Fundação Telefônica lança ferramenta de apoio ao terceiro setor

Por: GIFE| Notícias| 13/12/2004

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

No final de novembro, a Fundação Telefônica apresentou duas grandes novidades sobre sua atuação na área de infância e adolescência. Um ano após seu lançamento, o portal RISolidária colocou no ar novos conteúdos de interesse para organizações sociais e promoveu uma série especial de discussões entre internautas e especialistas em terceiro setor. Além disso, a Fundação lançou, em parceria com a Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), o primeiro Concurso Causos do ECA.

No site, o destaque é a seção Ferramentas de Gestão, que tem como objetivo principal apoiar ONGs de setores variados (saúde, educação, infância, juventude, meio ambiente) no que diz respeito à sua administração. Para isso, são abordados assuntos relacionados à sustentabilidade, questões legais e regulatórias, capacitação e motivação de pessoal, comunicação e marketing, elaboração de projetos, captação de recursos e avaliação de resultados.

O diferencial da ferramenta está no fato de o internauta poder se guiar a partir de suas próprias dúvidas. Após ser digitada uma pergunta, o sistema oferece conteúdos que passam por bibliografia complementar, casos semelhantes e questões para reflexão. É possível consultar seu histórico de perguntas e fazer uma auto-avaliação do quanto já se caminhou em relação às questões iniciais.

Já o Causos do ECA é um concurso que visa premiar e disseminar histórias verídicas de pessoas que tenham transformado vidas a partir da aplicação das diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente. As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de março de 2005, por meio de um formulário de inscrição disponível no www.risolidaria.org.br. Os cinco finalistas terão suas histórias publicadas em um livro, juntamente com outros dez casos escritos por Jornalistas Amigos da Criança e publicados no decorrer do ano no portal.

Em entrevista ao redeGIFE, o presidente da Fundação Telefônica, Sérgio Mindlin, faz um balanço e fala sobre as novidades do RISolidária, a participação dos internautas, a atuação com os parceiros e as próximas ações do portal.

redeGIFE – Qual o objetivo da criação da área Ferramentas de Gestão? De que maneira ela poderá ser utilizada pelas organizações que visitam o site?
Sérgio Mindlin – Na fase de modelagem do portal, foram distribuídos cerca de 1.500 questionários para organizações sociais da área da infância do Brasil inteiro para avaliar quais eram as demandas mais importantes que poderiam ser atendidas por um portal. As questões de apoio à gestão, entendimento da legislação e captação de recursos apareceram como fortes demandas. Percebemos que precisávamos suprir essa necessidade. As organizações podem utilizar essa ferramenta como apoio nas decisões diárias ligadas à gestão, já que existem mais de 70 textos à disposição do internauta. E o objetivo é ampliar a oferta, conforme a gente perceba que algumas perguntas não podem ser contempladas com os textos que temos no banco de dados. Como nosso objetivo final é contribuir para o desenvolvimento da sociedade, queremos ajudar as organizações a melhorarem suas competências para gestão. O internauta tem duas formas de pesquisar: a navegação tradicional, em que entra em um banco de dados com textos relacionados aos temas “”pessoas””, “”serviços””, “”sociedade””, “”recursos”” e “”grupos dirigentes””, e a pesquisa por perguntas, que, operacionalmente falando, é um sistema inovador desenvolvido pelo Instituto Fonte, parceiro da Fundação Telefônica e do Ceats (Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor). O internauta formula uma pergunta e o sistema indica alguns textos do banco de dados que podem ajudá-lo a responder essas questões.

redeGIFE – Em agosto, a Fundação assinou convênio com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos e o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente). Entre as ações firmadas estava a criação de uma seção no RISolidária dirigida aos conselheiros de direitos e tutelares. Podemos dizer que falta a este público mais informação, capacitação e espaços para troca de experiência?
Mindlin – O próprio Conanda identifica uma falta de alinhamento conceitual entre os conselheiros. Por isso, recebeu bem a nossa proposta de colaboração e de criação de ferramentas de trabalho à distância entre eles, que estão dispersos nas várias localidades do país.

redeGIFE – Outro serviço freqüentemente prestado pelo portal é a realização de chats sobre diversos assuntos. Que tipo de facilidade esta ferramenta eletrônica traz para o trabalho ao qual se propõe o RISolidária? Como tem sido a participação dos internautas?
Mindlin – O chat é a ferramenta interativa mais procurada pelos internautas, por ser diferenciado, em formato de entrevista com um especialista. Optamos por esse modelo porque foi justamente o que os usuários sugeriram em uma pesquisa. Não queriam apenas salas convencionais de bate-papo, mas convidados especiais. Já participaram, entre outros, Nilmário Miranda, ministro-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e presidente do Conanda, e Júlio Lancelotti, membro da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo e fundador da Casa Vida. A aceitação é ótima, tanto que vamos continuar promovendo pelo menos um chat por mês no próximo ano. É essencial aproximar os internautas dos especialistas, colocá-los em contato direto. É possível fazer perguntas, indicar cursos, literatura específica. Para que a ferramenta seja ainda mais útil, gostaríamos que os internautas sugerissem, pelo e-mail [email protected], nomes de entrevistados que gostariam de ver participando de chats no portal.

