Fórum discute oportunidades de atuação para a promoção de cidades mais sustentáveis
Por: GIFE| Notícias| 22/06/2015O Instituto Direito à Cidade e o Observatório Cidadania, Cultura e Cidade, ambos da Universidade Federal de São Carlos, promoveram no dia 17 de junho, o Fórum Direito à Cidade de 2015, com o tema “Empresas e Organizações Sociais Justas e Sustentáveis”.
Ana Leticia Silva, gerente de Articulação do GIFE, esteve presente no encontro e abriu as discussões falando a respeito dos impactos das empresas em territórios. Ela lembrou que a chegada de novas corporações em grandes cidades têm seus efeitos diluídos por tantas outras dinâmicas existentes. No entanto, em pequenos municípios, o impacto da empresa fica muito mais visível e que provoca mudanças nas dinâmicas territoriais.
Uma das questões é a valorização imobiliária após o início da operação, gerando um aumento excessivo do preço dos imóveis. Com isso, os moradores mais antigos vão sendo deslocados para espaços mais distantes, estabelecendo-se uma segregação dos territórios.
Outro ponto é a privatização dos espaços públicos, ou seja, locais antes de encontro da população, como uma praça, por exemplo, passam a ser vendidos para novas construções privadas. “Com isso, há uma diminuição do direito das pessoas à cidade, pois perdem espaços para discutir sobre os seus problemas e se organizar para fazer reivindicações”, destacou Ana Letícia.
Segundo a especialista, ocorre ainda, em vários locais, um deslocamento de recursos públicos que poderiam ser investidos na garantia dos direitos básicos da população, para estabelecer benefícios à operação de determinada empresa. “São problemas sérios em relação à disparidade de poder, de acesso e de qualidade de vida”, comentou.
A partir desse cenário inicial traçado pela gerente do GIFE, a proposta do fórum foi apresentar iniciativas que podem ser realizadas pelo investimento social privado em territórios com essas características para reverter tal situação e criar novas soluções locais.
Neste sentido, Felipe Saboya, assessor executivo da presidência do Instituto Ethos, apresentou algumas experiências que já vem sendo realizadas, como a Rede Social Brasil por Cidades Justas e Sustentáveis, criada em 2008. O objetivo da iniciativa é a troca de informações e conhecimentos entre os integrantes para promover o aprendizado mútuo, o apoio e o fortalecimento de cada experiência local.
A Rede Nossa São Paulo, por exemplo, faz parte desse movimento, contando com a participação de mais de 700 organizações da sociedade civil. A Rede pretende construir uma força política, social e econômica capaz de comprometer a sociedade e sucessivos governos com uma agenda e um conjunto de metas a fim de oferecer melhor qualidade de vida para todos os habitantes da cidade.
Felipe apresentou ainda o Programa Cidades Sustentáveis, que é uma iniciativa das duas redes citadas anteriormente, em conjunto com o Instituto Ethos, que visa sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades brasileiras se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentável.
O programa conta com algumas ferramentas, como a Plataforma Cidade Sustentáveis, uma agenda para a sustentabilidade das cidades que incorpora de maneira integrada as dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural; os indicadores, que são associados aos eixos da plataforma e fazem parte dos compromissos de candidatos e prefeitos: 100 básicos e mais de 300 gerais; e também um espaço para boas práticas, com compartilhamento de casos exemplares e referências nacionais e internacionais.
O Programa conseguiu o compromisso de cerca de 300 prefeitos eleitos em 2012 com metas nas áreas econômica, social, ambiental, cultural e de governança.
Durante o encontro, o assessor do Instituto Ethos ressaltou ainda a experiência do Fórum Empresarial de Apoio à Cidade Sustentável, um espaço de diálogo, íntegro e transparente, entre prefeitura e empresas.
“As empresas podem contribuir para o cumprimento das metas da cidade de diversas maneiras, entre elas, identificando oportunidades de negócios sustentáveis e investimentos sociais privados a partir do plano de metas; reduzindo os impactos negativos e estimulando os positivos de suas práticas, tomando como referência os indicadores do Programa Cidades Sustentáveis; mobilizando sua cadeia de valor para atuar no mesmo sentido; e incentivando e estimulando seus colaboradores a adotarem um estilo de vida mais sustentável e monitorarem as metas estabelecidas”, comentou Felipe.
Segundo o especialilsta, há muitos benefícios tanto para as empresas quanto para as cidades que optam em formar um fórum com essa proposta. Para as empresas, há oportunidades de desenvolver novos negócios a partir das metas estabelecidas, assim como trocar experiências com outras empresas, além de se posicionar como “amiga da cidade”.
Já para os municípios, garante-se um apoio efetivo do setor privado para o cumprimento das metas, gera-se uma melhoria no ambiente de negócios da região, com a estímulo à criação de novos negócios sustentáveis, resultando em geração de emprego e aumento de renda e arrecadação.