Encontro Ibero-Americano discute o terceiro setor na economia

Por: GIFE| Notícias| 14/01/2002

A cidade de Barcelona (Espanha) recebe entre os dias 13 e 15 de maio o VI Encontro Ibero-Americano do Terceiro Setor. Em entrevista ao redeGIFE, o presidente da Comissão de Organização, Rafael Guardans, fala sobre o evento, que neste ano discutirá o tema O Terceiro Setor na Economia.

redeGIFE – Quais os principais objetivos dos Encontros?
Rafael Guardans – Os principais objetivos dos Encontros são fortalecer o terceiro setor, a participação cidadã e o conceito ibero-americano.

redeGIFE – Qual a diferença entre os Encontros e outros congressos e conferências sobre o terceiro setor?
Rafael – Não é fácil apontar diferenças entre os Encontros e qualquer outro tipo de reunião ibero-americana. Ao meu ver é mais interessante que os participantes tenham claras as características de cada evento para que eles possam buscar as diferenças. No Encontro Ibero-Americano os interessados encontrarão um espaço de diálogo que inclui todos os atores do terceiro setor e que respeita as diferenças entre os países da região.

redeGIFE – Por que o tema central desta edição será o terceiro setor na economia?
Rafael – Esta edição pretende dar continuidade aos debates dos Encontros anteriores. Em 1998, em Buenos Aires, Argentina, chegamos à conclusão que a articulação entre mercado, Estado e sociedade civil é um elemento fundamental do novo contrato social e é o terceiro setor quem tem a capacidade de imprimir força a projetos de longo prazo como os necessários para darmos novos rumos ao desenvolvimento. Em 2000, em Cartagena das Índias, Colômbia, avançamos mais ao discutirmos a relação entre o governo e a sociedade civil. O relato final afirma que as organizações do terceiro setor podem ajudar o Estado na retomada de sua institucionalidade, governabilidade e liderança, assim como contribuir para a formação da cidadania, com a construção de comunidades e de capital humano e social. O mesmo documento cita uma frase de Günter Grass (escritor alemão, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1999), que ajudou a refletir sobre a relação entre primeiro e terceiro setores: “”À riqueza que se acumula, responde a pobreza com taxas cada vez maiores de crescimento. O Norte e o Ocidente, ansiosos por segurança, podem seguir querendo proteger-se e firmar-se como fortaleza contra o Sul pobre. Mas as correntes de refugiados os alcançarão e nenhuma regra poderá conter o fluxo dos famintos.”” Dessa maneira, é natural que o VI Encontro leve sua reflexão para a economia. Neste mundo globalizado, é importante perder o medo diante de um tema tão relevante. As discussões até agora não deixaram de ressaltar, pelos mais diversos pontos de vista, o protagonismo que é dado ao terceiro setor na sociedade. Nesta lógica, chegamos ao momento de relacionar a área social com o mundo econômico que nos levará, sem dúvida alguma, a destacar ainda mais o papel de destaque das entidades na sociedade do século XXI.

redeGIFE – Qual a importância das organizações privadas que realizam investimento social neste cenário?
Rafael – Falar da relação entre o terceiro setor e a economia não é apenas centrar o debate em torno das grandes organizações sociais, que em muitos casos vêm do mundo empresarial. Estamos propondo uma reflexão mais ampla. Contudo, e sem ignorar o peso e a capacidade de operação de dezenas de milhares de entidades, não podemos ignorar o papel importante dos institutos e fundações de origem privada dada sua privilegiada capacidade de influência na sociedade.

redeGIFE – Quais outros temas serão debatidos neste Encontro?
Rafael – Os temas, sempre sob a reflexão central do terceiro setor na economia, estão dividos em cinco blocos: I – O papel do terceiro setor frente à globalização e è economia do conhecimento; II – O terceiro setor como promotor de emprego e sinergias com o desenvolvimento local; III – O terceiro setor como catalisador da responsabilidade social das empresas; IV – O terceiro setor e o grande desafio da educação; e V – O terceiro setor como promotor de processos de responsabilidade ambiental.

redeGIFE – Em Barcelona, o brasileiro Joaquim Falcão – membro da Junta Diretiva dos Encontros Ibero-Americanos – tomará posse como presidente do Conselho Diretor do evento. Qual a importância do Brasil ocupar um cargo como este?
Rafael – Para poder entender como é relevante a nomeação de Joaquim Falcão é importante entender que o Conselho Diretor assumiu o compromisso de dar continuidade aos Encontros bienais, sempre envolvendo os mais diferentes atores do terceiro setor. Dessa forma, é muito importante que um brasileiro com a trajetória e o conhecimento de Joaquim Falcão assuma a posição pois será, sem dúvida, um grande impulso para a continuidade deste movimento.

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