Editorial – O poder das redes
Por: GIFE| Notícias| 27/02/2013Caroline Hartnell *
Enquanto eu lia cada artigo recebido para a edição especial, mais eu percebia que o envolvimento e o apoio às redes envolvem uma forma muito específica de se relacionar com os outros – uma forma que pode não ser fácil para muitas fundações.
Segundo Lori Bartczak e Diana Scearce, “trabalhar com uma mentalidade de rede pode parecer incompatível com a filantropia “estratégica”, que é caracterizada por um foco rígido, resultados mensuráveis predeterminados e um claro rumo a seguir”. Segundo elas, trabalhar com uma mentalidade de rede significar financiar com um claro intuito, mas de uma forma “controlada em longo prazo e com flexibilidade”, onde os resultados são “emergentes – determinados pela rede e fomentados pela fundação” e o poder é distribuído. Elas argumentam que é necessária uma abordagem que combine o que há de melhor nos dois mundos.
Mas, por que? O que as redes oferecem de tão especial? Eu acho que se trata de experimentação, inovação, solução de problemas. Precisamos de novas ideias se quisermos encontrar soluções para os problemas que enfrentamos hoje em dia.
Por sua natureza, as fundações devem estar bem colocadas para apoiar a experimentação e a inovação. Mas, elas estão fazendo isso? Mark Hecker, da Reach Incorporated, ao escrever para o blog Council on Foundations, em 11 de outubro, acha que não. “Virou um lugar comum para os financiadores… exigir “”provas”” antes de liberar qualquer dinheiro… Como uma grande ideia pode ver a luz do dia sem o apoio da comunidade filantrópica?”
O conselho que ele recebeu das pessoas da comunidade filantrópica foi que as organizações incipientes devem ter “iniciativa própria” ou “começar com amigos e familiares”. E foi isso que ele fez. “Tudo funcionava como devia, certo? Não. O problema: este sucesso se deve quase totalmente ao meu prestígio pessoal”. Seu pai era um advogado e sua mãe uma educadora. E aqueles que não têm conexões tão boas?
Muitos de nossos colaboradores parecem compartilhar o ponto de vista dele. Tanto o físico teórico Geoffrey West quanto o ecologista canadense Buzz Holling acham que as fundações mudaram. Holling lamenta a falta de financiadores que queiram apoiar “experimentos novos e emergentes, do global para o local”. Ele acredita que isso aconteça porque as fundações se tornaram “mais profissionais… mais orientadas ao sucesso e menos interessadas no experimento”. “Formas bem ordenadas e bem estruturadas de lidar com problemas conhecidos… funcionam bem quando o mundo é estável”, ele diz, “mas são muito destrutivas quando há um ambiente em constante mudança”.
West diz algo parecido. “As fundações… geralmente… querem assumir um pouco mais de riscos, ser um pouco mais especulativas, um pouco maiores”, ele diz. “Porém, salvo algumas poucas exceções, elas têm se tornado cada vez mais nada além de uma fonte adicional de financiamento para coisas que são muito convencionais, ou seu foco é tão estreito que perdem qualquer coisa que tenha a ver com o quadro maior e um futuro mais visionário”.
Julgamentos negativos de dois pensadores tão eminentes e criativos.
*Caroline Hartnell é editora-chefe do revista Alliance.