Envolver toda a empresa é principal desafio na elaboração do balanço social

Por: GIFE| Notícias| 11/04/2005

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Estão abertas as inscrições nacionais para o Prêmio Balanço Social 2005, promovido pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), a Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), a Fides (Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social), o Instituto Ethos de Responsabilidade Social e o Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).

Lançada em 2002, a premiação é a única do país que avalia especificamente o relatório anual produzido pelas empresas para mapear suas ações socialmente responsáveis, o Balanço Social. Empresas de todos os portes e setores podem concorrer a troféus e certificados nas categorias Regional (Centro-Oeste, Estado de São Paulo, Sudeste, Norte/Nordeste e Sul); Micro, Pequena e Média Empresa; e Destaque Nacional.

Neste ano, o processo de seleção contará com a auditoria da BDO Trevisan Auditores Independentes. As inscrições vão até 30 de junho e devem ser feitas pelo site www.premiobalancosocial.org.br.

A publicação de Balanço Social é uma ação estratégica na gestão da responsabilidade social. Sua elaboração permite planejar, avaliar e aperfeiçoar atividades, promove a transparência das ações e cria um canal de comunicação entre empresas e sociedade. No Brasil, os modelos mais utilizados são o do Ibase e os Indicadores Ethos, que costumam ser empregados de forma conjunta.

Em entrevista ao redeGIFE, Claudia Mansur, pesquisadora do Ibase, fala sobre a evolução do Balanço Social, os desafios para sua elaboração e a questão de sua obrigatoriedade.

redeGIFE – Quando as empresas começaram a fazer balanço social? Qual a principal evolução neste processo desde então?
Cláudia Mansur – Os primeiros balanços sociais datam do início dos anos 1970 na Europa e, no Brasil, do início dos anos 80. Mas foi somente a partir de 1997 que o tema da responsabilidade social empresarial entrou em pauta nacional e as empresas começaram, de fato, a publicar seus balanços sociais. Em 97 foram quatro e hoje temos, considerando o modelo proposto pelo Ibase, mais de 730 exercícios, relatados por quase 260 empresas.

redeGIFE – Atualmente, qual a importância da elaboração de relatórios sobre a atuação das empresas no que diz respeito aos seus impactos ambientais, econômicos e sociais?
Cláudia – Do ponto de vista interno, a elaboração do balanço social é um exercício de auto-conhecimento e auto-avaliação (O que fazemos? Quanto fazemos? Onde podemos melhorar? Que metas queremos alcançar?). Quanto aos diversos públicos interessados, “”chamá-los”” para o diálogo reflete em melhoria de prestação de serviços, de condições de trabalho, maior cuidado com o meio ambiente e, por que não dizer, redução de gastos e maior lucratividade.

redeGIFE – Há países onde a publicação do balanço social é prevista por lei. Essa obrigatoriedade traz benefícios?
Cláudia – Não somos a favor da obrigatoriedade porque acreditamos que, se isso acontecer, este poderoso instrumento de transformação se tornará mais um documento burocrático, preenchido apenas para cumprir exigência legal. A disposição de se mostrar e se colocar como alvo de comentários, críticas e sugestões é um grande mérito das empresas que publicam balanço social.

redeGIFE – Quais são os principais desafios encontrados pelas empresas na elaboração de um balanço social? Quais elementos devem ter cuidado especial?
Cláudia – O principal desafio é o envolvimento de toda a empresa na elaboração do balanço social. A responsabilidade social deve estar na “”espinha dorsal”” da empresa, fazer parte de sua missão, sendo planejada, praticada e avaliada por todo o corpo funcional. Deve-se também ter o cuidado de ser absolutamente transparente e de estabelecer metas e pontos a serem melhorados. Confiança implica em transparência, e ter a confiança e a credibilidade de seus stakeholders é fundamental para a empresa.

redeGIFE – Qual o público-alvo do balanço social? As empresas costumam fazer a comunicação sobre seus relatórios sociais da maneira como deveriam?
Cláudia – O público-alvo são todos os stakeholders, os públicos interessados na empresa. Nós do Ibase temos uma especial preocupação de que o balanço social chegue às mãos da comunidade, dos consumidores, do corpo funcional e sindicatos e de outras ONGs, para que se torne canal de comunicação com a sociedade civil.

redeGIFE – As empresas têm feito seus balanços sociais da maneira ideal?
Cláudia – A maioria dos balanços apresentam o que achamos ser ideal: dados quantitativos, numéricos, acompanhados de descrições (detalhes) das ações desenvolvidas. Há oito anos as empresas vêm exercitando a elaboração de balanços sociais, tomando como base modelos e orientações como as que hoje estão disponíveis no site do Prêmio Balanço Social 2005.

redeGIFE – De que maneira iniciativas como o Prêmio Balanço Social podem despertar ainda mais a consciência das empresas sobre a importância da elaboração deste tipo de relatório?
Cláudia – Dando reconhecimento nacional a balanços sociais que demonstram não serem apenas mais um documento, mas balanços que reflitam o comprometimento da empresa com a questão da responsabilidade social. Parabenizar publicamente aquelas que assumiram a postura da responsabilidade social e deram transparência a isso dissemina a questão no meio empresarial. As inscrições para o Prêmio Balanço Social 2005 já estão abertas e aguardamos um grande número de participantes neste ano.

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