Fundação Roberto Marinho articula ações online para incentivar educação à distância
Por: GIFE| Notícias| 30/03/2020Anualmente, 28 de abril marca o Dia da Educação. É nessa data que muitas organizações promovem atividades, ações, propostas, festas, debates e reflexões sobre os diferentes modelos educacionais e a importância do investimento na área. Segundo o Censo GIFE 2018, a educação prevalece como principal área de atuação do investimento social privado (ISP).
A mobilização este ano, entretanto, será um pouco diferente. Em função da rápida disseminação do novo coronavírus no país e no mundo, medidas drásticas foram tomadas para evitar uma contaminação em massa. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), mais de 850 milhões de estudantes estão impossibilitados de frequentar as aulas devido ao fechamento de escolas e universidades em mais de 102 países.
A Fundação Roberto Marinho (FRM) é responsável por conduzir, anualmente, uma mobilização para celebrar o dia, que conta com a participação e contribuição de inúmeras organizações. Todos os eventos foram cancelados e os esforços foram exclusivamente direcionados para o universo online.
“Diante do contexto que o país está vivendo, optamos por focar no que devemos fazer emergencialmente para atender crianças, jovens, famílias e educadores nesse momento de estudar e conviver dentro de casa, de cuidar da integridade física, da alimentação, da saúde, da brincadeira, do lúdico e da educação formal em si”, explica Monica Pinto, gerente de desenvolvimento institucional da FRM.
Festival #Nem1PraTrás
Esse ano, o conjunto de ações e atividades recebeu o nome Festival #Nem1PraTrás. Em um movimento de dividir com parceiros o que o Canal Futura e a FRM estão fazendo em termos de ativação do público e ações para o dia 28 de abril, está sendo realizada uma série de videochamadas. Em uma das edições, José Brito, gerente do Canal Futura, explicou que os ‘ajustes de rota’ dizem respeito, principalmente, à oferta de recursos que apoiem educadores e famílias nos cuidados e na educação de crianças, adolescentes e jovens.
Essas iniciativas se dividem em três frentes. Em Distribuição de conteúdo educativo em múltiplas telas, a equipe da FRM e do Canal Futura está disponibilizando novos conteúdos no site do Telecurso, videoaulas inéditas – 600 até o momento – sobre conteúdos do Ensino Fundamental 2 alinhados à Base Nacional Comum Curricular no canal do YouTube, além de ter destinado três faixas de horário da programação do canal para teleaulas e programas paradidáticos.
“No começo de abril, vamos lançar um serviço no Google Classroom que chama Classes Abertas. A iniciativa será destinada para aqueles que queiram tirar dúvidas com professores sobre conteúdos do Ensino Fundamental 2 e Médio ou fazer revisões sobre matérias sobre as quais normalmente as pessoas têm dúvidas, como concordância verbal ou fração”, explica Monica sobre a segunda frente de ações, os Serviços Educacionais.
É também nesse grupo que está o Clube Desafio Futura (CDF). Trata-se de um jogo de perguntas e respostas que, recentemente, foi aberto para que professores possam criar seus próprios jogos e salas temáticas e disponibilizar a seus alunos.
Seguindo a lógica de que o importante a ser feito no momento é orientar os estudos em casa, a terceira frente de ações está dedicada a disponibilizar aos professores materiais, guias e tutoriais em vídeo sobre como atuar pedagogicamente com recursos digitais. Se muitos docentes já tinham certa familiaridade com a tecnologia, para outros, o fechamento de escolas está se configurando como uma oportunidade para aprender sobre esses recursos.
Contribuição do investimento social privado
Quase diariamente estão surgindo ações que reúnem diversas instituições para pensar em planos para mitigar as consequências da pandemia de coronavírus. Segundo Monica, a partir das reuniões das quais a Fundação Roberto Marinho já participou, é possível elencar ações em três âmbitos.
O primeiro diz respeito a esforços emergenciais, ou seja, o que é possível fazer nesse momento. Uma das opções, que já está sendo colocada em prática pela Fundação, é disponibilizar o que há em termos de conteúdos já produzidos. “Estamos pensando em como nos organizar para dar a maior escala e oferecer conteúdo com a linguagem mais simples possível, para que chegue, de fato, nas populações mais vulneráveis”, afirma.
Uma das ações pensadas nesse âmbito é a produção e divulgação de uma série de dicas de estudo para Facebook a ser produzida em parceira com o Instituto Votorantim. Outras propostas ainda estão em fase de estudos. Entretanto, Monica pontua a importância de considerar a realidade brasileira na hora de escolher a forma de distribuição desse conteúdo. “O que nos preocupa é que o acesso da população brasileira à internet ainda é muito limitado, não só por conta de pacotes de dados, mas também por equipamentos. Nem todos os lares têm, durante duas horas por dia, um equipamento para cada criança. Por isso, entendemos que a televisão ainda é um meio mais democrático.”
Depois desse esforço inicial, Monica reforça que, em um segundo momento, é importante que o investimento social privado, juntamente a entes públicos como Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), elabore e pense conjuntamente em estratégias para possibilitar a continuidade da aprendizagem em casa. “O ISP precisa ajudar a criar e apoiar novas rotinas que ajudem as crianças nos estudos, assim como as famílias na orientação de seus filhos e na criação de um ambiente familiar harmônico, inclusivo e saudável para esse processo.”
Em um terceiro momento, Monica reflete sobre a necessidade de, juntamente a redes públicas de ensino, o ISP se articular e estruturar para ‘dois anos difíceis’ no âmbito da educação. Segundo a gerente, é preciso considerar consequências administrativas que o período sem aulas trará, como a questão das férias dos professores e o calendário escolar.
“Devemos pensar como apoiamos a gestão pública na reorganização dessas rotinas, além do que pode ser feito para que os direitos de aprendizagem dos estudantes estejam garantidos e que o ano que vem absorva uma parte do que não conseguiremos fazer em 2020. Talvez nossa capacidade gerencial e de planejamento também deva ser colocada à disposição neste momento”, afirma.