GIFE, Ashoka, Avina e Ethos lançam mapeamento inédito sobre alianças e parcerias

Por: GIFE| Notícias| 24/10/2004

MÔNICA HERCULANO
Repórter do redeGIFE

Nesta quinta-feira (28/10), após o Encontro GIFE 2004, acontece em São Paulo (SP) o lançamento do site da Aliança Capoava (www.aliancacapoava.org.br). Além de informações sobre a iniciativa, o endereço disponibilizará um mapeamento inédito das publicações brasileiras sobre alianças e parcerias entre organizações da sociedade civil e empresas.

São 106 obras identificadas e organizadas por região, tipo e ano de edição. Parte delas tiveram resumos elaborados. O levantamento bibliográfico incluiu publicações apresentadas nos últimos 10 anos, como artigos online, cadernos e periódicos, livros, materiais de congressos e seminários, publicações institucionais, relatórios de pesquisa, teses e dissertações. As fontes foram bancos de dados de teses, organismos de pesquisa, catálogos de editoras e livrarias e bibliotecas universitárias. Pesquisadores e especialistas no tema também foram contatados para que fizessem indicações de títulos.

“”A pesquisa será contínua. Esperamos que o site ajude a construir um diálogo permanente sobre a produção de conhecimento no tema e que novos trabalhos nos sejam enviados””, afirma Cristina Meirelles, coordenadora da Aliança Capoava. Ela conta que a sistematização e a disseminação do conhecimento sobre alianças e parcerias são as linhas de ação do grupo Capoava e foram prioridades em 2004. “”A partir desta etapa diagnóstica pretendemos desenvolver ferramentas para monitoramento e avaliação de parcerias e alianças, organizar fóruns e encontros, disseminar o tema, construir pautas de comunicação, entre outras ações.””

A segunda etapa do projeto, que deve estar disponível em janeiro, inclui a análise das publicações à luz de algumas categorias temáticas (diagnóstico, conceito, características, objetivos, processo de formação, formas de gestão, critérios de avaliação de alianças e parcerias, entre outras) e entrevistas com organizações que tenham prática no desenvolvimento de parcerias e alianças.

Iniciativa – O levantamento que a partir desta semana estará disponível para todos os interessados, segundo Geraldinho Vieira, representante da Fundação Avina no Brasil (região sudeste e Distrito Federal), é apenas um ponto de partida para o desenho de estratégias de mobilização da sociedade. “”Tanto no sentido de aumentar o universo de relações intersetoriais, quanto no de lançar um olhar construtivamente mais crítico sobre a qualidade das parcerias, seus princípios éticos, suas relações de poder, seus potenciais e sua avaliação permanente.””

A Aliança Capoava foi criada oficialmente em agosto de 2002, pela Fundação Avina, o GIFE, a Ashoka Empreendedores Sociais e o Instituto Ethos. Sua missão é gerar uma mítica positiva pela construção e o fortalecimento de parcerias e alianças entre as lideranças e organizações da sociedade civil e do setor empresarial, em busca de maior impacto em suas ações.

Para isso, segue os objetivos de aumentar as bases de conhecimento e confiança mútua entre essas lideranças e instituições, disseminar o papel estratégico das parcerias e alianças, promover o seu aperfeiçoamento e contribuir para o desenvolvimento da cultura de avaliação.

Uma Carta de Princípios estabelece os valores comuns aos membros da Aliança Capoava, que fundamentam as relações pessoais e institucionais de cooperação recíproca, orientando as iniciativas de cada organização no que diz respeito à missão e aos objetivos do grupo. Ela aborda ética, confiança, transparência, democracia, bens comuns, respeito à autonomia, valorização da diversidade, interdependência e aprendizagem.

“”As quatro instituições que compõem a Aliança Capoava perceberam que poderiam multiplicar o impacto de suas ações se unissem esforços para ampliar suas capacidades de estimular, no Brasil, um ânimo mais positivo e qualitativo quanto às parcerias entre as chamadas ONGs e as organizações empresariais e/ou de origem empresarial””, explica Geraldinho Vieira.

