MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Há exatamente um ano, tinha início a primeira Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade no Brasil, organizada pelo Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, que reúne representantes de empresas, de organizações da sociedade civil e do governo federal. O Movimento tem como diretrizes os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela Declaração do Milênio, aprovada em setembro de 2000 na Assembléia Geral das Nações Unidas.

O BankBoston e a Fundação BankBoston estão envolvidos desde o início, vêm realizando ações de disseminação dos ODM de diversas maneiras e foram considerados referência em três dos objetivos: no primeiro, com o programa de voluntariado interno (Programa Participação Cidadã); no segundo, com o Projeto Russas (erradicação do trabalho infantil) e o Imposto Criança (campanha para destinação do Imposto de Renda para os Fundos Municipais da Infância e Adolescência); e no terceiro, com o Projeto Geração XXI, que se constitui na primeira ação afirmativa para jovens negros no Brasil.

“”O BankBoston e a Fundação entenderam ser esta uma causa legítima e consoante com seu objetivo de disseminar práticas e conceitos que contribuam para a transformação social””, explica a superintendente da Fundação, Sônia Favaretto. Em entrevista ao redeGIFE, ela fala sobre a importância das empresas atuarem também na divulgação dos ODM e da necessidade de incorporá-los aos diálogos com o governo.

redeGIFE – Recentemente, a campanha brasileira de divulgação dos Objetivos do Milênio foi considerada uma das cinco mais bem-sucedidas do mundo pelo Departamento de Parcerias Estratégicas e Recursos do PNUD. Qual a importância das empresas e organizações da sociedade civil desenvolverem, paralelamente às suas ações sociais (que trazem importantes resultados no avanço pelos ODM), atividades de disseminação e conscientização sobre os objetivos para seus mais diversos públicos?
Sônia Favaretto – Não consideramos a disseminação e conscientização sobre os Objetivos do Milênio como algo paralelo à nossa atuação social. Estes movimentos são parte fundamental para o cumprimento dos resultados pretendidos pelos países que, na verdade, é também o que buscamos em nossa atuação social. Além disso, ser um agente de disseminação dos ODMs é mais uma forma de assumir o papel de co-responsável no desenvolvimento do país. Se as empresas e organizações da sociedade civil desejam influenciar as políticas públicas, também precisam participar de movimentos como esse, que até então ficavam apenas no âmbito governamental. Há a necessidade de divulgação mais ampla e maior visibilidade dos ODMs para as empresas que não fazem parte do Movimento Nacional, que ainda são muitas.

redeGIFE – Podemos dizer que, a partir da definição de objetivos a serem seguidos no mundo, com metas (de tempo e resultados) estabelecidas e pactuadas, propiciou-se maior atuação da sociedade civil e interação das empresas com o governo para melhorar os índices sociais nos países?
Sônia – A definição dos objetivos por si só não gera essa atuação conjunta. No caso dos ODMs, a definição vem ajudando a organizar as ações numa mesma direção, o que já é um grande ganho. Não podemos, no entanto, esquecer que a interlocução entre as empresas e o governo já vinha num crescente. É preciso agora incorporar a esse diálogo o contexto e potencial dos Objetivos.

redeGIFE – Em um evento internacional ocorrido no último mês de maio, empresários de diversos países latino-americanos alertaram para a importância do envolvimento das empresas no monitoramento das prioridades e dos avanços no alcance dos ODM. A sociedade civil no Brasil tem feito um monitoramento das ações pelos objetivos do milênio com a mesma força que atua em projetos próprios para ajudar em seu cumprimento?
Sônia – Ainda não com a mesma intensidade, até porque a questão do monitoramento e avaliação dos projetos sociais – assim como o envolvimento das empresas nos indicadores dos ODMs – é relativamente nova.

redeGIFE – Quais as principais ações desenvolvidas pelo BankBoston e pela Fundação BankBoston neste sentido?
Sônia – A Semana Nacional pela Cidadania e Solidariedade, que está na sua segunda edição neste ano, é o momento onde se concentram as ações de divulgação. O Movimento, do qual o BankBoston faz parte, tem se reunido e ajudado a realizar a Semana Nacional. Além disso, cada organização promove ações de divulgação dos ODMs e de intervenção que estejam no seu campo de atuação. No nosso caso, realizamos uma campanha interna com folders, intranet, cartazes, mensagens eletrônicas e no hollerit. Divulgamos a Semana para o público externo no site do banco (www.bankboston.com.br). Entendemos que ainda há um duplo desafio. Por um lado, a comunicação precisa conseguir aprofundar cada vez mais o tema para que não fiquemos todos com uma visão superficial das questões levantadas pelos ODMs. Por exemplo, cada objetivo tem suas metas, que têm indicadores específicos e precisam ser monitorados, e nem todo mundo tem conhecimento disso. Por outro lado, essa disseminação precisa ocorrer durante o ano inteiro.