Estudo aponta que fortuna dos super-ricos poderia acabar 22 vezes com a pobreza global
Por: GIFE| Notícias| 14/07/2025
Foto: iSTock
Após 10 anos da criação dos Objetivos de Desenvolvimento Social (ODS) pela Organização das Nações Unidas (ONU), a concentração internacional de riqueza permanece em ascensão. É o que mostra o mais novo relatório lançado pela Oxfam: “Do lucro privado ao poder público: financiando o desenvolvimento, não a oligarquia”. O estudo aponta que a fortuna dos super-ricos vem crescendo mais de US$33,9 trilhões desde 2015, valor que poderia acabar 22 vezes com a pobreza global.
“Eu penso que esse cenário revela um profundo contexto de enriquecimento pessoal às custas do empobrecimento coletivo. Existe um sistema em cada país e na relação entre os países que ainda hoje permite um profundo processo de acumulação e de concentração de riqueza”, explica Viviana Santiago, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Com isso eu não quero dizer que não haja esforços para combater a pobreza, o que eu quero dizer é que sem combater a desigualdade essas medidas não são suficientes, porque sempre vai haver um processo de profunda apropriação e exploração daquilo que deveria ser coletivo”, completa.
Nesse sentido, o relatório destaca que “os bilionários, que são cerca de 3 mil pessoas [no mundo], ganharam 6,5 trilhões de dólares em termos reais, mais do que o custo anual para atingir os ODS, estimado em 4 trilhões”.
Criados em 2015, os ODS são 17 objetivos que visam acabar com diversas problemáticas sociais, a exemplo do objetivo que lidera a lista , o ODS 1, que tem como objetivo erradicar a pobreza. No entanto, uma década depois essas metas ainda se mostram de difícil alcance devido à desigualdade social que age com bastante força sobre diversos países, muitos deles no Sul Global, a exemplo do Brasil.
Para Viviana Santiago, a atuação dos setores públicos e privados é ferramenta essencial no combate às desigualdades. Sendo assim, ela convoca o Investimento Social Privado (ISP) a vocalizar essa luta. “Porque num contexto de ameaça a defensores e defensores de direito, quando essas pessoas que têm autoridade nesse campo [filantrópico], mas também no campo econômico são vocais na defesa dessas propostas, além do financiamento dessas ações. Isso também funciona como um mecanismo de proteção, para que esse debate não se esvazie”, avalia.
A liderança da Oxfam também ressalta que o ISP pode fortalecer ações de organizações que monitoram a política fiscal e produzem dados desagregados por raça, gênero e classe. Segundo ela, também é essencial apoiar iniciativas de comunicação que levem esse debate aos territórios, promovendo a educação fiscal de forma mais ampla e inclusiva.