O ano de 2015 foi de trabalho intenso e realizações no GIFE para colocar em práticas as várias ações traçadas no seu planejamento de 2014, tendo como base as agendas estratégicas estabelecidas, que se tornaram elementos estruturantes das iniciativas no ano. Os frutos apareceram e muitas conquistas foram realizadas, fortalecendo ainda mais o campo do investimento social privado no país.

Um dos principais destaques, como não poderia deixar de ser, foi a comemoração aos 20 anos da organização e todas as iniciativas realizadas neste sentido. Entre elas está o III Evento de Presidentes e Principais Executivos do GIFE, no qual foi lançado o documentário ‘Em Movimento: 20 anos de Investimento Social no Brasil’ (clique aqui para assistir).

A partir do resgate de reportagens, o vídeo relembra os principais acontecimentos do desenvolvimento da sociedade civil no Brasil em 20 anos. Toda a história é também entrecortada pelos comentários e depoimentos de profissionais do ISP que vivenciaram estes momentos e trazem suas opiniões a respeito de momentos marcantes.

Andre Degenszajn, secretário-geral do GIFE, destaca a importância da comemoração aos 20 anos da organização, para estabelecer um momento de conexão entre o passado e o presente e pensar o futuro. “O GIFE tem que ir mudando junto com a conjuntura do país e com as demandas sociais. Assim, ter a clareza do sentido da sua criação, da pertinência que teve na década de 90 e nos anos 2000, ajuda a projetar os próximos anos”, destaca, lembrando que o investimento social está num momento de transição.

“Os pioneiros estão se aposentando e uma nova geração está assumindo, sem conhecer esta história. Por isso, o vídeo se torna importante. É possível perceber que ocorreram muitas transformações no Brasil nestes 20 anos e os investidores sociais precisam acompanhar esse movimento. O documentário ajuda a fazer essa reflexão”, comenta.

Como parte da comemoração pelas duas décadas, o GIFE lançou ainda o Fundo BIS, que visa apoiar iniciativas que contribuam para ampliar o volume de doações no país. A proposta surgiu de um grupo de organizações a partir da constatação de que há um volume ainda tímido de doações no Brasil. Para concretizá-lo, o GIFE estimulará investidores sociais e interessados no tema a doarem 1% de seus orçamentos para o Fundo, que será gerido pelo banco JPMorgan, associado ao GIFE.

O Fundo não apoiará projetos de organizações, mas financiará iniciativas que gerem benefícios coletivos para aperfeiçoar o ambiente para as doações no país, como o desenvolvimento de pesquisas e campanhas, por exemplo.

Novidades

Em 2015, a Comunicação do GIFE também se fortaleceu, se tornando estratégica para as iniciativas da organização. O novo site entrou no ar, garantindo um espaço ainda mais qualificado para fortalecer e disseminar o investimento social privado. A nova plataforma virtual veio agregar à presença do GIFE nos meios digitais, que já contava com uma página no Facebook, Youtube, Twitter, Picassa e Issu, e que ganharam também novos materiais e mais publicações.

“Precisávamos de um espaço que permitisse compartilharmos mais conhecimento, assim como estabelecer uma relação de diálogo e de troca com todos aqueles interessados no investimento social privado. A ideia é fortalecer também cada vez mais a Rede GIFE e garantirmos mais transparência em tudo o que fazemos”, comenta Mariana Moraes, coordenadora de Comunicação do GIFE, destacando ainda a série de debates online promovidos ao longo do ano, sobre temáticas relevantes para a área.

Entre os debates, foram discutidas questões como as leis de incentivo na área de Saúde, o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil e a interface do ISP e os negócios sociais.

O secretário-geral do GIFE enfatiza ainda que o Núcleo de Conhecimento do GIFE também se fortaleceu e ganhou um espaço central na estratégia da organização, entendendo que o “conhecimento” pode servir como insumo para a incidência interna – qualificação do investimento social – quanto para a incidência externa do GIFE – advocacy.

