GIFE lança guias GrantCrafts sobre relacionamento com o Governo e Comunicação de Impacto

Por: GIFE| Notícias| 01/07/2013

O GIFE lançou esta semana, com o apoio da Fundação Ford, dois guias que prometem qualificar o trabalho de investidores sociais no que diz respeito à comunicação de impacto e ao relacionamento com o governo. O material, exclusivamente online, está disponível na área de publicações do site do GIFE.

Originalmente em inglês, os guias, que são chamados de GrantCrafts, são publicações do Foundation Center (EUA) e o European Foundation Centre que abordam com linguagem simples temas atuais, relevantes e amplamente aplicáveis na prática de todos os investidores sociais. O GIFE possui uma parceria com essas organizações para que as publicações sejam traduzidas e adaptadas à realidade Brasil.

“”Estamos entusiasmados com a parceria com GIFE na tradução desses dois guias GrantCraft. Com 38 guias traduzidos para outros idiomas, somos capazes de nos envolver com um mix cada vez mais global de investidores sociais. A idéia é continuar compartilhando temas importantes em todo o mundo”, afirma o diretor do da iniciativa GrantCraft no Foudation Center, Jen Bokoff.

A escolha desses dois primeiros temas para a versão em português está relacionada com a Visão GIFE do Investimento Social Privado para 2020, lançada em 2010 para o desenvolvimento do setor. Entre os três eixos que compõem a visão estão: relevância e legitimidade; abrangência de atuação e; diversidade do Investimento Social. Assim, relacionamento com o governo e comunicação de impacto são transversais o bastante para contemplar essas três dimensões.

“Os temas que escolhemos para adaptar estão muito presente na realidade brasileira. Apesar de originalmente serem voltados aos grantmakers, o conteúdo cabe perfeitamente para auxiliar a gestão de todos os investidores sociais, tanto os que financiam como aqueles que executam seus projetos.”, explica o secretário-geral do GIFE, Andre Degenzajn.

Ainda este ano um novo guia será traduzido com o apoio do Instituto Walt-Mart, sobre investimento em equidade de gênero. “Outras quatro publicações também serão lançadas em português até o fim do próximo ano. Acreditamos que elas podem dar boas orientações para os nossos associados, tal como investidores em geral”, garante a coordenadora de conhecimento do GIFE, Pamela Ribeiro.

Relacionamento com o Governo

O Guia “Trabalhando com o Governo” contribui com a gestão das parcerias estabelecidas por investidores sociais com o governo, quando identifica possíveis limitações e oportunidades ao se trabalhar com esses atores, tal como evitar conflitos, aproveitando a parceria da melhor forma.

A publicação destaca principalmente a importância do entendimento da realidade do parceiro e da limitação de cada ator, principalmente no que se refere aos prazos trabalhados no setor público. Ao se colocar no lugar do outro, o investidor social pode entender certas atitudes e consegue lidar com elas de forma mais tranquila.

Comunicação de Impacto
A publicação “Usando a comunicação para obter impacto” mostra como os investidores sociais precisam da comunicação para cumprir as metas de seus programas, estabelecendo uma relação eficaz com seus beneficiados, parceiros, doadores e outras partes interessadas.

Ainda traz à discussão o desenvolvimento de estratégias, estruturação de programas, gestão de relacionamento, o uso de novas mídias e a avaliação de atividades de comunicação. E nos relatos dos entrevistados mostra como, muitas vezes, mesmo organizações gigantescas esquecem de leis básicas de comunicação ao realizar seus programas.

Brasil
Os guias traduzidos apresentam casos marcantes de investidores sociais norte-americanos e europeus relacionados para cada tema, para explorar os desafios e analisar as possibilidades em cada situação. Visando aproximar os assuntos ao cenário brasileiro, o redeGIFE perguntou para algumas organizações locais quais foram os aprendizados em determinadas situações de relacionamento com o governo e estratégia de comunicação de impacto.

Governo
A Brava, organização que apoia projetos de melhoria da gestão pública como forma de desenvolvimento do Brasil, trabalha continuamente com todas as esferas do Governo. O desafio descrito pela organização ao se envolver com o setor público é garantir a priorização do que é previsto em uma parceria, já que o governo trabalha com uma série de obstáculos e intervenções não planejadas que necessitam de resoluções muitas vezes imediatas.

