Especialistas destacam o papel da inovação nos processos de transformação social

Por: GIFE| Notícias| 22/03/2014

A palavra inovação permeou muitos debates e atividades durante os três dias do Congresso GIFE. A importância de ser inovador, alguns caminhos possíveis para construir processos inovadores e o impacto da inovação foram discutidos intensamente. A plenária de encerramento do evento trouxe o tema novamente à tona frente ao cenário atual de grandes mudanças na sociedade.

Richard Foster, da Universidade de Yale (EUA) e diretor emérito da McKinsey & Company, abriu a seção apresentando um cenário mundial em relação ao capitalismo e o processo de constituição das riquezas mundiais. Richard destacou o grande aumento de novas empresas durante décadas, com destaque para a China, sendo um cenário positivo para o desenvolvimento, tendo em vista que o setor privado gera empregos, impostos e realiza filantropia.

No entanto, dados de 1990 a 2013, mostram um padrão de queda nos números em parte do mundo, como o Brasil. O país também não tem ido bem em relação à velocidade com as quais as empresas têm mudado. E, para mudar, segundo Richard, é preciso que elas estejam atentas a quatro elementos essenciais no seu processo: operar, eliminar, criar e controlar – sendo que todos acontecem ao mesmo tempo

O especialista destacou a importância da criação para o contexto de inovação e disse: criatividade é produzir novas ideias e inovação é aplicar essas novas ideias. E perguntou à platéia: “E qual o segredo do sucesso de empresas de longo prazo? Justamente são grandes taxas de mudanças”, disse.

Glauco Arbix, presidente da FINEP (Financiadores de Estudos e Projetos), acredita que para que o Brasil possa gerar crescimento e sustentá-lo terá, justamente, de conseguir aumentar a sua produtividade, ou seja, produzir melhor, com mais eficiência, eficácia e qualidade. Para alcançar este novo patamar, será preciso, segundo Glauco, um esforço coletivo das empresas, organizações e universidades para produzir bens que ajudem o país a pensar e fazer melhor.

Neste sentido, o investimento em inovação tem espaço fundamental. Na opinião de Bernardo Gradin, fundador da GranBio e co-fundador do Instituto Inspirare e do Porvir, o país vive um momento excepcional para isso ocorrer. “Há um movimento extraordinário de apoio à ciência e à tecnologia, como o FINEP tem dado, e se isso extrapolar para o âmbito da educação, por exemplo, grandes mudanças irão acontecer”, ressaltou. A FINEP destinou em créditos, apoio a pesquisa e etc mais de R$ 10 bilhões em 2013.

No entanto, segundo Bernardo, há ainda questões-chave que atrapalham o processo de inovação no Brasil, como a regulação, que dificulta a abertura e fechamento das empresas. Para ele, é preciso um grande movimento da sociedade para a criação de um marco regulatório que incentive o empreendedorismo social, especialmente de apoio a micro e pequenos empreendimentos.

O nosso papel, para que o empreendedorismo social aconteça e deslanche é o de acelerar a cooperação livre, abundante e em rede entre eles. As empresas podem ajudar nesta estruturação. Os investidores sociais podem reunir as melhores oportunidades brasileiras e transformá-las via inovação e tecnologia”, acredita.

Sobre a questão legislativa, Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS), concorda com Bernardo e trouxe como exemplo a questão do marco cívil da internet, que deve ser votado no dia 25 de março. De acordo com o especialista, é preciso que leis como essa – que falam a respeito de transparência, uso de dados etc – sejam amigáveis à inovação e protejam liberdades civis, criando uma zona de equilíbrio para que os empreendedores não sejam impedidos de criar. Por isso, em sua opinião, todos deveriam participar mais ativamente deste debate, tendo em vista que afeta as possibilidades de desenvolvimento.

Para os especialistas, é preciso ainda criar uma prática de sistematização dos processos de inovação para que as mudanças não ocorram por acaso, no susto, mas sim que as empresas e os empreendedores tenham condições de inovar sempre. “É necessário uma metodologia que busque transformar o processo inovador em algo regular, permanente e duradouro. Isso é dar condições para as empresas incorporem em sua estratégia de crescimento a inovação permanentemente”, disse o presidente do FINEP.

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