Todas elas buscam ter o tema alianças e parcerias intersetoriais como prática cotidiana e estratégia fundamental para o seu desenvolvimento e do terceiro setor brasileiro. “”Em uma realidade tão complexa quanto a que vivemos, não há praticamente nenhuma ação que possa ser desenvolvida sem a interação com outros setores””, afirma Vivianne Naigeborin, diretora internacional de parcerias estratégicas da Ashoka.

A atuação conjunta das organizações participantes deste grupo, completa ela, poderá viabilizar mais rapidamente a abertura de novos canais de interlocução entre os distintos setores. “”Com isso, contribui-se para a construção, disseminação e o fortalecimento de parcerias e alianças intersetoriais mais qualificadas e de maior impacto social em nosso país.””

Rebecca Raposo, diretora executiva do GIFE, conta que a iniciativa original de reunir as quatro organizações foi recebida com grande entusiasmo. “”Participar da Aliança Capoava foi uma decisão natural, pela oportunidade que oferece de enriquecimento da atuação destas organizações no tema parceria. O que une essas entidades é a crença de que a colaboração entre as organizações sociais e o mundo privado é estratégica para o desenvolvimento da sociedade. Dentre os vários compromissos assumidos pelos aliados está a transversalidade do tema nas agendas das respectivas instituições.””

Interação – Para Rebecca, o maior obstáculo deste tipo de atuação é que o estabelecimento de uma aliança ou parceria é necessariamente uma construção complexa, que exige confiança, dedicação, flexibilidade e abertura para o novo. Além disso, lembra a coordenadora do grupo, Cristina Meirelles, um aspecto a ser ultrapassado é a disponibilização de tempo na agenda dos envolvidos, para a construção do vínculo e da identidade de um trabalho em conjunto.

“”Isso tem sido superado por meio do estabelecimento de um sistema de governança que instituiu, entre outras instâncias, um Comitê Gestor, cuja orientação é feita em sistema de revezamento entre as quatro instituições, e uma coordenação executiva””, explica Cristina.

De acordo com o diretor executivo do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, as organizações que formam a Aliança conseguiram criar uma dinâmica de trabalho conjunto que experimenta na prática como se relacionar em parceria. “”Implementamos o sistema de governança compartilhada, definimos a nossa missão, as principais linhas de atuação, os objetivos estratégicos prioritários e a Carta de Princípios, que rege os valores comuns.””

Itacarambi entende que as dificuldades encontradas nesses dois anos de trabalho foram de natureza institucional, porque cada uma das entidades tem processos distintos, que funcionam bem na gestão de suas atividades próprias, mas que precisam ser negociados e às vezes reformulados para atender os interesses do grupo. “”A superação das dificuldades se dá com diálogo, transparência, humildade e persistência. E, sem dúvida, o resultado de um processo como o que estamos construindo juntos na Aliança Capoava é muito gratificante para cada um de nós. Esperamos que ele seja inspirador para a sociedade.””

Tanto o sistema de governança para a Aliança quanto a sua Carta de Princípios sobre as relações das instituições participantes foram elaborados após uma reunião de dois dias em um hotel que inspirou o batizado da iniciativa. O local tinha no nome a palavra capoava, que em tupi significa “”terra boa para o plantio e para a colheita””.

Neste encontro, as quatro organizações expuseram todas as suas limitações, constrangimentos institucionais, expectativas e receios, buscando superar os obstáculos e fazer valer a iniciativa. Elas fizeram um diagnóstico sobre a importância do tema para a sociedade e como ele se colocava na missão de cada uma das instituições.

“”Acreditamos que o início de uma aliança deve considerar as expectativas humanas, e não apenas as institucionais. Deve considerar se há na história das organizações envolvidas qualquer mal-estar recíproco que possa ser reavaliado. Saímos desta reunião com um grau de amizade pessoal e alinhamento institucional impressionantes, e isso alimenta de forma positiva os dois anos em que estamos caminhando juntos””, conta Geraldinho Vieira.

Para ele, as parceiras estão, de alguma maneira, desafiando a si próprias para o aprendizado daquilo em que acreditam e que querem mobilizar. “”Se contribuirmos para criar uma cultura onde muitos modelos de parcerias e alianças possam ser experimentados, ajudarmos a romper padrões de parceria eticamente indesejáveis e mobilizarmos a criação de ferramentas que permitam aos atores sociais melhor analisar suas relações, estaremos satisfeitos””, afirma.

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