Empresários assumem compromisso pelo clima e exigem de governo

Por: GIFE| Notícias| 31/08/2009

O Fórum Amazônia Sustentável foi um dos protagonistas, juntamente com o Instituto Ethos, Jornal Valor Econômico e Globonews, de um marco histórico no compromisso da sociedade brasileira para o enfrentamento das mudanças climáticas.

O seminário “”Brasil e as Mudanças Climáticas: Oportunidades para uma Economia de Baixo Carbono””, realizado no dia 25 de agosto em São Paulo, reuniu empresários, governo e ONGs para um debate sobre as perspectivas do setor produtivo nacional ante o desafio de estabelecer no país uma economia com menos emissão de gases do efeito estufa que causam o aquecimento global.

Líderes de 22 entidades e empresas debateram compromissos e propostas do Brasil para as discussões da Conferência de Copenhague, em dezembro. Na ocasião, lançaram a Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. (Leia documento abaixo).

Os signatários se comprometeram a realizar inventários de emissões de gases poluentes e criar mecanismos em suas instâncias que possam orientar o desenvolvimento na perspectiva de uma economia de baixo carbono. O documento também cobra do governo federal o estabelecimento de metas internas de redução de gases estufa e a implementação de políticas públicas para as mudanças climáticas.

Entre elas, a publicação de estimativas anuais de emissões que possam orientar a sociedade na redução dos gases nocivos ao clima e agilidade nos processos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para facilitar o ingresso de tecnologias limpas no país.

No campo internacional, os líderes pedem que o Brasil retome seu papel de liderança nas negociações de dezembro, em Copenhague, durante a Conferência do Clima – COP 15. Um dos quesitos citados no documento refere-se ao mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação – REDD. O mecanismo prevê recursos para quem reduzir o desmatamento ou ajudar a preservar a floresta com iniciativas de conservação e uso sustentável.

O presidente do Ethos, Ricardo Young, afirmou que “”a visão da sociedade está mudando e vem exigindo mais responsabilidade social dos empresários, principalmente na questão das mudanças climáticas””. Para ele, as empresas precisam enquadrar-se no novo modelo econômico que se desenha a partir do cenário climático mundial. Para Young, as mudanças climáticas são um desafio, mas também uma oportunidade de negócios. “”Aqueles que agirem de maneira a proteger os recursos naturais e amenizar o aquecimento global estarão anos-luz à frente no mercado””, e terão maiores chances em uma sociedade que exige posturas mais vanguardistas em relação ao clima.

O co-presidente do conselho administrativo da Natura, Guilherme Leal, enfatizou que o modelo de produção e consumo do século XX já está esgotado e que a sociedade, empresários e governo precisam unir-se em prol de uma nova realidade. “”É preciso tomar atitudes já e o posicionamento do governo é essencial, pois o processo de mudança é complexo, cheio de dúvidas e incertezas””, disse.

“”Carta histórica”” exceção

Para Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon e membro da Comissão Executiva do Fórum Amazônia Sustentável, o compromisso do setor privado influi de modo decisivo na diplomacia brasileira em relação ao posicionamento do Brasil na COP 15.

“”Trata-se de uma carta histórica””, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participou do seminário e prometeu que o Brasil levará para Copenhague metas claras de redução interna em suas emissões.

O embaixador Luiz Figueiredo Machado – principal negociador brasileiro para a discussão das mudanças climáticas na ONU – disse que a atual crise climática requer uma resposta imediata não apenas do Brasil, mas de todo o mundo, principalmente dos países desenvolvidos. Para ele, o Protocolo de Kyoto não acaba em Copenhague, e o processo de revisão mundial sobre os padrões de sustentabilidade está apenas começando.

Apesar do otimismo, o líder do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, disse que as mudanças são necessárias para um novo modelo de desenvolvimento com base sustentável, mas que, entre firmar compromisso público e implementar mudanças, há um grande caminho a percorrer. Para Rubens, a emergência da questão climática requer medidas concretas e a sociedade precisa acompanhar os compromissos assumidos.

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