Em busca de soluções inovadoras

Por: GIFE| Notícias| 16/04/2007

Rodrigo Zavala

Em sua quarta edição, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social se tornou um dos mais celebrados eventos brasileiros do terceiro setor. Realizado bienalmente, tem como objetivo reconhecer e disseminar técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade, e que representem soluções efetivas de transformação social.

Como responsável pelo prêmio, o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, afirma que, na verdade, o evento é um pretexto para atrair idéiasinovadoras. “”Elas são soluções e podemos dar escala a elas””, acredita.

Ele dá como um caso concreto a tecnologia social das cisternas de placas, que deu origem ao Programa de Um Milhão de Cisternas no semi-árido brasileiro. “”Foram os pedreiros que pensaram em uma solução simples e barata para diminuir a falta de água para o consumo””, lembra.

As tecnologias sociais, após certificadas, passam a integrar o Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação Banco do Brasil, uma base de dados on-line disponível na internet.

Em entrevista ao redeGIFE, Pena fala sobre a importância de se estimular tecnologias sociais no Brasil e como o saber popular é importante na construção de ações em prol da inclusão social.

redeGIFE – O que a Fundação Banco do Brasil define como tecnologia social?
Jacques Pena – Trata-se de um conjunto de práticas e metodologias desenvolvidas a partir da aplicação do conhecimento científico ou do saber popular. Elas possibilitam desenvolver um projeto ou alguma técnica que leve à inclusão e transformação social.

Um exemplo real é um projeto voltado à pesca de camarão. É possível criar um determinado equipamento de baixo custo que melhore a pesca e retenha apenas os maiores camarões. Parece uma coisa muito pequena em termos de conhecimento científico, mas é grande para quem está no dia-a-dia pescando. A iniciativas também podem ser oriundas de técnicas mais elaboradas, criadas por algum pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), por exemplo.

redeGIFE – O que deu origem ao prêmio?
JP – A Fundação Banco do Brasil sempre teve um comprometimento com a ciência, tecnologia e inovação. Ela foi criada em 1985 a partir de um recurso que havia no banco, desde a década de 70: o Fundo de Incentivo à Pesquisa em Ciência e a Tecnologia, que foi transferido para a fundação. Aliava-se assim o compromisso de fazer investimento social e a preocupação histórica de estímulo à inovação.

Um prêmio que unificasse esses dois princípios foi, então, natural. A tecnologia, em geral, é importante para qualquer país. Para uma fundação que faz investimento social, torná-la útil para o bem comum e acessível para todos é o mais importante.

Além disso, o prêmio foi a forma que encontramos para coletar depósitos para o nosso banco de tecnologias sociais. Precisávamos atrair clientes para ele, isto é, criar uma estratégia para atrair boas idéias, bons projetos e disseminá-los para que possam ser reutilizados e replicados em outras comunidades, em outras realidades.

redeGIFE – Qual é o balanço que se faz?
JP – Tem sido positivo. A fundação foi, junto a algumas outras instituições, pioneira no debate sobre tecnologias sociais. O prêmio, criado em 2001, tem servido para aumentar essa discussão, porque se tornou um momento de mobilização em torno do conceito. E o fato de um determinado projeto ser reconhecido e certificado por meio do prêmio traz um retorno para ele muito grande, porque é disseminado e replicado em escala.

Caso concreto é a tecnologia social das cisternas de placas, que deu origem ao Programa de Um Milhão de Cisternas coordenado pela ASA (Articulação do Semi-Árido) em parceria com mais de 750 entidades e organizações da sociedade civil de 11 estados, incluindo o Banco do Brasil.

Foram os pedreiros do semi-árido que pensaram na construção de cisternas que acumulassem a água da chuva captada nos telhados, estocando-a para os períodos de estiagem. É uma solução simples, barata, que diminui à falta de água para o consumo no semi-árido brasileiro. Hoje, se você anda pela região e encontra mais de 260 mil cisternas de placa.

Serviço:
Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia SocialInscrições, até o dia 15 de junho, pelo site: www.fundacaobancodobrasil.org.br

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