Entrevista- “A governança é um dos maiores desafios colocado à frente das Fundações e Institutos Empresariais”

Por: GIFE| Notícias| 29/07/2013

Instrumento essencial para a formação da reputação de uma organização, a governança afeta diretamente sua capacidade de atração de recursos e retenção de talentos. A concorrência por recursos para o Terceiro Setor vem tornando a governança item indispensável na pauta de discussão dos órgãos de administração das Fundações e Institutos Empresariais (FIES) .

Especialista nas áreas de governança corporativa e gestão de responsabilidade social empresarial, Arnaldo Rezende explica ao redeGIFE por que a governança é atualmente um dos maiores desafios colocado à frente das Fundações e Institutos Empresariais. Há aspectos específicos como a utilização de recursos oriundos de incentivo fiscal, consenso quanto ao uso e aplicação de indicadores que realmente evidenciem os resultados sociais e ambientais além dos econômicos, atrelados ao limite razoável de influência do patrocinador sobre a missão estatutária da organização, dentre outros.

Confira a entrevista

redeGIFE: Qual o principal desafio para a implantação da governança de FIES ?
Rezende: Não vejo um único elemento “chave” que seja entrave para implantação da governança nas Fundações e Institutos Empresariais. A meu ver, o fato de serem “híbridas”, por terem sua origem privada, porém com objetivos de interesse público, acrescido do dilema de ausência do agente proprietário do ponto de vista legal, mas com a constante presença da empresa mantenedora comandando os rumos, em um ambiente ainda com insuficiência de marco regulatório, caracteriza-se no núcleo desafiador de estruturação e garantia da adoção dos princípios gerais da boa governança para o exercício legítimo de suas atividades.

redeGIFE: Qual é o potencial conflito entre FIES e seus mantenedores?
Rezende: Aqui a resposta é plural, são vários. Destaco: conselho das FIES formado quase que exclusivamente por executivos e acionistas da empresa mantenedora, utilização pela empresa das ações sociais das FIES para campanhas publicitárias, investimento via recursos oriundos de incentivo fiscal misturando-se com o investimento social “puro”, desalinhamento entre o orçamento da empresa mantenedora e a missão estatutária das FIES, independência no uso e aplicação de indicadores que realmente evidenciem os resultados sociais e ambientais além dos econômicos, bem como o estabelecimento do limite razoável de influência do patrocinador sobre a missão estatutária da organização, dentre outros.
redeGIFE: Quem é o responsável por liderar as estratégias de governanças dentro dessas organizações? Deve partir das FIES ou de suas mantenedoras?
Rezende: Entendo que ambas as partes, inclusive com busca permanente da assimetria entre as boas práticas da empresa em relação as da FIES e vice-versa.
redeGIFE: No Brasil, percebe-se um aumento no interesse pelo tema. Na prática, você enxerga um salto qualitativo nas práticas?
Rezende: Sem dúvida. Embora nosso “base line” seja modesto, estamos em um processo ainda lento, porém continuo de estruturação, basta ver que a Governança é atualmente um tema presente na mesa dos gestores / dirigentes de inúmeras Fundações e Institutos Empresariais.

Arnaldo Rezende é Superintendente Executivo da Fundação FEAC e Conselheiro Fiscal do GIFE. Rezende também é consultor do GIFE no Curso de Governança para Fundações e Institutos Empresariais. A próxima edição acontece nos dias 13 e 14 de agosto, em São Paulo. Saiba mais aqui.

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