Embaixo de uma árvore na Vila Itamarati, em Campo Novo do Parecis, 14 mulheres e o professor, Ivanor Danielli, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar/MT), realizam a avaliação do primeiro módulo do curso de Qualificação Profissional em Operação de Máquinas Agrícolas. Essa iniciativa visa a capacitar novas operadoras e abrir caminho para que o público feminino consolide sua presença no campo, tradicionalmente ocupado por homens.   

O curso é promovido pelo Senar/MT, em parceria com a Fundação André e Lucia Maggi (FALM), com o objetivo de capacitar mulheres interessadas em ingressar no setor de operação de máquinas agrícolas. Com duração de 120 horas, as alunas tiveram acesso a conhecimentos teóricos e práticos abrangentes sobre o universo dos tratores, desde as noções básicas até as técnicas avançadas de condução e operação desses equipamentos.   

Uma das dificuldades enfrentadas pelas estudantes é conciliar as atividades domésticas com o curso. A desigualdade de gênero na divisão das tarefas domésticas é um tema delicado nas casas brasileiras. Em abril, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revelando a disparidade na participação de homens nas responsabilidades diárias. Embora haja um maior envolvimento masculino em comparação com dados anteriores, ainda são as mulheres que carregam a maior parte dessa carga, dedicando o dobro do tempo às tarefas domésticas.  

É o caso de Anátalia Moreira Miranda, vinda de Cacoal Rondônia (RO), para participar do curso, em busca de se profissionalizar e encontrar oportunidades na região. Embora tenha sido desafiador deixar a filha em Cacoal, ela destaca que o curso vai além do aspecto técnico, abordando também o relacionamento interpessoal.   

Já Thaiza Santos, 29 anos, comenta que não é fácil administrar as coisas de casa e a maternidade com o curso, mas foi formada uma rede de apoio entre as mulheres, que foi essencial para continuar. “O apoio que recebemos da FALM, em parceria com o Senar, foi muito importante na questão da logística e alimentação, além de todo o apoio que nós recebemos da família também. Mas o principal foi a construção do fortalecimento em grupo que nós criamos aqui”.  

Para Aletéa Rufino, Gerente de Investimento Social da FALM, é uma alegria imensa para a fundação fazer parte da construção em rede com a comunidade e o SENAR.  “Essas mulheres demonstraram dedicação, determinação e habilidades, além de se fortalecerem e se articularem enquanto rede para que todas participassem das atividades”.   

O curso de qualificação profissional faz parte do Subprograma de Qualificação e Empregabilidade da FALM. Que tem como objetivo ampliar a oferta e acesso de pessoas ao mercado de trabalho por meio das oportunidades de qualificação ampliadas nos territórios, pessoas mais preparadas para acessar esse mercado e mais participativas nos cursos mobilizados pela rede.  

O Senar/MT   

A instituição faz parte de um conjunto de entidades que forma o Sistema Famato. Essas entidades dão suporte para o desenvolvimento sustentável do agronegócio e representam os interesses dos produtores rurais do Estado. O sistema é formado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) e pelos 87 sindicatos rurais do Estado.  

Sobre a FALM     

A Fundação André e Lucia Maggi (FALM) é uma instituição sem finalidade econômica e responsável pela gestão do Investimento Social Privado da AMAGGI. Criada em 1997, a FALM contribui para o desenvolvimento local de pessoas e comunidades, por meio de ações focadas em temas centrais, como agricultura familiar, qualificação profissional e empregabilidade, empreendedorismo e fortalecimento de organizações sociais.