O ano de 2023 foi considerado o ano mais quente já registrado no mundo, no entanto 2024 pode superar essa marca. No Brasil o cenário é bastante preocupante, como apontado por pesquisadores brasileiros e portugueses em janeiro deste ano no periódico científico Plos One. Os dados mostram que o calor extremo aliado à desigualdade social provocou 48 mil mortes entre 2000 e 2018.
O estudo foi elaborado em 14 capitais e constatou que entre os principais fatores responsáveis pelas mortes estão as doenças do aparelho circulatório, respiratório e as neoplasias. Os grupos mais vulneráveis são as pessoas com menor nível de escolaridade, negros, idosos e mulheres, grupos com menos recursos e condições fisiológicas para adaptação as altas temperaturas.
O Ministério da Saúde tem divulgado iniciativas de proteção, como evitar exposição direta ao sol entre 10h e 16h; uso do protetor solar, de chapéus e óculos escuros; manter a hidratação. Indicações reforçadas por Fernando Augusto Alves da Costa, médico cardiologista da Beneficência Portuguesa (BP).
“Em situação de calor excessivo, o organismo precisa eliminar essa alta temperatura e a sudorese [suor] é a melhor forma. Se durante a sudorese o corpo está perdendo líquido, é preciso reabastecê-lo para resfriar o organismo.” Fernando Augusto Alves da Costa, médico cardiologista da Beneficência Portuguesa (BP).
De acordo com o médico, quando isso não se cumpre, o organismo passa por desidratação, acumulando calor no corpo o que leva a exaustão, cansaço, tontura, irritação e pode provocar desmaios.
O vendedor de camarão Roberto Vieira já vivenciou estes efeitos. “Isso aconteceu em um dia de muito calor, na ocasião meu irmão estava usando um boné de palha e isso fez com que a sua cabeça esquentasse bastante fazendo ele passar mal”, relembra seu irmão gêmeo e companheiro de trabalho, Ricardo Vieira.
Os gêmeos do camarão, como são conhecidos, trabalham de sol a sol nas praias do Rio de Janeiro, uma das capitais abordadas na pesquisa e que atingiu temperaturas próximas a 40º, com sensação térmica acima de 50º em 2023.
“Se o organismo não dá conta do recado perante uma situação de alta temperatura, ele além de partir para a exaustão pode desencadear em algum quadro de insolação”, alerta o cardiologista Fernando Augusto.