FEAC dá posse ao novo Conselho Curador e anuncia mudanças na governança e gestão

Por: Fundação FEAC| Notícias| 03/04/2023
Posse novo Conselho Curador

As mudanças foram cuidadosamente planejadas e implementadas nos últimos oito anos e formalizadas em duas revisões estatutárias

Na sexta-feira (24), com a posse de seu novo Conselho Curador e de seu novo presidente, Renato Nahas, a Fundação FEAC consolida grandes transformações em seu modelo de governança e gestão. As mudanças foram cuidadosamente planejadas e implementadas nos últimos oito anos e formalizadas em duas revisões estatutárias.

Sob a liderança do então presidente Paulo Tilkian, engenheiro com longa experiência em gestão, a FEAC reviu o seu modelo original de atuação, pautado na transferência de recursos às organizações da sociedade civil (OSC), que era o modo como grande parte das fundações filantrópicas trabalhava nos anos 1960, 1970 e 1980, no Brasil. Por esse modelo, o apoio era repassado às organizações e estas não tinham que cumprir metas ou se responsabilizarem por resultados de transformação social.

Essa forma de atuar trouxe grande sucesso e reconhecimento à FEAC por mais de cinco décadas como principal organização filantrópica no município de Campinas. De lá para cá, no entanto, Campinas passou por grandes transformações – pulando de cerca de 300 mil habitantes para mais de 1 milhão – boa parte formada por populações vulneráveis que foram ocupando as regiões no entorno da cidade, atraídas por oportunidades de emprego.

A demanda social aumentou e a FEAC precisava se ajustar ao novo cenário para continuar fazendo o que sempre fez, mas em uma escala bem maior, beneficiando um número muito maior de pessoas. Para isso, foi preciso pensar em formas de atuar que permitissem uma otimização dos recursos doados, com prestação de contas de resultados e as avaliações de impacto efetivas.

“A FEAC teve muito sucesso no passado com a forma de doar recursos sem compromisso. Ela foi se formando assim. Quando nós quisemos mudar isso enfrentamos muita resistência”, explica Tilkian, ex-presidente do Conselho Curador e hoje conselheiro da FEAC. “Tentamos no início realizar alguns ajustes, mas percebemos que era necessário fazer a mudança completa”, conta. Ao qual se somaram os dois anos e meio de pandemia.

Tempos de mudança: ajustes para ampliar impacto social

“Para uma pessoa que não vem da área social, leva um tempo para você entender como é que funciona e quais as dificuldades que você tem para implementar ideias. E isso me incomodava. Nós tínhamos vontade de fazer mais do que estávamos conseguindo fazer”, relembra Paulo Tilkian. Como primeira providência, propus a separação da área social da área patrimonial, com criação de superintendências específicas.

Paulo Tilkian
Paulo Tilkian, conselheiro da Fundação FEAC

“A área patrimonial deve gerar recursos para a FEAC executar a sua missão, e a sua missão é social. Tendo isso em vista, implementamos a mudança da governança, criando duas superintendências, uma exclusivamente patrimonial e financeira, e a outra exclusivamente social, socioeducativa. Isso trouxe um ganho bastante bom, porque tinha profissionais competentes nas duas áreas. E puderam desenvolver muito bem o trabalho em ambas”, explica.

Na área social, o maior impacto foi a transformação do sistema antigo, em que a FEAC doava recursos para as entidades sociais para que elas se mantivessem, para o novo modelo, em que todos os recursos são repassados para projetos com intencionalidade e resultado bem definidos propostos por organizações parceiras que estejam em sinergia com as linhas de atuação dos programas da Fundação. Mas a FEAC reconhece a necessidade das OSC terem apoio com recursos livres para suas manutenções, e por isso é uma das poucas entidades apoiadoras do Brasil que concede um overhead de 15% do valor de cada projeto para que a organização parceria aplique livremente conforme sua missão institucional.

“Com esse direcionamento as entidades estão contribuindo para um processo intencional de transformação social que é o que a FEAC busca enquanto investidora social. No passado, a FEAC dava o recurso e a entidade simplesmente fazia o atendimento previsto nas políticas de assistência; hoje, com apoio técnico da nossa equipe, ela elabora projetos que estão alinhados aos eixos de atuação dos Programas da FEAC, mas também com claro intuito de transformação social. Essa foi a grande transformação da área social. Isso, em um primeiro momento, pode ter gerado alguma dificuldade para as entidades, mas com certeza gerou maior impacto positivo para as pessoas que são as beneficiárias finais dos projetos”, diz Tilkian. Atualmente, a FEAC tem uma média de 120 projetos ativos por ano.

FEAC cria Conselho Fiscal independente

A nova governança inclui a criação de três comitês: o Comitê Socioeducativo, presidido por Françoise Trapenard; o Comitê Patrimonial, por Marcos Ebert e o de Finanças, Auditoria e Risco, liderado por Paulo Pinese. Outra mudança relevante é que a FEAC passa a ter um Conselho Fiscal independente, que também assume nesta sexta-feira (24), e tem o objetivo de trazer mais compliance, transparência e alinhar a FEAC às boas práticas no terceiro setor.

“A FEAC está participando de um empreendimento para desenvolver o seu patrimônio de grande porte então é muito bom que a gente tenha um Conselho Fiscal potente e atuante”, aponta Tilkian, referindo-se ao desenvolvimento imobiliário envolvendo uma ampla área de terra em torno do Shopping Iguatemi, de Campinas.

A área foi dividida em terrenos, teve a documentação regularizada e se tornará uma nova fonte de renda para a missão social da FEAC. “O solo era uma fazenda e agora é urbano, parcelado e registrado. É essa fase que nós estamos entregando. Esses lotes estão registrados e vão ser fonte de recursos para a área social”, explica Tilkian.

De olho no futuro: caminhamos para outro patamar

Para o novo presidente da FEAC, Renato Nahas, que toma posse hoje para uma gestão de quatro anos, a criação do Conselho Fiscal independente é parte importante das transformações em curso e está alinhada à história da FEAC. “Uma potência econômica que não tem uma mácula em sua reputação em quase 60 anos de atuação. A complexidade de sua administração aumentou, e são bem-vindos um maior compliance e transparência. Estamos caminhando para um outro patamar”, afirma.  

Renato Nahas
Renato Nahas, novo presidente da Fundação FEAC

Um dos desafios de Nahas será aprofundar as mudanças. “Vou seguir implementando tudo que já foi traçado dentro dessa mudança de paradigma adotada pela FEAC, que aprimorou o investimento social privado (ISP) e criou o Núcleo de Inteligência para gerar dados e métricas e medir o impacto das ações sociais que a FEAC está fazendo. Se você quer ser relevante, precisa ter foco”, diz Nahas.

Ele considera que este é o momento de refinar as medidas que começaram a ser implementadas em 2018 e que permitiram à entidade dobrar seus investimentos sociais, que passaram R$ 15 milhões para os mais de R$ 30 milhões previstos para 2023. “O processo de desenvolvimento imobiliário é uma tremenda oportunidade de gerar ainda mais receita para o ISP nos próximos anos”, diz ele, explicando que o empreendimento é administrado pelo consórcio Casa Figueira, do qual a FEAC faz parte com parceiros.

“Nosso objetivo é desenvolver projetos de impacto social que tenham potencial para se transformarem em políticas públicas. Isso já ocorreu em diversas iniciativas, como no caso da oficina para conserto e adaptação de cadeiras de rodas e na parceria com a Prefeitura no Primeira Infância Campineira (PIC)”, diz Nahas, referindo-se a ações da FEAC em parceria com organizações sociais e poder público na área da infância e dos direitos das pessoas com deficiência.

Nahas também lembra que o Conselho Curador da FEAC é formado por voluntários e que, assim como eles, há muita gente que quer atuar de forma voluntária e não sabe como. “Queremos ser o veículo para unir estas pontas. Temos tecnologia social para fazer investimento capaz de mudar a vida das pessoas. Com tanta vulnerabilidade social, não se pode esperar, é preciso agir. A fome tem pressa”, afirma.

Por Natália Rangel

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