinda Gates Foundation, uma das maiores instituições filantrópicas do mundo, com fundos de US$ 33 bilhões, em vez de apenas escrever os cheques, é importante que esses bilionários assumam um desafio filantrópico sobre o qual têm paixão. “”O maior sucesso da Giving Pledge ocorrerá se esses doadores, que são pessoas de incrível talento, se tornarem ativos na filantropia também””, afirmou Raikes a Reuters.
Em uma matéria publicada na revista “”Fortune””, Gates e Buffett revelam que a ideia nasceu em um jantar organizado em Nova York, em maio de 2009, e que prosperou em outras reuniões similares entre bilionários entusiasmados.
Entre os bilionários que aderiram à campanha estão o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, o executivo do setor de entretenimento Barry Diller, o cofundador da Oracle Larry Ellison, o magnata do setor energético T. Boone Pickens, o magnata da mídia Ted Turner, David Rockefeller e o investidor Ronald Perelman

Nova filantropia

Embora seja apenas um acordo verbal, a iniciativa é vista com atenção por parte da comunidade filantrópica. “Isso mudará o perfil do investimento social global. Trata-se de uma mudança que a fundação Bill e Melinda Gates vem introduzindo, na qual a aplicação desses recursos será mais estratégica e com um perfil internacional. Por isso que muda para o mundo inteiro”, afirma o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, chairman da Worldwide Initiative for Grantmaker Support (Wings), a rede global de iniciativas de apoio a investidores sociais privados.
Para efeito comparativo, o dinheiro que poderá circular caso esses bilionários cumpram com o acordo seria suficiente para manter o programa Bolsa Família por 176 meses. Isso com apenas 40 adeptos. Segundo a revista Forbes, os EUA têm 403 bilionários, sendo o país do mundo que possui o maior número.
Questionado sobre a possibilidade de iniciativas como Giving Pledge acontecessem no Brasil, Rossetti disse que é possível. “Há uma perspectiva de que haverá mais bilionários no país nos próximos 10 anos e um movimento desses poderia, de fato, gerar uma repercussão semelhante no Brasil”, acredita.
De acordo com a revista americana Forbes, o Brasil tem 18 pessoas ou famílias com fortunas acima de US$ 1 bilhão, sendo o país com o maior número de bilionários da América Latina. O brasileiro mais rico, segundo a Forbes, é o empresário Eike Batista, que ocupa a 8ª posição geral na lista, com uma fortuna estimada em US$ 27 bilhões.
Há, no entanto, uma diferença fundamental para que os bilionários brasileiros sigam o exemplo de seus colegas endinheirados. Enquanto os EUA incentivam as doações – o imposto de renda credita a favor do doador até 45% do valor doado e se taxa em até 45% o patrimônio deixado de herança – no Brasil a doação é tributada (em até 8%).

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