Editorial – Os dados não são apenas para nerds

Por: GIFE| Notícias| 24/09/2012

*Caroline Hartnell

Quando Larry McGill e eu conversamos pela primeira vez há dois anos quanto à possibilidade de fazer um artigo sobre dados e filantropia, fui sincera com ele: estava com medo de que poderia ser chato. Isso pareceu um tanto grosseiro visto que os dados são parte essencial do centro das fundações; no entanto tinha que me manifestar. Dados são apenas para nerds?
Para mim, a melhor maneira de lidar com o dilema de será que é “uma chatice?” foi me afastar das descrições das “novas ferramentas” e novos desenvolvimentos tecnológicos e focar apenas no que os dados podem fazer pela filantropia.

Eu os enxergo em termos práticos. Se eu fosse um membro de uma fundação ou um filantropo querendo ajudar a melhorar a frequência das meninas numa escola secundária de Uganda, o ideal seria ter em minhas mãos informações sobre as taxas de matrículas de meninos e meninas, assiduidade, taxa de desistência, etc. Também gostaria de saber o que outros filantropos estão fazendo e qual é a taxa de sucesso, deixando de lado a polêmica questão de como se mede o sucesso! Assim, munida de todas essas informações me sentiria mais confortável para tomar a melhor decisão sobre o destino dos meus fundos.

O mapeamento das bolsas do Centro das Fundações fornece muitas dessas informações, mas esse é apenas o primeiro passo. Não abrange todas as fundações dos EUA, nem as fundações fora dos EUA ou os filantropos individuais e os investidores de impacto. Compilar as inúmeras informações e organizá-las para serem utilizadas exige que entrem em cena as ferramentas e os avanços tecnológicos. De que forma devemos convencer as fundações a compartilhar as informações sobre o que estão fazendo referente ao que deu certo e funcionou e em especial o que não deu certo, é que é um tema totalmente diferente.

Mas isto vai além das considerações práticas. Lucy Bernholz encoraja-nos a “imaginar como seria o investimento filantrópico e social quando realizados baseados em dados”. Ela afirma que ainda estamos no estágio de agregar dados às práticas existentes: “quando os dados passarem a ser o GPS de nossa filantropia, poderemos observar grandes mudanças da mesma forma como temos visto em outras áreas”.

Como em todos os trens da alegria, é importante não exagerar. Muitos de nossos contribuintes assinalam perigos potenciais, especialmente o de assumir “compromissos em demasia” e se basear demais nos dados. No entanto, as recompensas são grandes. Ao falar sobre o que os dados podem fazer para a filantropia implica em observar os progressos reais e práticos sendo feitos agora e as possibilidades de um futuro transformado. Os dados não são apenas para nerds.

*Caroline Hartnell é editora-chefe do revista Alliance.

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