Chris Stone e Sean McKaughan discutem perspectivas para o financiamento de transformações sociais

Por: GIFE| Notícias| 22/03/2014

O papel de uma fundação ou instituto é o de liderar um processo de mudança. Não é somente financiar ações, mas de assumir o movimento de mudança. E, para isso, é preciso envolver os atores locais e as organizações, pois são elas que entendem as reais necessidades”. A convocatória partiu de Sean McKaughan, presidente do conselho diretor da Fundação Avina, durante plenária realizada no Congresso GIFE (clique aqui para ver a cobertura completa do evento).

Ao seu lado, Christopher Stone, presidente da Open Society Foundations e especialista internacional em reforma de justiça criminal e governança de organizações sem fins lucrativos, buscou refletir sobre o papel dos investidores e da filantropia no mundo, assim como os caminhos possíveis para uma atuação mais inovadora.

Chris destacou a importância de, como primeiro passo, os investidores definirem qual será o seu foco de atuação. Irá investir em uma parte específica em determinada área, como educação, por exemplo, ou irá investir no fortalecimento de todo um campo? Irá financiar as suas ideias ou ideias de outras pessoas? “O trabalho é diferente e as habilidades que devem ser procuradas são diferentes. O investidor precisa ter claro o que quer. Você está financiando o consenso de uma solução ou está diversificando como o dinheiro é gasto naquela área?”, comentou.

No caso da Open Society o foco é investir no fortalecimento de uma área. Por isso, apoia tanto lideranças, como projetos e organizações. “Apoiar a liderança e ajudá-la a ter novos conhecimentos e a saber como trabalhar a governança é fundamental. Mas, só conseguimos ganhar escala quando apoiamos organizações. E elas precisam de investimento para serem mais fortes. Por isso tentamos atuar nas três frentes e combiná-las dentro das estratégias que desenvolvemos”, disse Chris.

Este também é o caso da Fundação Avina, que busca flexibilizar sua atuação dependendo de como estabelece seu apoio a determinada causa. Por vezes os recursos são direcionados para o fortalecimento institucional de organizações, em outras ocasiões vão para projetos ou lideranças.

Neste sentido Sean destacou que a forma de financiamento às ações sociais ao redor do mundo se diferencia, apesar do investimento ser muito razoável, movimentando cerca de 7 a 10 bilhões de doláres por ano no mundo. No Brasil, por exemplo, há uma característica peculiar de alta concentração de fundações empresariais, mas pouca cultura em termos de doação individual. E, as doações de pessoas físicas que são feitas, normalmente não são direcionadas para organizações sociais.

Outra tendência no Brasil, diferente de outras nações, é o fato dos institutos e fundações operarem os seus próprios projetos. “Somente 30% do orçamento destas organizações associadas ao GIFE, por exemplo, vão para outras entidades que desenvolvem programas”, comentou o presidente do conselho da Fundação Avina.

Uma das possíveis causas para isso, acredita Sean, pode ser um cenário de desconfiança em relação às organizações da sociedade civil. Para reverter esse quadro, na opinião de Chris, é importante que as entidades aprendam a como engajar os doadores nas suas atividades, evitando um tratamento apenas de “fonte de financiamento”, mas sim permitindo um envolvimento e apoio para ajudar, inclusive, a resolver problemas. “Com isso, eles vão ter a satisfação de ver que o seu dinherio está sendo bem gasto e os benefícios das ações”, destacou.

Por outro lado, os financiadores também devem encontrar um espaço apropriado de atuação para orientar e aconselhar essa entidade, por exemplo, sem distorcer o seu trabalho. “É preciso que cada um entenda os diferentes valores com os quais estão trabalhando. Sem isso, não vão conseguir obter a confiança. O que é uma pena, pois as organizações conseguem aprender muito umas com as outras”, enfatizou o presidente da Open Society Foundations.

Para Chris, a questão da confiança também tem uma relação direta com a gestão de risco e a reputação. “Mas assumir riscos é o papel da filantropia. Para o setor privado ou o governo é mais dificil fazer isso. No entanto, nós temos essa vocação de assumir riscos e inovar. É assim que iremos provocar mudanças”, ressaltou Sean.

De acordo com os especialistas, outra questão essencial para os financiadores é a forma de avaliar o impacto de suas iniciativas. Segundo Chris, um dos principais aprendizados que teve em relação a medir resultados, é a importância de não estabelecer apenas uma métrica, mas sim criar várias, a fim de que as iniciativas sociais consigam mostrar o seu valor. “No mercado nós monetarizamos os resultados e isso nos permite desenvolver técnicas e ferramentas analíticas para ajudar a entendê-los, mas no mundo social abrimos mão desta métrica”.

Na opinião de Chris, algo que poderia ser criado é uma cultura de avaliação entre as próprias fundações. Para o presidente do conselho da Fundação Avina, é essencial também que os aliados avaliem o papel e o trabalho realizado pelos institutos e fundações, apontando se suas ações estão de fato tendo impactos relevantes.

A Fundação Avina é associada GIFE.
Confira a cobertura completa do Congresso aqui.

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