Entrevista- Não basta ser bem elaborado. O projeto tem de ser bem gerenciado

Por: GIFE| Notícias| 27/05/2013

Não há como desvincular a elaboração de projetos de sua dimensão sustentável, com indicadores e aplicabilidade pensados durante sua própria concepção. Especialista em processos de desenvolvimento organizacional e comunitário, planejamento estratégico e fortalecimento de conselhos em organizações sem fins lucrativos, Rosana Kisil fala ao redeGIFE sobre a importância da construção de projetos bem articulados com as demandas sociais e com indicadores claros de avaliação de resultados.

redeGIFE: Na perspectiva da sustentabilidade, qual a importância de se ter um projeto bem elaborado e monitorado?

Rosana Kisil: Um projeto bem elaborado facilita o diálogo social em torno de suas ideias e atividades. Facilita a articulação de diversos interessados e pode potencializar muitas parcerias e iniciativas de captação de recursos.
Ele também fortalece a governança institucional, democratiza a informação e permite que haja transparência física e financeira.

Ao projeto, contudo, não basta ser bem elaborado. Tem de ser bem gerenciado. É uma gestão de qualidade que valoriza um bom processo de elaboração. Um não adianta sem o outro.

redeGIFE: Qual a necessidade de se ter a composição do projeto juntamente com a avaliação?

Rosana: O ganho maior está em criar um marco inicial de dados para servir como base de comparação com situações posteriores. Um segundo benefício é o de ter um conjunto de indicadores de monitoramento que servirão para observar o processo planejado e tomar decisões em tempo de corrigir erros ou mesmo de mudar o curso das ações.

Há ainda um terceiro ganho, que é ter tempo para se preparar para uma avaliação futura – prever/guardar dinheiro para isto, se antecipar tecnicamente para receber/realizar/acompanhar um processo de avaliação, o que implicará em estudar, organizar a equipe, participar de cursos e encontros sobre o tema.

redeGIFE: As organizações sociais ainda têm dificuldade em pensar conjuntamente a composição de projetos e a avaliação?

Rosana: Sim, a avaliação ainda não faz parte da estrutura mental de concepção de um projeto. Minha experiência tem mostrado que mesmo as organizações mais estruturadas ou antigas não elaboram um plano para a avaliação ou mesmo demoram a colocar em campo uma avaliação de marco zero. Talvez porque isto exija um investimento de tempo para pensar sobre resultados esperados, formular indicadores, coletar dados em campo e elaborar um relatório; as equipes não têm instalado esse espaço em sua dinâmica, não estão acostumadas a incluir este trabalho em seu cotidiano.

Depois da barreira do tempo há a barreira dos recursos, pois, caso a equipe elabore um Plano de Avaliação, muitas vezes precisa contratar uma consultoria externa para coletar os dados e concluir um relatório, e isto custa dinheiro.

redeGIFE: As tecnologias de avaliação e monitoramento do setor privado seguem a mesma lógica para o setor social?

Rosana: Sim e não. Sim, no que se refere ao uso de metas e indicadores para criar um campo de observação e julgar o resultado. Inclusive financeiro. Não, no que se refere à abertura mental para identificar novos elementos e presenciar transformações que antes não estavam previstas no projeto. Resultados não esperados são, muitas vezes, os mais importantes num projeto social. A avaliação de projetos sociais tem desenvolvido tecnologias inovadoras no que se refere à captura de dados não quantitativos e/ou intangíveis.

Rosana Kisil é consultora do GIFE no curso Ferramentas de Gestão. Os módulos “Composição de projetos na perspectiva da sustentabilidade”, que acontece nos dias 06 e 07 de junho, e “Avaliação de Projetos”, que acontece nos dias 26 e 27 de junho estão com inscrições abertas. Saiba mais aqui.

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