Fundação FEAC e Azul Linhas Aéreas impulsionam voluntariado empresarial
Por: Fundação FEAC| Notícias| 31/07/2023Desde 2020, a Azul atua como parceira institucional da FEAC no Projeto Via Conexão. Desde então, foram 320 jovens mentoreados.
No início de julho, a Fundação FEAC, a companhia Azul Linhas Aéreas Brasileiras, e Organizações da Sociedade Civil (OSC) se reuniram para celebrar o encerramento da terceira edição do Projeto Via Conexão que formou 81 jovens com e sem deficiência. O encontro aconteceu no Hangar da Azul no Aeroporto de Viracopos em Campinas.
Por meio do processo de mentoria voluntária, o Projeto Via Conexão une profissionais experientes e jovens, com ou sem deficiência e em situação de vulnerabilidade social, para uma troca de vivências e aprendizados com representantes da Azul. É uma oportunidade para que os jovens ampliem seu olhar para novas perspectivas/horizontes e exercitem o autoconhecimento. Além disso, os mentores também passam a se sensibilizar com novas causas.
A Azul, parceira institucional do projeto, mobilizou funcionários de diferentes áreas para orientar os jovens em uma trilha on-line de autoconhecimento, desenvolvimento de habilidades e construção de plano de vida. A implementação da metodologia ficou a cargo da PontoSocial, consultoria que atua nas áreas de responsabilidade social e de voluntariado empresarial. Saiba mais sobre o Projeto Via Conexão.
Nesta edição, jovens de seis organizações parceiras da FEAC tiveram a chance de participar da experiência: M.A.E. Maria Rosa, Grupo Primavera, Núcleo de Ação Social (NAS), Sorri Campinas, Patrulheiros Campinas e Movimento Vida Melhor (MVM).
A Fundação FEAC reconhece o potencial existente na tríade do Investimento Social Privado, OSC e empresas para promover um desenvolvimento social sustentável, em busca de soluções e impactos cada vez maiores, promotores de mudanças sistêmicas, capazes de alcançar e gerar oportunidades mais equânimes as camadas mais vulneráveis da sociedade.
“A FEAC acredita no potencial Investimento Social Privado e que o segundo setor pode colaborar com a sociedade civil. É uma união muito benéfica, e o terceiro setor está aqui para dar esse suporte”, fala Gabriela Ferreira, assistente de projetos do Programa Cidadania e Impacto Social.
Conexão entre empresas e organizações
A sinergia entre o segundo e o terceiro setor vem crescendo nos últimos anos. Segundo o Censo do Voluntariado Corporativo 2021, realizado pelo Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (Cbve), mais empresas estão investindo em programas de voluntariado com ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU).
O engajamento de voluntários em ações das empresas também aumentou. A Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021, produzida pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e pelo Datafolha, destaca que dos 57 milhões de voluntários ativos no país, 15% participam de programas de voluntariado das empresas.
A coordenadora da pesquisa, Silvia Naccache, que também é empreendedora social e consultora em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, diz que isso se deve ao desempenho das empresas para cumprirem a agenda ESG – que estimula boas práticas relacionadas à sustentabilidade, responsabilidade social e governança.
“A prática do voluntariado é uma ferramenta estratégica para reforçar a missão, os valores e os propósitos da empresa. E também de outras agendas tão relevantes quanto a questão da diversidade de gênero, inclusão, qualidade de vida e cuidados com o meio ambiente”, explica Silvia Naccache. “Com isso, se constrói um ambiente mais saudável que valoriza o capital humano, que é o capital mais valioso que a empresa reúne.”
O voluntariado empresarial pode despertar nos funcionários uma maior identificação com a empresa e estreitar laços. Também é uma maneira de reconhecer talentos, desenvolver habilidades e de se conectar com o território ao redor para além dos negócios.
A prática gera ainda transformações sociais nas comunidades e oportunidades para as OSC. É uma troca de conhecimentos que fortalece projetos e ações, otimiza recursos e possibilita acesso à tecnologia e inovação. “Todo mundo ganha com o voluntariado. Nós fazemos a diferença por meio do voluntariado, mas ele faz a diferença na vida de quem pratica também”, diz Silvia Naccache.
FEAC e Azul: uma parceria de sucesso
A união entre a Fundação FEAC e a Azul Linhas Aéreas é um exemplo de parceria de sucesso entre Organização da Sociedade Civil e empresa. Desde 2020, a Azul está presente e atua como parceira institucional no Projeto Via Conexão. Nesse tempo, foram 320 jovens mentoreados.
A companhia aérea enxerga o projeto como uma possibilidade para engajar em ações de voluntariado os funcionários que trabalham em diferentes regiões. Além disso, o projeto ajuda a gerar oportunidades e aproximar a população ao ramo da aviação, mostrando que pode ser uma carreira acessível para todos. Desde o início do Via Conexão, 14 jovens de diferentes OSC já foram contratados pela Azul.
“Para se ter uma ideia, a cada lançamento as vagas de inscrições se encerram em poucos dias. O que demonstra que os tripulantes entendem que podem contribuir com seu papel social, ajudar o próximo, desenvolver novas habilidades, contribuir para o futuro de muito jovens e praticar a inclusão de pessoas com deficiência”, revela Matheus Andrade Correa, analista de Responsabilidade Social Jr. da Azul.
Uma das OSC beneficiadas pelo Via Conexão é o M.A.E. Maria Rosa. A coordenadora da organização, Kelly Cristina, avalia que o projeto tem o potencial de oferecer aos jovens oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
“Acreditamos que essas parcerias são muito importantes para ampliarmos as oportunidades de acesso do nosso público. Abrem novas perspectivas que o cenário em que a comunidade está inserida muitas vezes não oferece”, fala.
O conhecimento precisa ser compartilhado
Jacqueline Rodrigues Silva Chaves, que trabalha no setor de atendimento ao cliente da Azul e é estudante de psicologia, não pensou duas vezes para se inscrever na quarta edição do Projeto Via Conexão e atuar como mentora. Ela já estava de olho no projeto há um tempo e achou que seria uma boa oportunidade para praticar uma ação solidária e fortalecer vínculos. “Ao longo dos anos, a gente coloca na nossa bagagem tanto conhecimento e acaba que esquecemos de passar para frente”, pensa.
No projeto, Jacqueline foi mentora de Danilo da Cruz Santos, de 17 anos. Antes dos encontros on-line, ela se preparava para ter o máximo de cuidado e responsabilidade ao compartilhar seus conhecimentos com ele. Aos poucos, ela foi desenvolvendo um laço com Danilo e pôde conhecer sobre sua vida, história e família.
Em uma das dinâmicas, Jacqueline orientou Danilo em um teste vocacional – avaliação que ajuda a pessoa a encontrar uma área de atuação mais compatível com seus gostos e habilidades. Ela diz que desde os primeiros encontros ele falava que tinha muito interesse no curso de Ciência da Computação, apesar do futebol também ser uma outra grande paixão. O resultado do teste apontou que Danilo tinha de fato uma tendência para área de tecnologia.
Ainda assim, é sempre bom ter um plano B, como ela o aconselhou: “É importante pensar também em outras áreas, porque o leque [de opções] é muito grande.”
O trabalho voluntário não é uma novidade na vida de Jacqueline. Na igreja em que frequenta, ela realiza ações solidárias voltadas ao acolhimento de crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. Para ela, é recompensador sair da zona de conforto e reservar um tempo para se conectar com outras pessoas.
“O conhecimento que a gente passa para frente é como se fosse uma sementinha. A gente tem que adubar, molhar e cuidar ao ponto de crescer para dar frutos”, reflete Jacqueline.
Ryan desenvolveu confiança e autoconhecimento
Confiança é o que Ryan Henrique da Silva Pereira dos Santos, de 21 anos, define ter ganho após participar do Projeto Via Conexão. “Um aprendizado é que eu posso fazer tudo, basta eu querer”, afirma.
Ryan ouviu falar do projeto de mentoria pela primeira vez no Projeto Jovem Chef, no qual ele já foi aluno e hoje é assistente da professora de culinária. Ele encarou o Via Conexão como um desafio, uma forma de ter novas experiências e se conhecer melhor.
Junto de seu mentor, Elton Ernandes, analista pleno do time de contabilidade da Azul, Ryan montou um mapa dos sonhos, em que organizou em uma planilha seus objetivos e sonhos em categorias como viagem, família, saúde, trabalho e estudos.
Também trabalhou a autoconfiança. Em uma dinâmica conduzida pelo seu mentor, Ryan participou de uma entrevista profissional simulada. A experiência o ensinou a lidar com a sua timidez, se sentir mais confiante e encontrar maneiras de perceber e controlar a própria ansiedade.
“Foi incrível, eu achei que não ia conseguir porque sou uma pessoa muito envergonhada. E a dinâmica ajudou bastante a me abrir um pouco e poder me conhecer melhor”, diz Ryan, que sonha em ser ator.
Por Pietra Bastos