Para a coordenadora de projetos, Miriam Ascenso, é possível atenuar essa dificuldade em se manter os prazos com o reforço repetidamente do propósito da parceria, o alinhamento das expectativas, os prazos e as responsabilizações pelas ações. “Nesse âmbito, definir entregas e reuniões, por exemplo, com uma antecedência significativa previne atrasos e cancelamentos repentinos, uma vez que há menores espaços para argumentação e, portanto, menores incentivos para tais. Esses obstáculos são inerentes ao dia-a-dia do estado e governantes e o esforço, portanto, não deve ser em buscar soluções para que elas inexistam, mas sim encontrar os melhores caminhos para amenizá-las.”

Assim como descrito no guia GrantCraft, Miriam relata que a principal cuidado entre a parceria do investidor social e o governo é a compreensão da dinâmica de funcionamento dos órgãos públicos. “Estabelecer rotinas de interação reforça a importância da parceria e os benefícios que serão gerados por ela”, explica Miriam.

O Instituto Holcim, organização que trabalha com o desenvolvimento das localidades onde a mantenedora atua, também trabalha em parceria com governos locais para melhor execução de seus projetos. Em uma ocasião, conta a gerente de responsabilidade social do Instituto, Juliana Andrigueto, a prefeitura local teve que demitir alguns profissionais e por conta disso, queria retirar alguns deles cedidos ao projeto em parceria com o Instituto, o que acarretaria a paralização total das atividades que estavam sendo realizadas.

“Buscamos o diálogo com o órgão público para reforçar a importância da parceria e os impactos negativos que essa medida resultaria para a comunidade. A prefeitura então remanejou os profissionais de outros setores para o nosso projeto. A confiança e o respeito com que os profissionais cedidos ao projeto têm em relação ao Instituto Holcim facilitou a comunicação e agilizou a busca por uma solução”, explicou Juliana.

Impacto
Em relação ao tema comunicação de impacto, a Fundação Tide Setubal possui experiência, em uma de suas linhas de atuação, com a mobilização e articulação de diferentes atores (moradores, lideranças, poder público) para debater as demandas da comunidade e encontrar caminhos que possam melhorar, por meio de estratégias de comunicação, a oferta de serviços públicos nas mais diferentes áreas do território.

Para isso, a fundação realiza há três anos, o Fórum de Moradores do Jardim Lapenna (zona leste de São Paulo) que fortalece e qualifica a participação da população por meio de ações de comunicação comunitária protagonizadas por jovens, com a produção de material educativo. O coordenador da Fundação Tide Setubal, José Luiz Adeve, explica que o projeto conta com uma rádio de rua com programação de interesse comunitário e com um jornal produzido pela própria população local.

“A comunicação é mobilizadora. Temos que ter disposição para perceber os significados dos movimentos sociais e utilizar a comunicação como instrumento de construção e ação de impacto”, conclui Adeve.

Para a gerente da área de desenvolvimento institucional e comunitário do Instituto C&A, Janaína Jatobá, a parceria com organizações que trabalham com a comunicação de impacto também representa resultados positivos na atuação do próprio Instituto. Assim, a organização apoia iniciativas que possam ampliar a capacidade de comunicação das organizações, como por exemplo, programas de desenvolvimento institucional das organizações sociais, envolvendo apoio financeiro e técnico.

“Entendemos também que as ações de comunicação ampliam a legitimidade, o poder de mobilização e de influência destas organizações, com isso aumentando seu impacto social”, afirma Janaína.

O Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICom), fundação que promove o desenvolvimento comunitário em Santa Catarina, desenvolveu dois projetos relacionados ao impacto de comunicação e informação. Ambos receberam o apoio do Instituto C&A. O primeiro deles, o Portal Transparência, é uma base de dados e informações de organizações sociais comprometidas com a transparência e com o fortalecimento institucional de sua entidade. O segundo, o Programa Social Good Brasil, tem como objetivo inspirar, conectar e apoiar iniciativas que usam tecnologias para contribuir com as soluções de problemas sociais.

“O ICom busca co-criar seus projetos com parceiros e o público-alvo para garantir que o projeto seja relevante, desejável e viável. Aprendemos que o investimento feito em comunicação tem um efeito importante de atração de publico, e multiplicador, dando escala baseado no exemplo. Comunicar o que se faz, compartilhar de forma aberta metodologias e know-how é uma ética no setor social, para que um conhecimento gerado possa mais facilmente percorrer outros projetos com intenções de impacto social.”, conclui a gerente para inovação social do Icom, Carolina de Andrade.

Clique aqui para acessar o Guia “”Trabalhando com o Governo””.

Clique aqui para acessar o Guia “”Usando a Comunicação para Obter Impacto””.

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