Educação é fator importante nas diferenças salariais

Por: GIFE| Notícias| 16/09/2002

ALEXANDRE DA ROCHA
Subeditor do redeGIFE

Segundo o levantamento Diferenças Salariais no Brasil, divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no último mês, o tempo de estudo tem influência direta nos rendimentos do trabalhador, e ela aumenta de acordo com o ciclo educacional. Cada ano no ensino superior pode significar uma diferença de até 300% quando o ensino fundamental é a referência.

Elaborado por Allexandro Mori Coelho, da USP (Universidade de São Paulo), e Carlos Henrique Corseuil, da diretoria de estudos sociais do Ipea, o estudo faz uma análise das pesquisas sobre as características do mercado de trabalho brasileiro nos últimos 30 anos. Segundo os autores, além da educação, as diferenças salariais brasileiras estão diretamente ligadas a determinantes como cor, gênero, experiência e registro profissional.

Apesar de estar diminuindo, a discriminação em razão do sexo do trabalhador ainda é um importante componente do diferencial salarial. No final da década de 70, as mulheres costumavam receber até 70% menos dos que os homens, índice que caiu para 25% no final da década de 90. As pesquisas avaliadas pelo estudo do Ipea apontam o aumento do nível de escolaridade das mulheres como fator responsável pela queda na diferença salarial.

A discriminação racial também influi nos diferenciais salariais. Muitos autores relacionam esta diferença à chamada “”herança da escravidão””, que impôs às famílias negras um nível socioeconômico inferior ao das famílias brancas. Como este fator está diretamente ligado à educação, os brancos acabam tendo acesso ao ensino de melhor qualidade e, portanto, recebem mais. Em geral, a diferença salarial entre brancos e não-brancos fica em torno de 16%.

Outros fatores – Experiência, registro em carteira profissional e sindicalização também são outros fatores que podem incidir, mesmo que em menor proporção, sobre a remuneração do trabalhador.

No que diz respeito à experiência, ela se mostrou muito mais significante quando a mesma é adquirida dentro de uma organização do que aquela absorvida no mercado de trabalho de uma forma geral. Além disso, o levantamento realizado pelos pesquisadores do Ipea aponta evidências de que os diferenciais salariais associados a uma idade maior cresceram a uma taxa mais alta para os mais educados relativamente aos com menos instrução.

Os trabalhadores com carteira de trabalho assinada também recebem maiores salários. Além de gozarem dos benefícios previstos em lei, o registro chega a aumentar os rendimentos em 30%. Entre os sindicalizados a diferença é menor e aumenta em cerca de 5% o contracheque.

Todas estas questões serão aprofundadas pelo Ipea entre os dias 6 e 8 de novembro, em Brasília (DF), durante o seminário Diferencial de Salários no Brasil. O objetivo do encontro é analisar o motivo que leva as diferenças salariais brasileiras serem bem mais elevadas do que aquelas observadas em economias em estágio de desenvolvimento similar.

Clique aqui e leia a íntegra do estudo Diferenças Salariais no Brasil

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