Fundadores do GIFE debatem novos desafios para a área

Por: GIFE| Notícias| 25/06/2007

O debate entre aqueles que lançaram as bases do terceiro setor no Brasil e a nova geração que atua ou se interessa pela área foi o mote do lançamento do Curso Avançado em Gestão do Investimento Social Privado, uma realização do GIFE em parceria com a ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing. O evento ocorreu na última quarta-feira, dia 20, e reuniu Evelyn Ioschpe, primeira presidente do GIFE e dois dos fundadores da instituição, Margarida Ramos e Antonio Carlos Martinelli, para debater os avanços já realizados e os desafios que marcam o atual momento do terceiro setor e, especificamente, do investimento social privado.

Antes de passar à análise de cenário, no entanto, o trio lembrou o processo que resultou na institucionalização do GIFE. “”Promovíamos reuniões de aprendizado mútuo, foi assim que esse grupo começou a se formar. Naquela época, havia a figura dos anões do orçamento, fabricava-se dinheiro em prêmios de loteria, que era canalizado para fundações fantasmas. Então a mídia falava de ′pilantropia′ e isso era uma agressão diária ao grupo que se reunia cheio de idealismo para fundar o GIFE””, lembra Evelyn Ioschpe, presidente da Fundação Iochpe.

Foi a necessidade de um posicionamento oficial dessas organizações diante daquele cenário que levou à institucionalização do GIFE. “”Hoje, vivemos um momento semelhante. É interessante notar que estamos num caldo político idêntico ao daquele momento e, talvez, isso faça com que nossa responsabilidade seja ainda maior””, completa Evelyn.

Em 1995, Margarida Ramos, consultora em responsabilidade social empresarial, respondia pela superintendência de projetos da Fundação Roberto Marinho. “”Naquela época, o terceiro setor era algo totalmente novo. Não sabíamos quantos éramos, quem éramos… Seguíamos pelo instinto, pelo bom senso. Mas não tínhamos formação para isso””, diz.

No evento de lançamento, notoriamente formado por jovens profissionais e estudantes, Ramos alertou: “”Vocês terão a formação pela qual nós nos ressentimos durante muito tempo. O lançamento desse curso vai obrigá-los a mergulhar na base sólida que formamos. Nós temos uma prática vivida, nós inventamos isso que virou ISP””. Segundo a consultora, a preocupação com a profissionalização está na essência do GIFE – a instituição tem outros cursos voltados para o aperfeiçoamento dos profissionais que atuam na área, como o Ferramentas de Gestão e, há alguns anos, ajudou a formar gestores por meio do Programa Trainee GIFE.

Para Evelyn Ioschpe, o lançamento do curso revela ainda que todo esse movimento vem para ficar. “”Na ditadura, as ONGs eram clandestinas, subterrâneas. Veja que mudança de comportamento: aquilo que era clandestino, surge à luz, de dia, e passa a negociar com o setor empresarial””. Nesse sentido, o desafio é desenvolver um diagnóstico integrado, sistêmico, em vez de lançar um olhar parcial. “”Se eu não consegui fazer essa mudança, não adiantou nada o dinheiro que eu investi””, afirma Martinelli, ex-presidente do Instituto C&A e consultor em cidadania corporativa.

Recursos humanos

As ações implementadas e desenvolvidas no terceiro setor não têm um ciclo, pois o foco recai sobre o ser humano de modo integral – diferentemente do segundo setor, no qual a venda, em geral, fecha o ciclo. Essa é a opinião de Martinelli, para quem a área responsável pela gestão dos recursos humanos é a que reflete mais sensivelmente os valores da empresa. “”Dificilmente uma organização vai ter sucesso no trabalho social se a política de RH não for boa, pois estão muito ligadas. É fundamental que, antes de promover algum projeto social, o board saiba o quanto isso vai mudar a gestão da empresa. Se não for assim, vira bom mocismo sem consistência””, acredita.

Fernando Rossetti, secretário geral do GIFE e mediador do encontro, questionou qual seria, na opinião dos debatedores, o principal desafio para o gestor do ISP. Mais do que isso, levantou temas imprescindíveis a serem contemplados pelo Curso Avançado de Gestão do Investimento Social Privado.

Para Evelyn Ioschpe, por exemplo, o principal desafio de quem trabalha com o terceiro setor e ISP atualmente é vislumbrar as possibilidades de ´escalabilidade´ do projeto. Isto é, se a ação poderá ser projetada em escala ou não.

“”O segundo desafio, eu diria, é a avaliação e o monitoramento. O que nos falta ainda hoje é a existência de uma mensuração que nós mesmos, profissionais da área, possamos respeitar. Falta meta-análise de dados, que cruzem os avanços e aprendizados que já obtivemos nessa área””.

Mas a principal contribuição do curso encontra-se no âmbito da gestão dos recursos humanos, que incluem o próprio gestor. “”As grandes questões que se abrem de forma geral, e mesmo dentro das empresas, são sustentabilidade, globalização, impacto e modelo de negócio. São os grandes temas capazes de impactar significativamente o negócio””, diz Margarida Ramos, explicando que esse cenário vai exigir uma melhor qualificação e posicionamento das empresas, forçando-as a se aproximar cada vez mais do seu braço social. “”Porque nós já temos uma prática e já detemos o conhecimento de que a empresa precisa. Enquanto o relacionamento das empresas com seus públicos é cada vez mais complexo, o terceiro setor já tem uma prática de diálogo e de parcerias. O curso vem em um momento muito oportuno porque vai ajudar as empresas a se beneficiarem desse know-how acumulado””.

Sobre o Curso

A apresentação do Curso Avançado de Gestão do Investimento Privado, ao final do debate, coube ao professor Ismael Rocha. “”Trata-se de um marco importante: trazer o que tem de melhor em cada organização para estruturar o curso que apresentamos hoje””.

O curso começa em agosto, com duração de 240 horas/aula (aproximadamente dez meses), e visa capacitar e formar gestores para atuar com o profissionalismo característico do mercado, a sensibilidade social típica do terceiro setor e a visão pública da área.

O programa é voltado a funcionários de institutos, fundações e empresas, que praticam o Investimento Social Privado, executivos que buscam maior capacitação para implantar e gerenciar projetos sociais empresariais e interessados que buscam oportunidades no setor.

As principais disciplinas são: Cenários e Conceitos; Fundamentos da Administração; Ferramentas e Gestão Estratégica e Política. O corpo docente é formado por nomes como: Wanda Engels (Instituto Unibanco), Cenise Vicente (Unicef), Fernando Rossetti (GIFE), Ismael Rocha (ESPM) e Eduardo Szazi, especialista em terceiro setor.

Para mais informações e inscrições: (11) 5081-8225/ [email protected]

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