Entrevista- Os desafios da coleta

Por: GIFE| Notícias| 11/03/2013

WINGS trabalha no desafio de coletar dados globais em filantropia

A WINGS (Worldwide Initiatives for Grantmaker Support), organização global que reúne associações de investidores sociais e instituições de apoio ao setor, cuja sede é no Brasil, reuniu na última semana de fevereiro um grupo de representantes do investimento social global, com o objetivo de construir diretrizes para a coleta de dados sobre o setor no mundo. O “Global Consultation on Philanthropy Data”, que aconteceu no Rio de Janeiro, foi hospedado pela Fundação Roberto Marinho, com apoio da Fundação Vale e do Instituto C&A, todos associados GIFE.

Com um grupo de lideranças em filantropia de peso, como Foundation Center, Bill & Melinda Gates Foundation, China Foundation Center, Social Surveys Africa, Mott Foundation, GIFE, entre outros, foram identificados os principais benefícios de um alinhamento global sobre coleta de dados. Além disso, durante os três dias de evento, também foram levantados os pontos de concordâncias desse grupo, que reconhece a dificuldade de coletar e agregar dados de regiões com contextos, normas e prioridades diferentes.

Como resultado, foi elaborada a primeira versão de uma carta global de princípios sobre a coleta de dados do investimento social, que poderá levar a uma visão comum de como as organizações podem colaborar na criação de uma cultura local de coleta que, mais tarde, sejam comparáveis de forma global.

O redeGIFE entrevistou a Coordenadora de Gestão do Conhecimento da WINGS, Ana Borges Pinho, que falou sobre os trabalhos realizados no encontro e os próximos desafios.
redeGIFE: Por que fazer essa reunião no Brasil?

O Brasil assumiu uma posição de destaque no cenário mundial, atraindo a atenção de todos, e é preciso mostrar que o país está apto e aberto a receber iniciativas globais. O fato da WINGS ter escolhido o país como sede já diz muito a este respeito. Além disso, é sempre importante que fundações de países diferentes possam trocar ideias e dialogar entre si, enriquecendo e potencialmente aumentando o impacto do seu trabalho. O patrocínio do Instituto C&A e o apoio da Fundação Roberto Marinho, Fundação Vale, além do GIFE, foram fundamentais para o sucesso da reunião.

redeGIFE:O que é esta carta de princípios?
O objetivo da Carta é reunir um conjunto de princípios facultativos que possam guiar as organizações na coleta, gerenciamento e disseminação de dados, além de facilitar parcerias na área. Um alinhamento sobre padrões e colaborações pode evitar que organizações trabalhem em isolamento e dupliquem trabalhos já sendo realizados, fortalecendo o setor como um todo.

redeGIFE: Em relação a ter uma coleta de dados mundial padronizada, quais são os desafios que vocês perceberam nesta reunião?
É sempre um desafio conciliar diferentes posições, ainda mais num âmbito global. Diferentes países e organizações têm prioridades diferentes e enfrentam desafios diferentes. Enquanto há diversas iniciativas de coleta de dados nos Estados Unidos e na Europa que precisam ser alinhadas, ainda há muito o que se fazer para que se comece a trabalhar com dados em outras regiões. Outro desafio é incutir nas pessoas e organizações uma cultura de dados, para que usem informações de forma a facilitar seu trabalho e maximizar resultados. O importante também é focar nas questões em comum, não somente nas diferenças e desafios.

redeGIFE: Visto a representatividade institucional dos participantes, não é trabalhoso chegar a consensos?
Por se tratar de uma reunião técnica, todos os participantes já trabalham com ou têm um grande interesse por coleta de dados. Todos reconhecem a importância de informações para o desenvolvimento do setor, para que se trabalhe de forma mais estratégica. Este alinhamento facilitou os trabalhos e a redação da versão preliminar do documento. Apesar disso ainda falta um longo caminho a percorrer no que se refere a consultar vários atores, coletar insumos, e aprofundar o documento.

redeGIFE: A partir dessa reunião, quais são os próximos passos de trabalho da WINGS neste tema?
Realizaremos outras reuniões com os participantes, pessoas que foram convidadas e não puderam comparecer a esta reunião e também outros atores interessados no tema. Estas reuniões darão continuidade aos trabalhos realizados no Rio de Janeiro, dando corpo ao documento que estamos criando. Também criaremos uma página em nosso website com atualizações sobre o projeto. Esperamos ter a versão final da Carta em março de 2014 e lançá-la durante o Wings Forum, que será realizado no próximo ano em Istambul.

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