MÔNICA HERCULANO

De 1996 a 2001, foram investidos R$ 1,7 bilhão em ações culturais no Brasil, via leis de incentivo fiscal, como Rouanet e do Audiovisual. Esse montante e a sua destinação têm levantado o debate sobre a utilização desses incentivos na cultura. Além disso, é freqüente a discussão a respeito da importância do planejamento e de uma política de investimentos culturais, do papel das empresas no processo de estímulo a essas ações e da diferença dos conceitos de responsabilidade social e investimento privado em cultura.

Para esclarecer esses assuntos e promover a troca de experiências sobre a participação das organizações no desenvolvimento da cultura no país, o GIFE, o Centro de Estudos do Terceiro Setor e o Centro de Estudos da Cultura e do Consumo, ambos da Fundação Getúlio Vargas/EAESP, e o Instituto Pensarte promovem, no próximo dia 31 de outubro, em São Paulo (SP), o seminário Cultura e Investimento Social Privado.

Temas como a questão da cultura como fator estratégico para o desenvolvimento social, inserção da iniciativa privada na política cultural, análise crítica das finalidades e resultados dos investimentos privados em cultura, propósitos e diferenças entre os incentivos culturais e sociais e demonstração das alternativas de financiamento empresarial serão apresentados em três conferências.

O presidente do Instituto Pensarte, Leonardo Brant, que levantou os números do início da reportagem, lembra que na última década o investimento em cultura atingiu seu ápice no Brasil, impulsionado principalmente pelas leis de incentivo. “”No entanto, a parceria entre o setor público e privado para o desenvolvimento da sociedade brasileira ainda precisa ser aprimorada. O marketing cultural está, aos poucos, dando lugar às ações que tenham o investimento social privado como referência. Assim, a empresa desenvolve uma parceria ética, pautada por seu compromisso social””, explica Brant. Para ele, o seminário oferecerá ferramentas e técnicas necessárias para as empresas se envolverem de maneira eficaz nesse cenário.

Em entrevista concedida ao redeGIFE no mês de agosto, Brant – que será um dos conferencistas – explicou a importância do desenvolvimento de uma política privada capaz de atuar diretamente no interesse da sociedade, buscando oferecer alternativas viáveis para o desenvolvimento social por meio da cultura (clique aqui para ler a entrevista).

Luiz Carlos Merege, coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor da FGV, concorda com Brant. “”Tanto para o setor privado como para as organizações do terceiro setor, discutir os rumos da política cultural e das leis de incentivo é fundamental para a ampliação do acesso à cultura por grande parte da população brasileira””, afirma.

Além de Merege, o presidente do GIFE, Léo Voigt, fará a abertura do evento. Entre os participantes das mesas de debates estão Gina Machado, da Vitae, Paulo Itacarambi, do Instituto Ethos, Anna Cynthia de Oliveira, do Centro de Estudos do Terceiro Setor/FGV, Fábio de Sá Cesnik, do Instituto Pensarte, e José Carlos Durand, do Centro de Estudos da Cultura e do Consumo da FGV/EASP.

Para a gerente do Núcleo de Capacitação e Mobilização do GIFE, Heloísa Occhiuze, a realização de eventos como esse ajuda a promover e a garantir a conservação de um patrimônio absoluto. “”Investir em cultura é trabalhar em favor do desenvolvimento social. Quem promove cultura está favorecendo a humanização do homem””, diz.

No encerramento do seminário haverá exposição de casos, apresentação de alternativas de investimento privado na área e debate sobre planejamento estratégico de investimento e sua relação com a política cultural pública. Participam dessa mesa Ronaldo Bianchi, do Instituto Itaú Cultural, e Marcos Barreto Corrêa, da Telemig Celular.

O evento acontece no Salão Nobre da Fundação Getúlio Vargas, das 8h30 às 18h do dia 31 de outubro. As inscrições estão abertas e, até o dia 18/10, podem ser feitas com 25% de desconto. Clique aqui para mais informações.