Encontro debate estratégias de apoio a organizações de base

Por: GIFE| Notícias| 02/09/2010

Izabel Toro*

Cerca de 40 lideranças de importantes institutos, fundações e empresas no Brasil puderam trocar experiências e alinhar conceitos sobre suas estratégias de atuação com desenvolvimento de base, em encontro realizado pela Aliança GIFE RedEAmérica, no dia 24 de agosto, em São Paulo.

O evento faz parte de uma série de encontros promovidos pela Aliança e, desta vez, contou com a participação da coordenadora institucional da Oficina de Ideias e Marketing Cultural, Cenise Vicente, a consultora, especialista em negócios inclusivos, Vivianne Naigeborin e o especialista em desenvolvimento comunitário, Rogério Arns Neumann. Convidados para palestrar a partir de suas experiências, ele foram moderados pelo secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.

Durante os debates com os participantes, ficou clara a importância de se discutir estratégias de como repassar recursos para ONGs de forma mais eficiente. Afinal, o contexto atual para o setor social brasileiro é de uma escassez de recursos, devido à saída das agências de cooperação internacional do país, que gera uma crise de sustentabilidade nas organizações de base.

Para Rogério Arns, o Brasil está atrasado no que se refere a uma cultura de doação. “É preciso aprender a doar recursos para os mais pobres fazerem o que quiserem”, afirmou. É a “mudança cultural” proposta por Cenise, durante o encontro.

No entanto, não basta doar, o foco do trabalho comunitário deve estar nas fortalezas locais, isto é, valorizar as capacidades coletivas daquela região ou grupo. E para efetivamente transformar é preciso “incentivar a formação de comunidades resilientes que podem mudar conforme as alterações da realidade”, assegurou Rogerio.
Quando essas capacidades coletivas são ignoradas, ocorre, segundos os especialistas um erro comum: os gestores sociais tomam decisões e assumem funções no lugar da comunidade.
Negócios inclusivos
Outra forma de desenvolver comunidades são os negócios sociais ou inclusivos, iniciativas rentáveis e auto-sustentáveis, que usam mecanismos de mercado para melhorar a qualidade de vida das comunidades. Sobre essa temática, Vivianne Naigeborin lembrou que essas iniciativas despertaram com o surgimento de novos empreededores sociais, que buscaram retorno financeiro, social e ambiental em seus negócios.

Segundo ela, pensar soluções em escala, combinar o triple bottom line e a sinergia com o core business das empresas seriam algumas vantagens de se investir nos negócios inclusivos, considerada uma alternativa efetiva para programas de desenvolvimento de base.
Mas como todo trabalho social essa forma de investimento social enfrenta alguns desafios, como os poucos modelos consolidados existentes e o baixo envolvimento das comunidades nos negócios. Este último pode ser explicado dentro da lógica da percepção das capacidades coletivas de uma localidade; se o capital social de uma comunidade é ignorado, não há identificação com o projeto.

Cenise Vicente considerou que um projeto de desenvolvimento de base só será apropriado por uma comunidade, se ela for considerada durante o processo de concepção da proposta. Pois dessas pessoas dependerá o sucesso da iniciativa. “Precisamos ser dispensáveis na comunidade, trabalhamos para isso e a manutenção da clientela significa fracasso na área social” afirmou Cenise.

Outra fala comum entre os palestrantes foi a questão da escala no desenvolvimento de comunidades. Ao mesmo tempo em que é essencial preservar as características locais das comunidades, como fazer para dar escala aos processos de desenvolvimento?

Rogério Arns respondeu com uma pergunta: “Queremos escala de quê? De produtos ou resultados?”. Segundo o especialista, muitas instituições estão se especializando nos produtos e serviços, mas não nos resultados.

Para responder a essa inquietação seria necessário investir na soma dos pequenos, em uma cadeia de organizações que juntas conseguiriam ampliar os resultados. Embora já tenhamos hoje diversas tecnologias sociais, podemos afirmar que elas são voltadas para os sintomas e para as estruturas, mas não tem poder de gerar justiça social.

Para que isso aconteça, as tecnologias sociais devem estar associadas às políticas publicas. Ou seja, para uma real transformação social é necessário casar o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento comunitário.


*Izabel Toro é Mestre em Serviço Social e Coordenadora da Aliança GIFE RedEAmérica.

Atuar com o desenvolvimento de base significa dar apoio técnico e financeiro direto às organizações de base comunitárias, de forma a fortalecer a capacidade dessa comunidade de se auto convocar, definir coletivamente as suas necessidades, identificar alternativas de ação para superação de seus problemas, formular e executar programas e projetos, fazer parcerias e participar ativamente da construção de sociedades democráticas

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