Como conquistar a confiança do investidor social?

Por: GIFE| Notícias| 27/04/2009

Maureen Stapleton*

Os mercados financeiros no mundo todo continuam em reviravolta e ainda é prematuro começar a falar sobre qualquer lição aprendida durante a crise financeira. Certamente que uma presença mais reguladora teria ajudado. Porém, o que não tem mudado é a necessidade da transparência e de informações sobre os investimentos.

Quem destina recursos já começarou a confiar apenas em organizações sociais que tenham como princípio disponibilizar informações completas sobre suas ações, zelando por uma total transparência. Para quem não sabia o que seria preciso manter para fidelizar seus mantenedores a partir de agora, está aí o primeiro passo.

Os investimentos sociais não diferem em nada dos tradicionais. Quanto maior for o conhecimento sobre determinado projeto e a desenvoltura de seus gestores, maior segurança eles terão em destinar recursos, não importando se o investimento é público ou privado.

Mas em que ponto eles se diferenciam? Na necessidade de informar e de ser transparente sobre seu impacto social. Isto não é tão simples assim. Cada programa ou projeto tem um impacto diferente e a forma como é medido varia de investimento a investimento.

Apesar dos problemas do ano passado, é aqui que os mercados abertos de investimento podem servir como modelo. Agências reguladoras como a Security Exchange Comission, dos EUA, certifica-se de que todas as empresas de capital aberto forneçam todas as informações oportunas.

Elas padronizaram as informações de modo que os resultados podem ser comparados em tempo hábil. Os investimentos sociais não têm uma agência como essa, tornando impossível para o investidor comparar rapidamente os impactos dos diversos investimentos sociais.

No entanto, algumas organizações, incluindo a Investing for God, na Inglaterra, e a Social Impact Research, nos EUA, estão aplicando suas próprias metodologias e análises sobre o que é feito com os recursos, para que seja possível comparar facilmente o impacto. O problema é que a informação não é padronizada e nem todas as ações sociais, sejam elas poucas empresas estão avaliando seus investimentos.

No Investment for God, nós fazemos o papel de intermediários entre os investidores e os investimentos. Acreditamos que os investidores em potencial merecem ter as informações disponíveis mais exatas e completas. Para essa finalidade, nós compilamos todas as informações, pesquisamos as ofertas, escrevemos os relatórios e avaliamos o investimento.

Ao prepararmos nossas próprias análises e avaliações, compilamos uma extensa gama de informações e as utilizamos para apontar em cada investimento três áreas cruciais de Confiança, Retorno e Impacto.

A confidência está relacionada à estabilidade financeira do investimento. Os critérios proeminentes de contagem incluem não só a força operacional da organização como também o gerenciamento, a história operacional e os fatores de risco relevantes. O retorno mede os benefícios projetados pelo investimento.

O Impacto avalia tanto os benefícios sociais e ambientais gerados pelo investimento, que são medidos e analisados em referência a uma determinada missão da empresa quanto a meta dos seus acionistas, o que é muito importante.

Onde uma pesquisa tradicional de patrimônios procuraria somente pelos resultados financeiros, nossa Metodologia Analítica do Impacto do Investimento procura completar o quadro do investimento social.

De forma similar, a Pesquisa de Impacto Social, (Social Impact Research) uma divisão ONG Root-Cause, usa como modelo de relatório de pesquisa a pesquisa de patrimônio do setor privado. Seus relatórios agregam e analisam informações não só das próprias companhias como também das agências dos governos, organizações de doadores, grupos de pensadores, acadêmicos e consultores.

Mais adiante, neste mesmo ano, a Acumen Fund lançará nos EUA sua própria pasta de Dados de Sistema de Gerenciamento, criado em colaboração com engenheiros da Google. O sistema compilará os resultados operacionais, financeiros, sociais e ambientais em ambos os níveis local e setorial; porém sem classificar o investimento.

O relatório, O Mercado dos Sem Fins Lucrativos: Construindo a Pontes de Informação na Filantropia, um relatório escrito pela Hewlett Foundation e McKinsley & Co., conclui que os empreendimentos filantrópicos de risco, que descreve como “”o mercado dos sem fins lucrativos tem muito a aprender dos mercados tradicionais de capital””.

O relatório conclui: “”O mercado dos sem fins lucrativos carece de um fluxo forte de informações periódicas e precisas que são a marca registrada dos mercados de alto desempenho como a bolsa de valores, os mercados de commodities, ou eBay. Para construir esta ponte, o setor deve capturar, analisar, distribuir e utilizar a informação no desempenho de organizações sem fins lucrativos e/ou mais efetivamente, seu impacto social.

Como a falecida Anita Roddick, fundadora do Body Shop, dizia: “”eu quero algo não somente para investir. Quer algo em que possa acreditar””. Os investidores terão algo para acreditar somente se confiarem na informação que tem.

*Maureen Stapleton é analista da Investing for Good.

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