Cresce a importância da formação de lideranças para a área social

Por: GIFE| Notícias| 13/01/2003

MÔNICA HERCULANO

“”Liderança, mais do que um atributo de uma pessoa, é um papel que se exerce em determinado momento ou situação. Todos exercemos liderança em situações distintas e precisamos estar aptos, capacitados e conscientes para fazer isso.””

Com essa declaração, o coordenador executivo da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), Andres Falconer, atenta para a necessidade de pessoas comprometidas, competentes, adaptáveis, criativas e capazes de atuar em grupo na área social, seja em posição de chefia ou como membro de uma equipe.

O desenvolvimento de profissionais aptos para o terceiro setor tem sido promovido por diversas organizações, por meio de programas de estímulo, cursos e prêmios para apoio a projetos. Isso porque se tornou importante, além de boa vontade, ter formação acadêmica e uma capacitação específica para a área.

Falconer adverte que o equilíbrio entre cabeça e coração é essencial e que líderes bem-sucedidos em certas circunstâncias podem fracassar em outras. “”É uma falácia pensar que só precisamos de líderes. Não falamos em ′líderes′, mas em liderança. Todos precisamos estar preparados para exercê-la.””

Anamaria Schindler, diretora da Ashoka Empreendedores Sociais, concorda que líderes sociais não precisam ser necessariamente gerentes ou diretores, mas precisam ter uma visão genuína e compromisso com o desenvolvimento social do país. “”A capacidade de liderança está latente na sociedade. No entanto, os líderes são uma minoria, pois são aqueles que enfrentam todos e quaisquer desafios para fazer valer seus valores e ideais””, explica.

Ao fazer uma comparação entre o empreendedorismo social e o de negócios, a diretora da Across Gestão de Carreiras, Regina Camargo, aponta dois aspectos muito parecidos, apenas com mudança das definições para cliente e lucro.

“”Na área social, cliente é a própria sociedade, que tem carências a serem supridas. E o lucro acontece quando são criadas condições de auto-sustentabilidade. Assim, o empreendedor social precisa cuidar para que a sociedade seja satisfeita nas suas carências, não de um jeito assistencialista, mas auto-sustentável ao longo do tempo””, explica Regina.

Além disso, Anamaria acredita que o reconhecimento da sociedade é fundamental para o surgimento e o desenvolvimento de lideranças. “”Embora o líder naturalmente busque as oportunidades e os canais de ação, ele necessita fortemente do apoio da sociedade para gerar mudanças sociais. Isso vai depender dos ideais, dos valores e das ações concretas que ele apresenta.””

Estímulo – Exemplos de prêmios direcionados a contribuir para a formação de lideranças na área social são o Empreendedor Social, promovido pela Ashoka, e o Fenead, criado pela Federação Nacional dos Estudantes de Administração.

Com o Prêmio Empreendedor Social, a Ashoka reconhece e apóia organizações da sociedade civil no desenvolvimento de projetos para estimular sua sustentabilidade. Já a premiação da Fenead busca contribuir para a formação de universitários mais comprometidos com suas comunidades.

Mário Montenegro, coordenador nacional do Prêmio Fenead, conta que já foram 227 inscritos, de 11 estados das 5 regiões do país. Ele lembra que esse é, muitas vezes, o primeiro contato do estudante com o terceiro setor. “”Além disso, também sensibiliza professores, que passam a incluir a temática em suas aulas””, conta.

Identificar e apoiar o desenvolvimento inicial de uma liderança e a implantação de seu projeto social é o que algumas instituições buscam fazer. “”Em geral, as organizações que focam em lideranças são capazes de acelerar o desenvolvimento e o impacto do trabalho de um líder social””, explica Anamaria Schindler.

Atuando nesse sentido, o GIFE lançou o Programa GIFE de Especialização em Terceiro Setor (PGE). O PGE é um aperfeiçoamento do Programa Trainee GIFE (PTG), que formou profissionais como Marta Castro e Edson Sadao (clique aqui e saiba mais sobre o PGE).

Marta Castro é coordenadora de comunicação da Fundação Odebrecht. Ela conta que o programa alia formação profissional com desenvolvimento pessoal e conteúdo teórico com experiência prática. “”Nenhum curso de extensão ou pós-graduação faz isso. O resultado é um profissional mais preparado, com habilidades diversas, mais competente e motivado.””

Segundo Marta, a profissionalização no terceiro setor é uma demanda real e necessária. “”Por um lado, as instituições vão deixando de considerar a formação um custo e passam a vê-la como investimento. Por outro, o aumento da oferta de formação está tornando os cursos cada vez mais acessíveis, principalmente no Sul e Sudeste do país. Nas demais regiões, a carência é maior.””

Edson Sadao é consultor, professor e coordenador de estágios da Fundação de Comércio Armando Álvares Penteado (Fecap), uma universidade de São Paulo. Ele diz que a participação na capacitação do GIFE intensificou seu amadurecimento técnico e, principalmente, seu compromisso com o desenvolvimento social do país.

“”Aprendi a importância e a necessidade do trabalho em rede e de compartilhar os conhecimentos, além do respeito e da tolerância às diferenças de opinião e fortalecimento dos valores e da ética, fundamentais para quem trabalha na área social””, diz Sadao.

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