A Natura< realizou, às vésperas do Dia Nacional da Alfabetização, dia 14 de novembro, o Encontro Nacional Crer para Ver, na sede da empresa, em Cajamar (SP). O evento reuniu cerca de 150 profissionais da área de educação que discutiram temas fundamentais da educação no Brasil, durante os dias 11 e 12 de novembro.

A abertura do evento foi feita pelo co-presidente do Conselho de Administração da Natura e idealizador do programa Crer para Ver, Guilherme Leal. O empresário enfatizou a necessidade de tratar a educação com prioridade.

“”Não é possível ter educação de qualidade sem participação mais ampla da sociedade. Para a Natura a educação é um compromisso central. A falta de investimentos nos condena a repetir um modelo de sociedade que nos tornou um dos países mais injustos do planeta. O Crer para Ver foi a ferramenta para que as pessoas entendessem que dá para ser as duas coisas, vender cosméticos e gerar renda e também investir na educação””.

Papel essencial – Durante o evento, a coordenadora geral do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), Maria Cristina Gonçalves Ribeiro Pereira, disse que com as constantes mudanças na sociedade, das tecnologias da informação e da comunicação, os currículos escolares necessitam de revisão e atualização para refletirem as necessidades reais dos estudantes, de forma a viabilizar um aprendizado adequado a cada realidade.

“”O diálogo da escola com a comunidade é primordial para melhoria da educação””, sentenciou Maria Cristina. A entidade que coordena é parceira da Natura no Projeto Encontros de Leitura do Programa Crer para Ver.

Para a escritora Ana Maria Machado, uma das convidadas do Encontro Nacional Crer para Ver, o desafio é formar leitores desde cedo, garantindo o acesso à leitura. “”Não conheço uma só criança que não tenha interesse em ler um livro se tiver um ao alcance das mãos.””

O professor José Francisco Soares, da UFMG, destacou que a desigualdade educacional do Brasil é maior que a de renda. Ele também ressaltou a importância de desenvolver o hábito da leitura e usá-lo como medida de conhecimento, o que chama de competência leitora – capacidade de compreender textos escritos, utilizá-los e refletir sobre eles de forma a atingir seus objetivos, desenvolver seus conhecimentos e participar criticamente da sociedade.

Avanços – Outros pontos destacados pelos participantes foram os avanços na educação brasileira nos últimos anos. O número de analfabetos vem caindo, e a escolaridade, aumentando. Entretanto alguns aprimoramentos precisam ser feitos. “”O Brasil já conseguiu desenvolver indicadores para a educação, precisa agora transformar os indicadores em informação e usá-los em processos de decisão””, disse o professor-adjunto do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), André Urani.

Para a diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão de Sistemas do Ministério da Educação, Cleuza Repulho, é preciso mecanismos mais eficientes para medir não só qualidade do ensino como também a gestão dos recursos. Para tanto, está em discussão a Lei de Responsabilidade da Educação, que deve estabelecer critérios para que Estados e municípios cumpram metas para a melhoria do ensino.

Leitura – Além das palestras, representantes de cada projeto do Crer para Ver apresentaram resultados. Atualmente, o programa envolve sete projetos com foco em aprimoramento de educadores e incentivo à leitura em parceria com 45 prefeituras, oito organizações da sociedade civil e uma instituição acadêmica.

Um dos projetos apresentados no evento foi o Encontros de Leitura. A iniciativa tem como objetivo formar educadores que atuam no ensino infantil a fim de que compreendam a importância da leitura no espaço escolar e planejem boas situações para o desenvolvimento da capacidade leitora de seus alunos.

Especificamente, o que se pretende é a inserção na rotina das turmas de 4 a 6 anos de diferentes situações de leitura: leitura em voz alta pelo professor, leitura compartilhada, leitura individual, roda de leitura, entre outras.

Resultados preliminares apontam que o Encontros de Leitura tem atingido suas metas. No município de Sinop (MT), por exemplo, 100% dos professores leram mais de 15 histórias para seus alunos entre maio e dezembro de 2007; em Apiaí (SP) e Atalaia (AL), esses índices foram de 95% e 91%, respectivamente. Em 2008, a meta é que os professores leiam pelo menos 60 histórias para as crianças.

Segundo a gerente de Educação e Sociedade da Natura, Maria Lucia Guardiã, o Encontros e os outros seis projetos que recebem recursos do Crer para Ver têm atingido as metas estabelecidas, resultados que foram apresentados durante o evento.

Para ela, o principal objetivo do Encontro, mais que mostrar resultados do programa, foi debater a qualidade na educação e discutir mudanças possíveis. “”Promover mudanças positivas na educação pública é possível desde que a iniciativa privada, o setor público e as organizações da sociedade civil atuem em conjunto.””

Sobre o Programa Crer Para Ver
O Programa Crer para Ver é uma iniciativa que traduz o compromisso da Natura com a construção de uma sociedade mais justa. Neste sentido, o principal objetivo do Programa é contribuir para um dos aspectos mais relevantes e estruturais da sociedade: a qualidade da educação nas escolas públicas brasileiras.

Por acreditar que a participação de todos é o caminho para mudanças, desde a sua concepção a Natura mobiliza seu canal de vendas para compartilhar a importância e o valor da educação. Para isso, a empresa desenvolveu portfólio exclusivo de produtos, cuja venda, feita de forma voluntária pelos Consultores, viabiliza financeiramente o Programa.

Desde o início do Programa, em 1995, esta mobilização arrecadou mais de R$ 28 milhões, o que possibilitou investir em iniciativas voltadas para o Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, resultando em mais de um milhão de alunos beneficiados.

Desde 2006 o Crer para Ver passou a desenvolver projetos próprios e ampliou a sua atuação, investindo também na educação de crianças de zero a 6 anos. Nesses níveis e modalidades de ensino, a leitura é o principal foco de atuação do Programa, por este ser um tema mundialmente reconhecido como determinante para a evolução da aprendizagem e para promover um melhor desempenho escolar.

O Programa Crer para Ver pressupõe a atuação e o esforço conjunto entre a iniciativa privada, o setor público e as organizações da sociedade civil (OSC) em seus projetos. Atualmente, o Programa atua em parceria com 45 prefeituras, oito OSCs e uma instituição acadêmica.