É possível padronizar relatórios de sustentabilidade?

Por: GIFE| Notícias| 13/05/2013

A Iniciativa Global para Índices de Sustentabilidade (GISR, em inglês) lançou na última semana uma versão Beta de um conjunto de princípios centrais para buscar excelência em pesos, índices e rankings de sustentabilidade corporativa.

A iniciativa faz parte de uma ação internacional de qualificação, já que, tal como foi apresentado, existem mais de 100 diferentes avaliações (notas com pesos), rankings (listas hierarquizadas) e índices utilizados para avaliar o desempenho em sustentabilidade de mais de 10.000 companhias. Tudo isso com mais de 2.000 indicadores de desempenho corporativo em sustentabilidade. De forma simples, as mesmas informações de uma corporação podem levar a resultados opostos dependendo da metodologia empregada.

Como então os investidores conseguem avaliar qual organização está mais bem posicionada? No dia seguinte ao lançamento, os dados apresentados foram repercutidos na imprensa em tom crítico, a exemplo do comentarista Sergio Abranches, na rádio CBN.

Para ele, os relatórios de sustentabilidade das organizações, que, por não terem um padrão a seguir, não comunicam efetivamente suas ações além das financeiras, tornando a escolha dos investidores uma tarefa mais complicada – pois podem se confundir com as diferentes classificações.

Faz sentido. Porém, existe uma diferença entre relatórios produzidos pelas organizações e como elas estão posicionadas aos investidores perante suas ações. Para o relatório de sustentabilidade há uma orientação mundial, o Global Reporting Initiative (GRI), seguido por muitas empresas.

Já na perspectiva de posicionamento para stakeholders, há diferentes maneiras de se medir a sustentabilidade de uma organização: índices de bolsas de valores, rankings, e até mesmo organizações que monitoram os riscos e ações das empresas que se julgam sustentáveis (Ratings).

Para a presidente executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, produzir relatórios e fazer com que sejam padronizados traz benefícios às empresas. “A dificuldade ainda existe porque publicar relatórios é uma iniciativa voluntária e por isso não há um padrão definido. A obrigatoriedade e padronização são passos importantes em direção à integração dos relatórios financeiros e de sustentabilidade, que são instrumentos estratégicos para ajudar não só investidores, mas também governos e sociedade”, afirma Marina.

Na bolsa de valores BMF&Bovespa, o Índice de Sustentabilidade das Empresas (ISE) visa manter uma carteira teórica para os investidores terem uma visão das organizações que praticam ações sustentáveis. Para a diretora de sustentabilidade da BMF&Bovespa, Sônia Favaretto, padronizar uma referência é um desafio.

O trabalho da GISR é acelerar a integração das dimensões ambiental, social e de governança e os respectivos indicadores para orientar melhor as decisões de investimento. Para Sônia, os índices de bolsa de valores tem uma raia separada de outros critérios, pois a organização já possui a uma credibilidade mínima por estar em uma carteira de bolsa de valores, gerando mais confiança ao investidor.

“Naturalmente temos um alinhamento do tema, apesar de cada mercado ser muito específico. Mas não podemos esperar padronizar banana e laranja. Ranking é uma coisa, ratings é outra, e índices de bolsa segue outra lógica. Mas acreditamos que a iniciativa do GISR é muito boa e com o passar do tempo, as melhores avaliações permanecerão e se tornarão referência global”, conclui Sônia.

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional