Fundação Itaú Social discute reformas nas redes de ensino com educadores e gestores públicos

Por: GIFE| Notícias| 26/05/2014

Do atendimento direto a crianças e adolescentes no contraturno escolar ao alinhamento com políticas públicas para impulsionar resultados de aprendizagem nas escolas públicas, investidores sociais que atuam na área da educação têm no radar desafios comuns: como impactar a qualidade do ensino e ganhar escala na gestão de programas e projetos?

Em evento realizado no último dia 20, a Fundação Itaú Social reuniu educadores, gestores públicos, pesquisadores, representantes de organizações sociais e empresas para discutir metodologias que contribuam para a melhoria dos índices de aprendizagem dos estudantes brasileiros. Nessa edição do Ciclo de Debates em Gestão Educacional, o assunto que esteve em pauta foi a tutoria para formação de lideranças em reformas educacionais.

Durante o evento, foram apresentadas boas práticas de redes brasileiras – dos estados de Goiás e São Paulo – e uma experiência internacional, desenvolvida no município de Baltimore, nos Estados Unidos. O professor da Faculdade de Educação de Harvard e ex-secretário de Educação de Baltimore, Andrés Alonso, contou como ele e sua equipe conseguiram reverter indicadores de fracasso e violência escolar.

Durante a apresentação do educador americano e dos representantes das Secretarias de Educação convidados, uma ideia foi recorrente: não existe transformação sem parcerias, sejam elas com organizações da sociedade civil, da academia ou das próprias instâncias regionais dos núcleos gestores da Educação.

Alonso explicou que o primeiro passo é focar naquilo que é passível de mudança. Para tal, é preciso criar uma estrutura de trabalho que promova a coerência de processos, sistemas e métricas para medir o sucesso das iniciativas. “É importante chamar os próprios educadores para ajudar a definir as metas. É fundamental acompanhá-las regularmente e medir o efeito do investimento sobre o aprendizado dos estudantes”, conta.

Os casos exemplares mostram que promover reformas educacionais não é tarefa fácil, mas que existem caminhos já trilhados que podem orientar o trabalho. Nayra Karam, dirigente da Assessoria Técnica e de Planejamento do gabinete do secretário estadual de Educação de São Paulo, conta que, antes de planejar o trabalho, foi olhar o que existia de boas práticas no setor. “Temos que tomar cuidado para não cair na arrogância de querer começar tudo do zero. Precisamos reconhecer a importância de aprender com quem já está no processo.”

A gestora explica que, ao pesquisar referências para o desafio que seria enfrentado, se deparou com a trabalho da Fundação Itaú Social. E, foi por meio de uma parceria desenhada entre o governo e um investidor social privado, que o trabalho começou a ganhar forma. “A reestruturação tinha como pressuposto o fortalecimento da atuação das regionais da Secretaria de Educação. Tínhamos o desafio da capilaridade. Nesse sentido, a metodologia de tutoria da Fundação Itaú Social serviu perfeitamente.”

Ralph Gomes Alves, superintendente de Inteligência Pedagógica e Formação da Secretaria de Educação do Estado de Goiás, endossa a estratégia. “Quando fizemos um diagnóstico que nos mostrou o quadro geral, fomos buscar parceiros. Hoje vemos que o trabalho de tutoria com a Fundação Itaú Social é a garantia para que a política educacional de Goiás aconteça em cada escola.”

Os casos apresentados no evento reforçam a máxima de que programas desenvolvidos em parceria entre poder público, iniciativa privada e organizações sociais podem ser uma resposta a gargalos de desenvolvimento do país. As experiências debatidas no encontro mostram que o cenário é promissor para investidores sociais dispostos a olhar para políticas públicas e governos interessados em parceiros para empreender transformações.

Reformas educacionais com apoio na metodologia da tutoria

O Ciclo de Debates Gestão Educacional é uma iniciativa da Fundação Itaú Social criada em 2011 com o objetivo de ampliar e aprofundar reflexões sobre estratégias e experiências capazes de impactar a melhoria da qualidade da educação. Depois de discutir temas centrais da gestão pública como plano de carreira para professores, diretrizes curriculares e políticas de aproximação família-escola, entre outros, o último encontro se voltou para o debate sobre práticas de formação continuada por meio da tutoria.

A partir da metodologia aplicada em redes de ensino, gestores podem mobilizar equipes que vão desde o órgão gestor central até a sala de aula em uma rede de formação continuada dedicada a discutir processos de gestão e práticas pedagógicas. Entre as diversas abordagens, a tutoria pode auxiliar o professor a planejar aulas, observar o desempenho do aluno e traçar metas, por meio de avaliações e outras ações do ponto de vista da gestão.

Para a superintendente da Fundação Itaú Social, Isabel Santana, o evento é mais uma oportunidade de ampliar a discussão sobre a importância de realizar investimentos na área de gestão educacional. “O encontro permitiu ouvir experiências por diversos ângulos. Pensar as ações de formação lá no chão da escola deve estar muito ancorado nas estratégias do órgão central de educação.”

Desafios da gestão pública

“Ouvindo, eu percebo onde preciso avançar, que pontos devo melhorar. Fazer tutoria e ser tutorada está certamente impactando meu desenvolvimento profissional”, contou a Edna Guellere, supervisora de Ensino da Diretoria Regional Leste III de São Paulo. Para a educadora, o diálogo estabelecido entre diversos agentes atuantes na rede pública de educação está sendo rico e transformador.

Outra educadora envolvida em processos de tutoria, Nara Pereira, diretora do Núcleo Pedagógico da Subsecretaria de Ensino do Município de Trindade (GO), explica que a receptividade dos professores e gestores foi muito boa. “Nenhum educador vai para a sala de aula querendo cometer erros. Todos querem ensinar, mas muitos fazem escolhas erradas. É isso que buscamos discutir e mudar. A ideia é que o tutor crie uma relação de parceria com o professor.”

Ralph Gomes Alves, da Secretaria de Educação do Estado de Goiás, aponta que os resultados começaram a aparecer. “Alunos que faziam parte dos índices mais baixos de aprendizagem agora já apresentam melhores resultados”, conta. O estado atingiu a nota 4.9 no IDEB 2009 para a rede estadual de ensino nos anos iniciais do ensino fundamental. Na avaliação de 2011, a nota subiu para 5.3 na mesma categoria e a expectativa é um resultado ainda melhor para a próxima avaliação, de acordo com as expectativas do gestor.

Compartilhando conhecimento

Para inspirar e dar subsídios a gestores públicos interessados em adotar a metodologia de tutoria em suas redes de ensino, a Fundação Itaú Social lançou no evento os guias de Tutoria Pedagógica, voltado para gestores, e Tutoria de Área, voltado para professores que já atuam em sala de aula. As publicações trazem dicas e orientações para execução do trabalho nas escolas.

“Essa publicação é resultado de uma escolha em sistematizar e tornar público nossos aprendizados. É uma decisão institucional de compartilhar experiências”, explica Isabel Santana, superintendente da Fundação Itaú Social.

A Fundação Itaú Social é associada GIFE

Associe-se!

Participe de um ambiente qualificado de articulação, aprendizado e construção de parcerias.

Apoio institucional