redeGIFE – Além da nova seção de ferramentas de gestão e informações relacionadas aos Conselhos e à criança e adolescente, o site traz oportunidades de emprego no terceiro setor, links e endereços úteis, e até um “”bê-á-bá da internet””. Podemos dizer que o site está indo além de sua proposta inicial, deixando de cobrir especificamente o tema infância e adolescência, e abordando o terceiro setor com um todo?
Mindlin – Acreditamos que o portal esteja seguindo sua proposta inicial, focando seus esforços na temática infância e juventude. A seção links e endereços úteis, por exemplo, traz listas de contatos de instituições, públicas ou não, que trabalham na promoção dos direitos da criança e do adolescente. Ocorre que alguns temas demandados pela comunidade que trabalha com crianças e adolescentes são questões que afetam todo o terceiro setor e, sendo assim, o interesse por essas seções extrapolam essa comunidade. É o caso das seções “”bê-á-bá da Internet””, ofertas de empregos e estágios e “”Ferramentas de Gestão””.

redeGIFE – Como surgiu a parceria da Fundação Telefônica com o Ceats para a gestão do RISolidária?
Sérgio Mindlin – O projeto RISolidária foi concebido originalmente pela Fundação Telefônica da Espanha e está presente em outros países onde a organização está presente (Argentina, Chile, Peru e Brasil). Ao estudarmos o projeto espanhol para criarmos a versão brasileira, concluímos que o mais adequado seria ter como parceiro um centro de estudos do terceiro setor ligado a uma universidade. A idéia era que fosse neutro em dois aspectos: não tivesse vínculo com nenhuma empresa nem tivesse projeto ou portal próprio. Neste processo de seleção, optamos pelo Ceats. Antes de colocar o portal no ar, Ceats e Fundação Telefônica fizeram um benchmarking com 40 sites brasileiros, com o intuito de definir a linha a ser seguida e de verificar se já existia algo semelhante no ar. Percebemos que a maioria deles tinha o foco em vários públicos-alvo e que abordavam os assuntos de forma genérica. Sendo assim, percebemos uma oportunidade de estruturar o portal em canais temáticos, que tratam de assuntos socialmente relevantes, de forma aprofundada e qualificada. O primeiro canal é sobre direitos de crianças e adolescentes. Fizemos também um estudo aprofundado com gestores de 10 sites, a partir dos dados que havíamos encontrado na etapa anterior. Esse trabalho nos ajudou a definir o caminho a ser percorrido.

redeGIFE – Existe alguma ligação do portal brasileiro com o RISolidária dos outros países? Há troca de conteúdo e informações?
Mindlin – Sim. Os portais estão todos interligados e o internauta pode passar de um para outro com apenas um click. Estamos trabalhando com os demais países para aperfeiçoar essa cooperação internacional.

redeGIFE – Que tipo de participação os outros parceiros têm nas ações do portal?
Mindlin – Temos parceiros tecnológicos e de conteúdos. Na primeira categoria aparecem a Telefônica Soluções, que desenvolve toda estrutura e programação técnica do portal, e a KM Education, que trabalhou especificamente a animação Cidade dos Direitos. Na parte de conteúdo, temos importantes parceiros como Ilanud, Instituto Fonte, Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) e Instituto Pro-Bono, entre outros. Eles contribuem para a estratégia de termos conteúdos especializados e aprofundados, já que são referências em suas áreas de atuação.

redeGIFE – Qual o balanço que a Fundação faz deste um ano de RISolidária no Brasil?
Mindlin – Foi um ano importante de consolidação do projeto, aperfeiçoamento da gestão e estabelecimento de alianças estratégicas. Estamos bastante satisfeitos com esses resultados e com as visitas, que somaram cerca de 60 mil acessos, tendo uma visitação mensal de cerca de 8 mil pessoas.

redeGIFE – Quais devem ser as próximas iniciativas do portal?
Mindlin – Além da manutenção de todas as seções e atividades já criadas, no próximo ano estão previstas as seguintes ações: capacitação de conselheiros dos direitos da criança e do adolescente e tutelares de todo o país, a partir da parceria firmada com o Conanda, em agosto; desenvolvimento de seção específica no site voltada para conselheiros tutelares e dos direitos; e realização de estudos para o lançamento de um segundo canal temático.

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