Fundação Tide Setubal promove uma série de atividades em comemoração aos 10 anos da organização

Por: GIFE| Notícias| 16/05/2016

Para comemorar uma década de trabalho pelo desenvolvimento local sustentável do bairro de São Miguel Paulista, zona Leste de São Paulo, a Fundação Tide Setubal promove diversas atividades. A próxima iniciativa será uma roda de conversa no auditório do jornal Folha de S.Paulo, no dia 19 de maio, às 14h, com o tema “A ocupação e urbanização da região central da cidade”.

Entre os debatedores convidados estão Guilherme Wisnik, arquiteto, urbanista, crítico de arte, professor da FAU-USP e colunista da Folha; Marta Arretche, diretora do Centro de Estudos da Metrópole; Mauricio Fiore, diretor do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap); e Laura Sobral, fundadora da Muda – Práticas Culturais e Educativas e do Instituto a Cidade Precisa de Você.

A atividade é parte da preparação para o “Seminário Internacional Cidades e Territórios: encontros e fronteiras na busca da equidade”, que será promovido no dia 14 de junho, em parceria com a Folha de S.Paulo.

Segundo Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal, o evento – aberto e gratuito – pretende influenciar os debates sobre políticas públicas, sobretudo as sociais, trazendo de volta para o centro da discussão a questão das periferias das grandes cidades.

“Inegavelmente, persistem enormes aglomerados de pobreza e degradação socioambiental em distritos paulistanos, como na Cidade Tiradentes, Brasilândia e Grajaú. Ao mesmo tempo, observa-se significativa transformação de algumas áreas periféricas, como o Jaçanã e São Miguel Paulista, com o aumento da oferta local de emprego, a expansão dos lançamentos imobiliários e o fortalecimento dos centros locais de comércio e serviços. Tudo isso indica que se a descrição da periferia como espaço homogêneo – o que sempre foi uma simplificação importante – obscurece agora significativas mudanças para melhor e para pior por que passam algumas dessas áreas”, ressalta.

Diante desse contexto, a superintendente da Fundação enfatiza a urgência em tonar as discussões a respeito da periferia mais atuais, particularmente no presente cenário de crise econômica, que coloca em risco avanços observados nessas áreas nos últimos anos.

Assim, temas como urbanismo, participação social, educação, cultura, sustentabilidade, protagonismo juvenil serão os destaques das conversas. À frente das discussões, estarão especialistas como Saskia Sassen, professora da Universidade de Columbia (EUA), referência mundial em globalização e migrações urbanas; Choukri Ben Ayed, docente de sociologia da Université de Limoges, especializado em educação nas periferias; e Pablo Maturana, consultor, ex-subdiretor de relações locais e internacionais da inovadora agência de cooperação de Medellín (Colômbia).

“Nossa expectativa é dar a maior visibilidade possível para o potencial e os desafios das regiões periféricas das grandes cidades, que problemas enfrentam e quais os caminhos devemos percorrer para alcançar a equidade, ou seja, a igualdade de oportunidades, tão valorizada nas sociedades desenvolvidas”, explica Paula.

Impactos

Nestes dez anos de atuação no território, a Fundação tem orientado suas ações em três objetivos estratégicos: contribuir para a redução das vulnerabilidades sociais de adolescentes e jovens da região; contribuir para a ampliação da oferta e para a efetividade de ações empreendidas pelo Estado, pela sociedade civil e pela iniciativa privada voltadas ao desenvolvimento da localidade; e promover o patrimônio cultural (material e imaterial) de São Miguel Paulista e o fortalecimento de suas conexões com a cidade.

“As diversas iniciativas realizadas pela Fundação Tide Setubal procuram articular a oferta de serviços nos territórios com a produção de conhecimentos, o fortalecimento de instituições locais, a mobilização e a articulação de agentes promotores de desenvolvimento local e a influência na formulação e na implementação de políticas públicas”, explica a superintendente.

A partir desta aposta, segundo Paula Galeano, a organização acredita ter contribuído em diversos aspectos para o avanço de alguns principais indicadores, como condições econômicas, educação, habitação e condições locais e saúde da região.

Um estudo realizado pelos pesquisadores Haroldo da Gama Torres e Wladimir Machado, por exemplo, que levou em conta os dados disponibilizados pela Fundação Seade nos últimos anos, comparou o distrito de São Miguel Paulista com outros seis distritos próximos – Ermelino Matarazzo, Vila Jacuí, São Miguel Paulista, Vila Curuçá, Jardim Helena e Itaim Paulista. Essas regiões compreendem, juntas, uma população de 861 mil habitantes. Em São Miguel, local no qual se encontram os dois espaços de atuação direta da Fundação com a população, são cerca de 400 mil habitantes.

Segundo a pesquisa, São Miguel Paulista apresentou melhora relativa em 11 indicadores selecionados, cinco indicadores tiveram piora relativa e um permaneceu estável. Os demais distritos tiveram evolução inferior à de São Miguel Paulista.

“Em sua maioria os indicadores selecionados foram aqueles que apresentam relação com a nossa atuação, tais como gravidez na adolescência, cobertura de creches, da rede socio-assistencial, e da atenção básica em saúde. No que se refere à saúde, a gravidez precoce reflete também aspectos de vulnerabilidade social, revelando uma menor capacidade de planejamento da trajetória de vida dos jovens. Em 2007, São Miguel Paulista era o penúltimo do ranking para esse indicador (95). No período seguinte, São Miguel Paulista avançou 20 posições, passando para a posição 75”, explica Paula.

O estudo observou também a evolução positiva em relação à demanda por vagas em creche, que em São Miguel Paulista passou de 11,0% (736 vagas) em 2007 para 4,8% (344 vagas). Essa redução da demanda é muito superior à observada no conjunto da cidade. Com isso o São Miguel passou da posição 63 (2007) para a 27 (2014) no ranking. “A forte mudança observada nesse indicador foi influenciada pela atuação da Fundação e da comunidade do Jardim Lapenna junto ao poder municipal. Um processo semelhante foi observado na instalação do Posto de Sáude do Jardim Lapenna”, comenta.

Próximos passos

Para os próximos anos, Paula Galeano ressalta que a Fundação pretende aprofundar mais as conexões com o território e suas instituições, avançando no desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre territórios vulneráveis, quais são suas especificidades, e o que deve ser levado em conta pelos formuladores e gestores no desenho de políticas públicas para esses territórios. Outro grande foco de atuação será o fortalecimento de instituições e a mobilização da comunidade para o controle social e relacionamento com o poder publico.

“Um dos nossos maiores aprendizados até agora tem sido o processo de construção conjunta dos nossos projetos e intervenções em parceria com a comunidade e suas instituições. Aprendemos que, para que haja um real envolvimento, é importante não chegar com tudo pronto e exercitar muito a escuta e o diálogo. Isso é o que garante, também, a sustentabilidade das ações, pois ao criar e implantar projetos coletivamente a comunidade percebe seu potencial criativo e se desenvolve cada vez mais”, enfatiza Paula.

Como participar

O evento do dia 19 de maio, será realizado no auditório da Folha (rua Barão de Limeira, 425, São Paulo), das 14h às 16h. Mais informações no site.

Já os interessados em participar do Seminário Internacional podem fazer sua inscrição pelo site. O evento será na Fecomercio (rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, São Paulo), das 8h30 às 18h. Clique aqui para conferir a programação completa.

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