Muitas oficinas, debates, painéis e mesas de diálogo. Esses são apenas alguns dos formatos das atividades que irão movimentar a programação aberta do 9º. Congresso GIFE. Todas as iniciativas serão promovidas por associados e parceiros do GIFE com a proposta de estimular a participação ativa, o engajamento, a troca de experiências e conhecimento.

Na pauta, assuntos como transparência, governança, avaliação, fortalecimento do ambiente institucional, a relação entre institutos e fundações e suas mantenedoras, entre outros, sempre alinhados ao tema central do evento: “O sentido público do investimento social privado”.

As atividades serão gratuitas e abertas ao público em geral durante os três dias do evento, em momentos específicos. Para participar, basta acessar o site e escolher qual(is) atividade(s) quer participar. É importante também verificar com antecedência se é preciso fazer inscrição prévia, por exemplo.

“A programação aberta permite que todos os interessados possam se aproximar de temas relacionados ao universo do ISP de uma maneira mais solta e flexível, além de possibilitar a troca de experiências entre os participantes do Congresso e o público em geral”, comenta Ana Letícia Silva, gerente de Articulação do GIFE, lembrando que na última edição do evento, mais de 800 pessoas participaram das atividades da programação aberta, justamente por ser um espaço dinâmico e aberto ao diálogo.

Entre as atividades programadas está a “Mostra Ecofalante de cinema socioambiental”; o lançamento da publicação “Família e conexões territoriais: uma experiência no enfrentamento das desigualdades na zona leste de São Paulo”, promovido pela Fundação Tide Setúbal; a mesa de debate proposta pela Estratégia ODS e Centro Rio+ sobre “A agenda brasileira para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); uma discussão a respeito do “Voluntariado corporativo: formas inovadoras de engajamento”, com a participação da Fundação Itaú Social, Instituto Votorantim e United Way; etc.

Debates

“O papel das avaliações para favorecer o interesse público do investimento social privado” foi o tema escolhido para a atividade da Move – Avaliação e Estratégia em Desenvolvimento Social, que será realizada no dia 30 de março, no período da manhã.

“Tendo em vista que o Congresso busca conectar várias das agendas estratégicas do ISP, nos pareceu bem oportuno explorar o vínculo com as práticas de monitoramento, pois cabe à avaliação construir o valor sobre o efeito do ISP na sociedade, tendo em vista que o investimento social privado tem por natureza uma finalidade pública, seja em educação, meio ambiente, garantia de direitos etc”, comenta Rogério Silva, diretor de pesquisa da Move.

A partir desta perspectiva, a proposta do debate será gerar uma melhor compreensão sobre as práticas de avaliação. Segundo Rogério, é importante perceber que as avaliações não são apenas para demonstrar o resultado de uma iniciativa, mas devem ser utilizadas para lançar um olhar mais amplo, verificando de que forma determinado programa, por exemplo, articula direitos, ou seja, a sua relevância e a qualidade das intervenções.

“Quando você articula estas duas dimensões, é possível conferir à avaliação do ISP algo mais potente para trazer essa finalidade pública ao investimento social privado”, comenta o diretor da Move.

Para exemplificar, Rogério cita um programa de inserção da tecnologia na educação: “Podemos fazer uma avaliação e descobrir que a iniciativa traz muitos ganhos para a aprendizagem dos alunos. Porém, podemos olhar ao mesmo tempo para o fato de que os custos são absolutamente insustentáveis se esse piloto visa se tornar uma política pública e ganhar escala. Sendo assim, a partir da avaliação, será possível redimensionar as ações”, explica.

Além da Move, estarão presentes na discussão Martina Otero, membro da diretoria colegiada da Rede Brasileira de Avaliação; Renata Bachir, professora da Universidade de São Paulo (USP Leste) e especialista no tema; e Paula Miraglia, diretora geral do Nexo Jornal.

Diversidade

O tema provocativo “Uma década de políticas de ação afirmativa para negros(as) na educação: Os resultados esperados de inclusão nas empresas estão sendo alcançados?” pretende movimentar a mesa de debate organizada pelo Instituto Ethos.

Segundo Gabriela Santos, coordenadora de Projetos do Ethos, a proposta é lançar luz ao tema de políticas internas para o público afrodescendente, tendo em vista que este tema tem demonstrado ser o mais desafiante de se trabalhar junto às empresas quando o assunto é diversidade.

“Temos acompanhado diversos avanços na sociedade, principalmente em políticas públicas de educação, com as cotas nas universidades, por exemplo, com efeito positivo no acesso da população negra ao ensino superior. Porém, esses avanços não têm tido reflexo dentro das empresas no sentido de inserção da população negra no mercado do trabalho. Precisamos discutir se elas têm se atentado para a composição desta força de trabalho que têm condições de alcançar novas oportunidades”, comenta Gabriela, destacando o trabalho que o Ethos vem realizando neste campo, como as pequisas sobre o “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil” – a nova edição será lançada em maio – e a pesquisa sobre os “200 principais fornecedores da Prefeitura de São Paulo”, lançada em fevereiro.

De acordo com a coordenadora do Instituto Ethos, essa postura por parte das empresas é ainda um reflexo da cultura brasileira em relação à visão sobre os papéis a serem assumidos pelos negros, assim como a crença de que o Brasil não enfrenta problemas raciais. “Esse mito da democracia racial vem sendo desconstruído. As pesquisas mostram que temos um novo cenário no Brasil e essa questão não tem sido absorvida pelas grandes empresas. Há ainda uma dificuldade de se entender o assunto. Por isso, é preciso sensibilizar e capacitar para a abordagem deste tema dentro das corporações”, pondera.

A atividade do Instituto Ethos está programada para o dia 01 de abril, no período da tarde.