Elevando as normas para a filantropia

Por: GIFE| Notícias| 21/01/2011

Paul Shoemaker*

Não sou historiador, mas sei que centenas de anos atrás, você poderia simplesmente “pendurar sua placa” e ser um médico, ou um advogado, ou… Bem, a qualidade da Saúde e as leis têm avançado consistentemente desde aqueles primitivos tempos. Temos muito que discutir a respeito do Sistema da Saúde atual, mas a qualidade (apesar de não ser o custo ou a acessibilidade) da saúde tem avançado infinitamente muitos níveis. Uma parte disto são, logicamente, os padrões, a educação e o treinamento necessários para ser um médico. Ou um advogado, ou… Você não pode mais simplesmente pendurar uma placa.

Tenho refletido sobre a profissão de consultor de filantropia. Hoje em dia, você pode muito bem pendurar uma placa e ser um “conselheiro de filantropia”. Estou cético de instituir extensas regulamentações para a profissão, mas acredito mesmo que se colocar como guia desses ativos filantrópicos, merecem uma maior conscientização de credenciais e certidões.

Se um indivíduo com alto patrimônio líquido tivesse uma informação melhor, confiável, com “sinais de mercado”, quando tivesse que tomar uma decisão baseada em uma consulta sobre onde investir (não apenas financeira), a qualidade da filantropia em si progrediria. Os cursos da Chartered Advisor in Philanthropy (CAP) oferecidos pelo The American College é um bom passo dado nessa direção e torço para que não seja o último.

Do meu ponto de vista, há uma vantagem no Social Venture Partners (SVP), vejo também a situação desde o outro lado, da perspectiva das organizações sem fins lucrativos. Em geral, o mercado filantrópico é muito ineficiente para ONGs. Ser um consultor, certamente, não é uma profissão como a de médico, advogado, nem deveria ser. A prática da filantropia não deveria ser regulamentada. Mas também deveríamos reconhecer que você certamente pode “pendurar a placa” e ser chamado de consultor e estar no negócio.

Por outro lado, esse é um problema para o setor com fins lucrativos. Não me interpretem mal: doar é um ato voluntário. Qualquer ser humano pode tomar a decisão de fazer uma doação e a marca de um filantropo deveria ser mais ampla que simplesmente quanto dinheiro tem. No entanto, também podemos dar passos significativos na qualidade da filantropia se criássemos um tipo de certificação ou padrões para o que significa ser um doador eficiente.

Sei que uma definição nunca será universalmente acordada e eu não estou sugerindo algo mandatório ou regulamentado. Estou sugerindo que uma organização sem fins lucrativos sabe muito pouco sobre alguém que se apresenta para dar-lhe apoio como doador, apenas com o conhecimento que ele pode colher do defeituoso boca a boca.

Pense então de como organizações sem fins lucrativos têm que ser eficientes em termos de gerir seus recursos e desenvolver fundos. Basicamente, elas têm que procurar a maioria dos doadores em potencial com o mesmo nível de esforço e tempo. A ineficiência nesse mercado é muito alta.

E se houvessem certidões voluntárias que um investidor social poderia alcançar que mostrasse seu nível de experiência, treinamento e educação? Visto que educar e habilitar filantropos é o que fazemos, a SVP poderia, por exemplo, fazer uma parceria com a Universidade de Washington para criar um programa certificado em filantropia: se uma pessoa fizesse X cursos e tivesse Y experiências com SVP (ou Z cursos com o Philanthropy Workshop), ela poderia chegar a ser “filantropo certificado”.

Quem sabe poderiam se outorgar distintos níveis de certificação, baseados no grau de experiência e educação. Isso ainda não informaria muito a uma sem fins lucrativos sobre a quantidade de capital financeiro do filantropo, mas informaria muito mais sobre a qualidade do capital humano.

De alguma maneira o mercado ainda seria muito ineficiente para as sem fins lucrativos, mas gradualmente se elevariam as normas para a prática eficiente e bem pensada filantropia, assim como dando algo tangível e meritório que os filantropos possam aspirar. Existe um crescente número de programas em universidades e outros lugares para pessoas que desejam ser profissionais e diretores das sem fins lucrativos e então, por que não ter o mesmo para o outro lado do mercado?


*Paul Shoemaker é executivo de ligação no Social Venture Partners Seattle. E mail: [email protected]

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