Censo retrata parcela do investimento social privado no Brasil

Por: GIFE| Notícias| 28/05/2001

Para Léo Voigt, vice-presidente de nacionalização do GIFE, o Censo de Associados mostra a crescente preocupação do empresariado com os problemas sociais brasileiros.

redeGIFE – Qual a importância do Censo?

Léo Voigt – Estimamos que existam atualmente no Brasil pouco mais de cem fundações e institutos com o perfil para filiação ao GIFE, isto é, de origem corporativa e que aportam recursos de maneira planejada e sistemática em projetos sociais. Nesse sentido, podemos considerar os resultados do Censo como um retrato bastante representativo sobre o investimento social privado no país. Estes dados servirão de base para que o GIFE possa contribuir com o desenvolvimento desta parcela do terceiro setor brasileiro e tornar mais eficaz o estímulo à participação da iniciativa privada na área social.

redeGIFE – Que resultado mais lhe chamou atenção?

Léo Voigt – Apesar do clima de adversidade do mercado e da falta de um ambiente fiscal e tributário propício, entre 1997 e 2000 o montante investido pelos associados cresceu 15,7%. No mesmo período, o PIB brasileiro acumulou um crescimento de 1,15%. Também é importante destacar que a maior parte do investimento foi feita de maneira voluntária, pois apenas 4,6% de nossa rede utiliza, na composição de seu orçamento, recursos provenientes de incentivos fiscais. Isso mostra que os empresários estão cada vez mais atentos aos problemas sociais do país e empenhados na resolução dos mesmos.

redeGIFE – Como avaliar o impacto destes recursos?

Léo Voigt – O uso de ferramentas de gestão do setor empresarial é uma prática cada vez mais comum entre os investidores sociais privados. Mais de 70% de nossa rede elabora planos estratégicos para nortear sua atuação social. Além disso, 87,5% realizam algum tipo de monitoramento de seus projetos e 91,7% produzem avaliações de resultados. Sem dúvida todo este cuidado tem como conseqüência ações bem estruturadas e de transformação social.

redeGIFE – Por que a maior parte dos recursos é investida no Sudeste?

Léo Voigt – Muitos de nossos associados são desta região e têm como política o investimento nas comunidades de seu entorno. Ao mesmo tempo em que é a região mais rica do país, o Sudeste também concentra graves problemas sociais. Basta observar a periferia de megalópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.

redeGIFE – Estes projetos bem sucedidos desenvolvidos no Sudeste não poderiam ser replicados nas demais regiões do país?

Léo Voigt – Replicar um projeto social não é tão simples como se costuma afirmar. É importante ressaltar que a criação de vínculos é importantíssima para a obtenção do sucesso. Não que uma ação empreendida por um empresário paulista não possa ser bem sucedido no Ceará. Mas tenha a certeza de que quem melhor conhecer a realidade cearense são as organizações locais. As características de cada comunidade são diferentes. Uma idéia pode ser multiplicada, mas é importante que ela seja ajustada ao cenário no qual ela se insere.

redeGIFE – De quem parte a decisão de investir no social?

Léo Voigt – Quando se trata do volume de recursos aportados, em 52,9% dos casos quem toma esta decisão é o presidente da empresa mantenedora. Mas isso não quer dizer que a participação nas ações sociais das organizações privadas seja restrita à alta gerência. Quando falamos de voluntariado, observamos que 54,2% da rede utiliza esta forma de trabalho de forma sistemática e a origem está em sua grande maioria nos funcionários da mantenedora (53,8%) ou em seus parentes (19,2%).

redeGIFE – A que você atribui o interesse despertado pela mídia nos dados do Censo GIFE?

Léo Voigt – Os problemas sociais no Brasil são cada vez mais urgentes. Atenta a isso, a mídia está buscando retratar as iniciativas que estão dando certo e não apenas apresentando o lado catastrófico do problema. Além disso, mostramos para os jornalistas números que há muito tempo eles estavam procurando, pela carência de informações sistematizadas sobre esta área. E são dados que mostram que há solução para as desigualdades sociais do país.

Leia mais:

 

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional