Filantropia da diáspora ainda não é bem compreendida

Por: GIFE| Notícias| 06/03/2006

PAULA JOHNSON*,
Especial para a Alliance

A diáspora é uma parte cada vez mais importante do cenário global da filantropia, mas, talvez, uma das menos compreendidas. Com as taxas crescentes de migração e a crescente facilidade das viagens e da comunicação, as noções de “”comunidade”” estão sendo redefinidas.

As pessoas que vivem fora de seus países geralmente mantêm fortes laços familiares, culturais, econômicos e políticos com sua terra natal. Muitas são relativamente prósperas em comparação do que eram em suas comunidades de origem e freqüentemente desejam contribuir com a idéia de voltar.

O fluxo de remessas globais chega a US$100 bilhões, mas o potencial de parte desses fundos para assistir o desenvolvimento por meio de investimentos estratégicos só pouco a pouco é reconhecido e estimulado. Um novo estudo do INSP (International Network on Strategic Philanthropy) analisa as iniciativas atuais e o potencial futuro da captação, expansão e fortalecimento das doações da diáspora.

A escala crescente das doações da diáspora

De acordo com o Banco Mundial, as comunidades da diáspora fizeram remessas de mais de US$100 bilhões (duas vezes o nível de ajuda oficial para o desenvolvimento) para os seus países de origem em 2004. A parte mais vultosa dessas doações vai diretamente para as famílias, porém, uma parcela desconhecida vai para investimento “”sociais”” ou “”filantrópicos””

Apenas recentemente surgiram organizações para estimular e facilitar este aspecto das doações da diáspora. Nos USA, organizações como a American India Foundation, a Brazil Foundation e a Give to Colombia buscam estimular doadores relativamente ricos a doar a esses países, enquanto iniciativas como a Digital Diaspora Network, a Give2Asia (EUA) e a recém-estabelecida Asian Foundation for Philanthropy (Reino Unido) estimulam as doações regionais.

Em menor escala, algumas comunidades de imigrantes se organizam em grupos locais, freqüentemente chamados de associações da terra natal, para levantar fundos. Em um âmbito mais restrito, as instituições existentes, como as fundações comunitárias e as associações profissionais, também facilitam as doações da diáspora.

Nos países de origem, também existem esforços diretos de cultivar os laços com a diáspora e estimular os seus investimentos filantrópicos. No México, alguns investimentos filantrópicos são “”casados”” com investimentos do governo federal e dos governos estaduais e municipais. Enquanto isso, o Governo da Índia estabeleceu um escritório especial para estimular o engajamento da diáspora e organiza uma conferência mundial de alto nível para destacar esse envolvimento.

Ao mesmo tempo, fundações comunitárias, instituições educacionais e outras organizações sem fins lucrativos buscam obter o apoio da diáspora para seus programas e objetivos.

Perguntas não respondidas

Ainda assim, o impacto desses esforços e o potencial mais amplo da filantropia da diáspora ou “”filantropia na terra natal”” não são bem compreendidos. Que estratégias existem para facilitar as doações da diáspora e qual o seu grau de eficácia? Quais são as principais influências sobre as práticas de doação dos grupos da diáspora? Que impacto esses investimentos filantrópicos têm sobre o desenvolvimento e a justiça social nos países de origem? Como o volume e o impacto das doações da diáspora podem ser estimulados e mantidos?

Embora existam vários estudos excelentes que exploram essas perguntas dentro do contexto de países individuais, muito poucas pesquisas analisam o potencial impacto das doações da diáspora mais amplamente.



*Paula Johnson é Senior Fellow da Philanthropic Initiative in Boston, Massachusetts, e Research Fellow da Global Equity Iniciative da Universidade de Harvard, Cambridge, Massachusetts.

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