Cultura é decisiva para o setor privado

Por: GIFE| Notícias| 30/04/2007

Rodrigo Zavala

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, participou na última terça-feira, dia 24 de abril, do lançamento do Fórum de Investidores Privados em Cultura, promovido pelo GIFE, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do Sesi-Nacional, pelo Serviço Nacional do Transporte (Senat), o Instituto Itaú Cultural, e o Ministério da Cultura (MinC). Em caráter permanente, a iniciativa pretende gerar maior alinhamento e orientação para a atuação das empresas no campo cultural, além de possibilitar a articulação com políticas públicas do Estado.

Em entrevista ao redeGIFE, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, fala sobre a contribuição dos investidores privados em cultura nas políticas públicas para o setor e explica a importância do Fórum ao que chama de “”economia da cultura””, que gera empregos e renda.

Segundo ele, as atividades culturais se encontram no epicentro da chamada “”economia das idéias”” ou “”economia do conhecimento”” e integram, deste modo, o segmento mais dinâmico e atrativo da economia contemporânea.

redeGIFE – Qual a importância do investimento do setor privado na cultura?
Gilberto Gil – Além do esforço que os governos precisam fazer, em âmbitos Federal, Estadual e Municipal, por meio de seus orçamento ou leis de incentivo, é preciso envolver mais o setor privado. E, pelo que vejo, ele está cada vez mais interessado em fazer parte disso.

Primeiro por causa de sua responsabilidade social, que é uma dimensão crescente no mundo inteiro. Segundo, pela própria questão econômica, simplesmente no que tange ao investimento e retorno. A economia da cultura é cada vez mais promissora. O exemplo do Estados Unidos é revelador: é o primeiro item de exportação do país, além de ser o setor que mais emprega. Enfim, a importância se dá, seja como participação cidadão, social, seja como retorno financeiro.

redeGIFE -Essa economia da cultura pauta o Minc, portanto.
Gilberto Gil – Afinal, a cultura gera renda, empregos e felicidade, no Brasil e no mundo, e tem sido um dos setores que mais cresce na nova economia mundial. Um recente estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) aponta isso. O setor cultural representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), organização composta em sua maioria por países desenvolvidos.

Esta participação oscila entre 3 e 5% nos países em desenvolvimento. Em termos de geração de emprego, este setor empresa cerca de 5% da mão de obra do Canadá, chegando à expressiva marca de 17% de toda a força de trabalho ocupada na África do Sul.

redeGIFE – Existe um levantamento sobre essa economia no Brasil?
Gilberto Gil – Um pesquisa inédita encomendada pelo MinC e divulgada pela IBGE revelou que o setor cultural no país conta com 290 mil empresas culturais, responsáveis pela massa salarial de R$ 17,8 bilhões anuais. Os trabalhadores recebem, em média, 5,1 salários mínimos, contra a média de 3,1 dos demais setores.

O mesmo levantamento mostrou que as atividades culturais movimentaram uma receita líquida de 156 bilhões de reais, com custos de 114 bilhões, valores que indicam uma participação do setor cultural de 6,5% dos custos e 7,9% da receita líquida da economia brasileira. Nada mal para um setor que, de acordo com estudo da pesquisadora Cristina MacDowel do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ocupava menos de 1% da mão-de-obra no princípio da década de 80.

redeGIFE – Nesse sentido, qual a importância do Fórum?
Gilberto Gil – A expectativa é que o Fórum seja uma instância de formulação e execução compartilhadas de políticas para o setor, similares aos moldes já praticados pelo Comitê de Patrocínio das Empresas Estatais, coordenado pela Secom (Secretaria de Comunicação Social). Portanto, trata-se de um espaço para a formação de entendimentos, onde a noção republicana de política pública, daquilo que ultrapassa a esfera estatal e a privada, se consolide, floresça, frutifique.

A agenda é extensa: há o Plano Nacional da Cultura, as políticas de investimento na inclusão social pela cultura, a consolidação de conteúdos audiovisuais de qualidade, a execução de um programa contundente de livro e leitura, projetos de inovação, dentre outros.

O MinC apóia a consolidação desse espaço, na expectativa de que possamos construir um debate franco e aberto, à altura dos desafios do Brasil.

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