Comunicação é fundamental para mobilização da sociedade

Por: GIFE| Notícias| 02/04/2001

Durante sua participação na edição brasileira do University for a Night, o diretor de programas e gerente de comunicação do Instituto Synergos, James Brasher, defendeu a comunicação como uma importante ferramenta de mobilização da sociedade para a urgência das causas sociais.

Confira seu ponto de vista nesta entrevista ao redeGIFE.

redeGIFE – Qual a importância da comunicação para as organizações do terceiro setor?

James Brasher – Ela é muito importante quando utilizada para mostrar a possibilidade de solução das diferenças sociais. A pobreza, por exemplo, é um problema reconhecido mundialmente e diversas organizações estão trabalhando para erradicá-la. Nesta luta, a comunicação é fundamental para mostrar que as ações não são apenas caridade, mas peças-chave no desenvolvimento de soluções efetivas que eliminem a pobreza. E isto precisa ser disseminado para que a sociedade se mobilize em torno da causa e faça parte desta luta.

redeGIFE – As organizações que se auto-promovem ao invés de centrar suas ações de comunicação na causa que defendem estão cometendo um erro?

Brasher – Acho que uma instituição sempre deve ter uma identidade corporativa. Mas ao se promover mais do que a causa que defende ela está sendo ineficiente na solução das questões sociais. Algumas vezes a organização está tão focada em divulgar os resultados de seus projetos que esquece de mostrar a causa maior na qual ela está engajada. E isso não faz com que a sociedade fique atenta ao problema e se mobilize contra ele. Auto-promoção não fortalece o trabalho de resolução dos problemas sociais.

redeGIFE – A estratégia de comunicação de uma organização já deve estar presente quando formulada sua missão?

Brasher – Toda organização deve ter sua missão. Porém acho que ela não deve ser divulgada de maneira indiscriminada, mas sim de uma forma estratégica. Durante um processo de captação de recursos, por exemplo, é um bom momento no qual deve ser dito quais são seus propósitos e sua missão, pois só assim o doador identificará de maneira clara o que você está fazendo. A missão é importante mas nem todas as pessoas do país precisam entender seu “”slogan””. Para a Coca-Cola é imprescindível que o mundo saiba que ela é refrescante, já que o público em geral é seu alvo. Já as organizações sem fins lucrativos não trabalham com a massa. Elas devem sim ser entendidas pelas comunidades nas quais desejam atuar. Ou pelos doadores de recursos que investem em um projeto.

redeGIFE – O senhor acha que todo projeto deve ter uma estratégia de comunicação já em sua elaboração?

Brasher – Com certeza. Se você vai trabalhar com uma comunidade, antes deve conhecê-la e mostrar para ela quais seus propósitos. Seja por meio de reuniões ou com o uso de boletins e campanhas. Se isso não for feito logo no começo, um bom projeto pode ser mal compreendido e seu objetivo comprometido.

redeGIFE – Por exemplo?

Brasher – Há alguns anos, na Nigéria, só conseguimos erradicar uma doença que era contraída por meio da ingestão de água não tratada quando estreitamos nossa relação com as comunidades atingidas. Descobrimos empresas que desenvolviam produtos químicos que, adicionados à água, eliminavam a contaminação. Porém, não conseguíamos fazer com que as pessoas usassem esta tecnologia. A saída foi identificar nas comunidades pessoas-chave para a disseminação da importância da água limpa para uma boa saúde. E isso deu certo. Utilizando técnicas de teatro e dramatização de situações cotidianas, conseguimos convencer estas pessoas-chaves a usarem os produtos químicos. Percebendo os resultados, elas começaram a disseminar a prática em suas regiões e isso fez com que os níveis de doenças geradas pela água contaminada fossem reduzidos.

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