Como salvar as crianças?

Por: GIFE| Notícias| 07/03/2011

Em artigo, o advogado, presidente do Conselho Consultivo da Fundação Abrinq – Save The Children, Rubens Naves, fala sobre como integrar a solidariedade e compaixão aos planos e às medidas de amparo, recuperação e prevenção dirigidas à região serrana fluminense e a outras áreas de risco espalhadas pelo país.

“Tanto a ajuda imediata às vítimas do desastre quanto as ações cívicas, políticas e administrativas que precisam ser tomadas e mantidas demandam, sobretudo, o oposto de uma cisão”, escreve.


Como salvar as crianças?

Rubens Naves*
Nestes dias que se seguem à catástrofe na região serrana do estado do Rio de Janeiro, há quem fale em superar, por meio de posturas e ações racionais, as emoções despertadas Brasil e mundo afora por imagens e relatos das enormes perdas e dos atrozes sofrimentos ali vividos. Incorre-se, assim, num dualismo enganoso. Tanto a ajuda imediata às vítimas do desastre quanto as ações cívicas, políticas e administrativas que precisam ser tomadas e mantidas demandam, sobretudo, o oposto de uma cisão. O desafio-chave deste momento é o inverso: chama-se “integração”.

A compaixão e a solidariedade suscitadas pela catástrofe devem nos lembrar de como nós, em sociedade, muitas vezes nos afastamos desses que não são apenas sentimentos individuais, mas também princípios que dão sentido à nossa Constituição e devem nortear nossas relações e metas coletivas. É preciso integrar esses sentimentos e princípios aos planos e às medidas de amparo, recuperação e prevenção dirigidas à região serrana fluminense e às outras áreas de risco espalhadas pelo país.

Nessa abordagem, de solidariedade ativa e responsável, a prestação de socorro e atendimento continuado às crianças atingidas pela tragédia deve ser prioridade absoluta. Para dar conta da tarefa vital de reduzir ao máximo os danos causados aos mais jovens e vulneráveis, que precisam de condições e cuidados especiais para se recuperar dos traumas sofridos, é preciso integrar esforços, recursos, experiências, níveis de governo, entidades públicas e sociedade civil, em ações emergenciais e políticas de curto, médio e longo prazos.
Diante desses desafios, a Fundação Abrinq e a ONG internacional Save The Children, que, desde 2010, integram uma aliança permanente em prol das crianças e dos adolescentes brasileiros, engajaram-se no amparo às vítimas da catástrofe.

Graças a doações de entidades internacionais, empresas e pessoas físicas, a Fundação Abrinq – Save The Children, em parceria com as prefeituras de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, inaugurou os primeiros “Espaços Seguros e Amigáveis”, ambientes especialmente concebidos para proteger e acolher crianças em situações de emergência humanitária.

Nesses locais, instalados em creches da região, as crianças ficam sob os cuidados de profissionais especializados, participam de jogos e brincadeiras, compartilham experiências e aprendizados, e expressam seus sentimentos ao mesmo tempo em que reconstroem suas vidas. Nas próximas semanas, com a inauguração de novos Espaços Seguros e Amigáveis em outros municípios, cerca de 600 crianças da região serrana deverão ser diretamente beneficiadas. E, em breve, um segundo projeto da Fundação Abrinq – Save The Children, o “Retorno Escolar”, deverá prover material escolar básico a aproximadamente 6 mil crianças da região afetada pela tragédia.

Trata-se de uma iniciativa da sociedade civil e do terceiro setor em sinergia com o poder público, com a qual qualquer um, pessoa física ou jurídica, pode colaborar, por meio de doações, e acompanhar pelo site www.fundabrinq.org.br. É um exemplo valioso diante do quanto precisamos avançar no sentido da integração dos mais vulneráveis – seja pela juventude ou pela pobreza – numa nação em que a compaixão e a solidariedade norteiem, de forma efetiva, permanente e eficaz, as relações sociais.


*Rubens Naves, 68, é advogado, presidente do Conselho Consultivo da Fundação Abrinq – Save The Children, e autor, em parceria com Carolina Gazoni, do livro “Direito ao Futuro – Desafios para a Efetivação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes”, publicado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2010.

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