Neste sentido, alguns produtos foram lançados, como o novo Censo – principal pesquisa sobre investimento social privado no Brasil; a plataforma Sinapse – hub de publicações; a pesquisa Retratos do Investimento Social Familiar no Brasil – que traça um perfil sobre o setor; além de outros estudos em andamento.

Já no âmbito na articulação com os associados, 2015 marcou um novo modelo de trabalho com as redes temáticas, ambientes de diálogo que reúne investidores sociais, afim de aprofundar temas específicos do investimento social. Neste ano, cada rede passou a contar com dois associados coordenadores, que são responsáveis, junto com um núcleo fixo formado por outros investidores, a planejar os encontros, inclusive articulando convidados externos para colaborar nas discussões, como especialistas, consultores e pesquisadores.

Mais de 475 participantes estiveram presentes nos 15 encontros promovidos pelas cinco redes temáticas do GIFE: Saúde, Políticas Públicas, Desenvolvimento Local, Garantia de Direitos e Leitura e Escrita de Qualidade para Todos.

Além das redes, outros espaços de diálogo foram fomentados ao longo do ano, como o encontro promovido pelo GIFE, IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e WINGS (Worldwide Initiative for Grantmaker Support) para discutir a relação do investimento social privado e a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), além da participação do Grupo de Diálogo Mineração, Democracia e Desenvolvimento Sustentável (GDM) – do qual o GIFE é um dos coordenadores – na Conferência Ethos.

O GIFE e associados também marcaram presença em importantes espaços de articulação internacionais, como o Global Philanthropy Forum, a Conferência Anual do Council on Foundations e o ComNet – The Communications Network Annual Conference, conferência internacional de comunicação na área social.

Tendências e desafios

O ano de 2015 contou também com momentos desafiantes para o investimento social privado no país e que devem influenciar o andamento das ações para os próximos anos.

Segundo o secretário-geral do GIFE, uma das tendências observadas é o movimento que tem se intensificado da co-parceria entre os próprios investidores sociais, assim como a articulação entre os institutos e fundações com os negócios das empresas.

Outro aspecto central, lembra Andre Degenszajn, é refletir sobre de que forma alguns acontecimentos do país neste ano – como as denúncias de corrupção em empresas, assim como o desastre ocorrido em Mariana (MG) devido ao rompimento das barragens administradas pela Samarco – têm impacto direto no investimento social privado.

“Foram uma série de ocorridos que mostraram uma postura das empresas muito distante dos princípios e discursos da responsabilidade social. Isso também oferece um risco ao ISP. Não dá para sustentar que trata-se apenas de uma questão da empresa e que os institutos e fundações não têm nada a ver com isso, sendo que há um movimento de alinhamento deles com o negócio. É preciso refletir sobre estes impactos”, disse.

Em sua avaliação, trata-se de um ano em que as práticas no campo são desafiadas, sendo colocada em cheque a eficácia dos dispositivos que foram criados nos últimos. “Há uma confiança menor da sociedade nas iniciativas que partem da autoregulação. A tendência é que se invista mais em controle e regulação. É um desafio que está sendo lançado e é preciso encontrar caminhos para trazer respostas à sociedade”, acredita o secretário-geral do GIFE.

Outra tendência observada em 2015 é o avanço das discussões sobre a cultura de doação, com destaque para a importância da ampliação neste campo. O Fundo BIS, inclusive, vem trazer algumas respostas neste sentido, mas outras organizações têm também investindo sistematicamente na área, que ganhou visibilidade no ano.

Perspectivas

O ano de 2016 também será intenso no GIFE. Logo no começo do ano, será promovida a 9ª edição do Congresso GIFE, que irá discutir “o sentido público do investimento social privado”.

O Congresso acontecerá do dia 30 de março a 01 de abril, em São Paulo, cidade onde se concentra a maior parte dos investidores sociais do Brasil. A escolha da capital paulista como sede do próximo encontro marca a intenção do GIFE em ampliar a participação de lideranças nacionais e internacionais.

Entre programação oficial e atividades abertas, a 9ª edição pretende reunir 1.000 pessoas interessadas em discutir as principais questões colocadas hoje ao investimento social brasileiro.